terça-feira, 27 de outubro de 2015

Enem inferniza Bolsonaro e Feliciano

Por Altamiro Borges

O Exame Nacional do Ensino Médio, que mobilizou mais de 7 milhões de estudantes neste final de semana, continua causando delírios extremados nos reacionários de plantão. Nos dois dias de provas foram abordados vários temas de interesse da sociedade. E, pela primeira vez na sua história, o Enem tratou de forma madura da questão do machismo. Um texto de Simone de Beavouir foi utilizado e o tema da redação foi a persistência da violência contra as mulheres no Brasil. De imediato, figurinhas medievais, como o deputado Jair Bolsonaro e o "pastor" e deputado Marco Feliciano, invadiram as redes sociais com as suas mensagens de intolerância, preconceito e ódio.

"Parabéns aos participantes do Enen (sic). Pena que não podemos dizer o mesmo em relação ao MEC responsável pela elaboração das questões das provas... Infelizmente o que é para ser um momento de jubilo entre toda a sociedade, mais uma vez se torna instrumento para que alguns infiltrados mostrem as suas garras fétidas e invistam sobre a formação intelectual da nossa juventude", postou o agressivo e ignorante pastor Marco Feliciano (Enen?). No mesmo rumo, o deputado Jair Bolsonaro esbravejou: "Mais ou tão grave quanto a corrupção é a doutrinação imposta pelo PT junto a nossa juventude. O sonho petista em querer nos transformar em idiotas materializa-se em várias questão do Enem".

Felizmente, estes e outros fascistoides ainda não assaltaram o poder. Se dependesse deles, o Exame Nacional do Ensino Médio tentaria enaltecer a queima de livros e os campos de concentração durante o nazismo de Adolf Hitler; faria elogios ao período sombrio das torturas e assassinatos na ditadura militar no Brasil; ou forçaria os jovens a participarem de cultos fundamentalistas antes das provas. Os termos machismo, racismo ou homofobia seriam sumariamente extintos do exame. E todos os jovens participantes do Enem teriam garantido o acesso ao paraíso celestial... de preferência num Porsche do "evangélico" Eduardo Cunha, que mantém relações carnais com Jair Bolsonaro, Marco Feliciano e os outros integrantes da bancada do BBB (Bíblia, Bala e Boi) na Câmara Federal.

Em tempo: Senti a ausência de comentários hidrófobos sobre o Enem de outro personagem medieval, o pastor Silas Malafaia. Talvez ele esteja mais preocupado com as suas "obras". Na sexta-feira (23), a revista Época revelou que a Central Gospel, de sua propriedade, está em crise e demitiu 40% dos seus funcionários. "Além de bíblias e livros religiosos, a empresa de Malafaia também vende cosméticos". Ou, quem sabe, ele estivesse reunido com os seus advogados, já que o Tribunal Regional Federal da 3ª Região determinou a retomada do processo que o Ministério Público moveu contra o pastor por suas declarações homofóbicas no programa "Vitória em Cristo", exibido pela Band em julho de 2011. 

Segundo o Jornal do Brasil, "a decisão anula sentença da primeira instância que havia determinado a extinção da ação civil pública sem julgamento do mérito. O MPF, por meio da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão em São Paulo, pede a retratação do pastor, que usou expressões de incitação à violência contra homossexuais ao criticar o uso de símbolos religiosos na Parada do Orgulho LGBT daquele ano". Na ocasião, Silas Malafaia pediu para "baixar o porrete nestes caras". Agora, o pastor do ódio terá que se retratar. Talvez isto explique porque ele também não babou contra o Enem! 

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