sábado, 12 de dezembro de 2015

Bolsa Família na mira dos neoliberais

Por Altamiro Borges

O deputado Ricardo Barros (PP-PR), relator-geral do Orçamento da União para 2016, confirmou na sexta-feira (11) que manterá em seu parecer final a proposta de corte de R$ 10 bilhões dos recursos que serão destinados ao Bolsa Família no próximo ano. O drástico arrocho, que visa garantir as metas do superávit primário – nome fictício da reserva de caixa para pagar juros aos banqueiros – representa uma redução de 35% nos R$ 28,2 bilhões que já estavam previstos pelo governo. O relatório final, que penaliza milhões de famílias que necessitam do auxílio e beneficia uma minoria de rentistas, será apresentado na próxima terça-feira (15) e deve ser votado pela comissão já no dia seguinte.

"Estudei muito o Bolsa Família e posso afirmar que há espaço para esse corte sem prejudicar nenhum brasileiro que precise do programa", disse o parlamentar em coletiva para a imprensa. Para ele, que repete a cantilena dos banqueiros e dos neoliberais nativos, “o fundamental é manter o equilíbrio fiscal”. O governo federal, através do Ministério do Desenvolvimento Social, já alertou sobre os efeitos nocivos deste corte. Segundo estudos, ele retirará do programa 23 milhões de pessoas, das quais 8 milhões recairiam na pobreza extrema. Do total afetado, a pasta estima que 11 milhões sejam menores de idade e, desse montante, 3,7 milhões voltariam à miséria.

Apesar destes dados assustadores, as bancadas do PSDB, DEM e PPS já sinalizaram que votarão favoravelmente ao relatório de Ricardo Barros. Os tucanos, por exemplo, nunca esconderam a sua rejeição elitista a este programa de transferência de renda. Em 2006, o então senador Arthur Virgílio – hoje prefeito de Manaus – chegou a afirmar que o Bolsa Família era uma “esmola eleitoreira”. Em 2011, seu colega de bancada, o senador paranaense Alvaro Dias, declarou que o programa “não tira ninguém da miséria” e “estimula a preguiça”.

Na campanha eleitoral do ano passado, o cambaleante Aécio Neves preferiu esconder essa posição elitista, temendo perder votos. Oportunista, o presidenciável derrotado do PSDB até propôs o reajuste do benefício. Agora, para desgastar o governo Dilma, em especial num momento de dificuldades econômicas, os rentistas e os seus representantes no parlamento têm mais um motivo para atacar o Bolsa Família, um programa reconhecido mundialmente por retirar milhões de pessoas da miséria.

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