Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
O juiz Sérgio Moro vai cometer um disparate hoje.
Ele vai participar, como convidado de honra, de um seminário promovido pela ANER, associação que faz o lobby das revistas.
A ANER é controlada pela maior editora de revistas, a Abril.
Moro, como juiz, deveria recusar este convite por significar conflito de interesses. A não ser que ele considere editoras de revistas acima da lei.
Num mundo menos imperfeito, Justiça e imprensa se autofiscalizam, a uma distância exigida pela decência.
Mas no Brasil elas se abraçam e confraternizam, como se vê em coisas como as alegres imagens em que Merval e Gilmar Mendes sorriem para as câmaras como dois bons camaradas.
Moro já tropeçou uma vez nisso ao aceitar um prêmio da Globo. É abjeta, do ponto de vista ético, a foto em que ele e João Roberto Marinho estão juntos no palco na entrega do prêmio.
Como Moro poderia julgar qualquer coisa relativa à Globo depois disso? Com que isenção?
Sua presença num evento da Abril é ainda pior, dada a ostensiva e frequentemente desonesta perseguição movida pela Veja contra Lula e o PT.
Moro está simbolicamente chancelando a atitude da Veja. Está sendo partidário, o que é o túmulo da Justiça.
Ridículo também é o tema sobre que ele aceitou palestrar no encontro: o papel da imprensa na Lava Jato.
Moro não tem a menor condição de discutir este assunto. Se soubesse alguma coisa sobre o tema, diria sinteticamente: “Jornais e revistas têm que fazer o oposto do que vem fazendo. Devem apurar com profundidade e isenção, e não podem confiar cegamente em fontes que passam vazamentos sempre contra um lado só. Vocês viram o que aconteceu com o Lauro Jardim? Pois é. Façam o oposto do Lauro e de tantos outros.”
Me pergunto, às vezes, se Moro não tem noção.
Mas sim, ele tem, e isso torna pior o quadro. Uma prova disso é que ele recusou, nestes mesmos dias, uma homenagem do Congresso.
Alegou que investiga muitos ali.
Seria louvável, se isso fosse uma norma para ele. Como não é, a suspeita que fica é que, na verdade, ele estava fugindo de alguma cena potencialmente constrangedora. Por exemplo, palavras de ira de algum deputado que se considere injustiçado pela Lava Jato.
Moro é seletivo até na hora de receber tributos.
Este da ANER é particularmente ofensivo para a sociedade. Quando juízes servem a interesses políticos, quem perde somos todos nós.
Alguns dão a isso o nome de bolivarianismo.
Não me ocorre definição melhor quando um juiz se junta a uma festa organizada por uma revista que representa no grau extremo a partidarização da notícia.
Ele vai participar, como convidado de honra, de um seminário promovido pela ANER, associação que faz o lobby das revistas.
A ANER é controlada pela maior editora de revistas, a Abril.
Moro, como juiz, deveria recusar este convite por significar conflito de interesses. A não ser que ele considere editoras de revistas acima da lei.
Num mundo menos imperfeito, Justiça e imprensa se autofiscalizam, a uma distância exigida pela decência.
Mas no Brasil elas se abraçam e confraternizam, como se vê em coisas como as alegres imagens em que Merval e Gilmar Mendes sorriem para as câmaras como dois bons camaradas.
Moro já tropeçou uma vez nisso ao aceitar um prêmio da Globo. É abjeta, do ponto de vista ético, a foto em que ele e João Roberto Marinho estão juntos no palco na entrega do prêmio.
Como Moro poderia julgar qualquer coisa relativa à Globo depois disso? Com que isenção?
Sua presença num evento da Abril é ainda pior, dada a ostensiva e frequentemente desonesta perseguição movida pela Veja contra Lula e o PT.
Moro está simbolicamente chancelando a atitude da Veja. Está sendo partidário, o que é o túmulo da Justiça.
Ridículo também é o tema sobre que ele aceitou palestrar no encontro: o papel da imprensa na Lava Jato.
Moro não tem a menor condição de discutir este assunto. Se soubesse alguma coisa sobre o tema, diria sinteticamente: “Jornais e revistas têm que fazer o oposto do que vem fazendo. Devem apurar com profundidade e isenção, e não podem confiar cegamente em fontes que passam vazamentos sempre contra um lado só. Vocês viram o que aconteceu com o Lauro Jardim? Pois é. Façam o oposto do Lauro e de tantos outros.”
Me pergunto, às vezes, se Moro não tem noção.
Mas sim, ele tem, e isso torna pior o quadro. Uma prova disso é que ele recusou, nestes mesmos dias, uma homenagem do Congresso.
Alegou que investiga muitos ali.
Seria louvável, se isso fosse uma norma para ele. Como não é, a suspeita que fica é que, na verdade, ele estava fugindo de alguma cena potencialmente constrangedora. Por exemplo, palavras de ira de algum deputado que se considere injustiçado pela Lava Jato.
Moro é seletivo até na hora de receber tributos.
Este da ANER é particularmente ofensivo para a sociedade. Quando juízes servem a interesses políticos, quem perde somos todos nós.
Alguns dão a isso o nome de bolivarianismo.
Não me ocorre definição melhor quando um juiz se junta a uma festa organizada por uma revista que representa no grau extremo a partidarização da notícia.
O Estado paralisado, 513 omissos, 300 picaretas, alguns achacadores, outros chantagistas não agem esperando que o peso acumulado no lombo da população em 2015 recaia sobre os ombros de quem pretendem 'dobrar'. Pausa para definir rumos, o Estado policial rechaçado ontem para uns é aplicado hoje para outros. Vale delação, confissão de ex-agente, palavra de operador, nova indicação de ex-delator sempre premiado para um mesmo Juíz, hábeas corpus cai, prisão preventiva sobe. Vazamentos de opositores políticos vazam, outros abafam. O capitão do mato também cansa. Pausa para definir rumos, mas só entra quem comanda a pauta, para o bem de 10% da população, que sequer tem suas contas por aqui.
ResponderExcluir