Por Maurício Dias, na revista CartaCapital:
Durou tempo demais o silêncio adotado pelo vice Michel Temer a respeito do golpe tramado, e desfechado agora, contra a presidenta Dilma Rousseff.
Silêncio suspeito e também, até prova em contrário, silêncio cúmplice de um impeachment inconstitucional.
O vice-presidente é contra ou a favor? Ele não se definiu de forma clara. Foi, no entanto, informado antecipadamente por Eduardo Cunha da decisão de acolher o pedido de impeachment com a assinatura indelével do ex-petista Hélio Bicudo. Ao saber disso, calou-se e traiu o princípio de fidelidade a Dilma.
Temer, silencioso, favoreceu a possibilidade de ter havido uma articulação clara entre a explosiva carta dele à presidenta, festejada pelos conservadores, e a indicação da composição da Comissão do impeachment na Câmara quando o pau quebrou.
Menos de 24 horas separam uma coisa da outra. Repleta de lamúrias e insinuações, a missiva de Temer pode ser comparável à senha de uma conspiração articulada com o deputado peemedebista Eduardo Cunha, presidente da Câmara. Cunha, mais do que um adversário político, é um inimigo do governo do qual o vice-presidente faz parte.
Temer, com a carta, estimulou a rebelião do PMDB na votação. Além disso, deu um troco muito duro no jovem deputado Leonardo Picciani, líder do partido, de fiel dedicação à luta contra os golpistas. Caiu de pé.
A mágoa de Temer deixou rastros nas linhas mal traçadas enviadas à presidenta: “Sou presidente do PMDB e a senhora resolveu ignorar-me, chamando o líder Picciani e seu pai para fazer um acordo”.
Isso ocorreu de fato. Porém, foi sucedâneo da frase de Temer de que “era preciso alguém para reunificar o País”. Um desafio a Dilma. O vice-presidente considerou a frase um lapso. Talvez. Mas com inspiração freudiana.
Dilma teve dois vices diferentes com um só nome. Ao longo dos quatro anos do primeiro mandato (2010-2014), com boa aprovação da sociedade, Temer foi um “vice-decorativo”, como ele mesmo se rotulou. Em 2015, mudou o comportamento. Tem sido um político superativo.
A recondução de Dilma foi difícil. O PMDB estava rachado e, pelo que se sabe, Temer fez pouco ou quase nada para reagrupar aliados. Não demorou e o partido passou a anunciar o rompimento com o governo do PT e projetava disputar a eleição presidencial de 2018 com candidato próprio. Quem seria? Temer, é claro.
A queda brusca e forte na aprovação de Dilma e do governo dela apontada pelas pesquisas ainda nos primeiros dias do segundo mandato atiçou mais a fome de poder de Temer. E do partido de Temer. O PMDB mantém aguerrida competição com o PT nas últimas três eleições para o Senado e a Câmara.
Ao primeiro grito da palavra impeachment, lançado pela oposição, os governistas apoiaram-se na fidelidade dos peemedebistas. Sem eles, o golpe não prosperaria. Não se esperava, porém, que o próprio PMDB fosse quinta-coluna. Houve nesse episódio uma inominável traição. Com a anuência silenciosa de Temer.
Durou tempo demais o silêncio adotado pelo vice Michel Temer a respeito do golpe tramado, e desfechado agora, contra a presidenta Dilma Rousseff.
Silêncio suspeito e também, até prova em contrário, silêncio cúmplice de um impeachment inconstitucional.
O vice-presidente é contra ou a favor? Ele não se definiu de forma clara. Foi, no entanto, informado antecipadamente por Eduardo Cunha da decisão de acolher o pedido de impeachment com a assinatura indelével do ex-petista Hélio Bicudo. Ao saber disso, calou-se e traiu o princípio de fidelidade a Dilma.
Temer, silencioso, favoreceu a possibilidade de ter havido uma articulação clara entre a explosiva carta dele à presidenta, festejada pelos conservadores, e a indicação da composição da Comissão do impeachment na Câmara quando o pau quebrou.
Menos de 24 horas separam uma coisa da outra. Repleta de lamúrias e insinuações, a missiva de Temer pode ser comparável à senha de uma conspiração articulada com o deputado peemedebista Eduardo Cunha, presidente da Câmara. Cunha, mais do que um adversário político, é um inimigo do governo do qual o vice-presidente faz parte.
Temer, com a carta, estimulou a rebelião do PMDB na votação. Além disso, deu um troco muito duro no jovem deputado Leonardo Picciani, líder do partido, de fiel dedicação à luta contra os golpistas. Caiu de pé.
A mágoa de Temer deixou rastros nas linhas mal traçadas enviadas à presidenta: “Sou presidente do PMDB e a senhora resolveu ignorar-me, chamando o líder Picciani e seu pai para fazer um acordo”.
Isso ocorreu de fato. Porém, foi sucedâneo da frase de Temer de que “era preciso alguém para reunificar o País”. Um desafio a Dilma. O vice-presidente considerou a frase um lapso. Talvez. Mas com inspiração freudiana.
Dilma teve dois vices diferentes com um só nome. Ao longo dos quatro anos do primeiro mandato (2010-2014), com boa aprovação da sociedade, Temer foi um “vice-decorativo”, como ele mesmo se rotulou. Em 2015, mudou o comportamento. Tem sido um político superativo.
A recondução de Dilma foi difícil. O PMDB estava rachado e, pelo que se sabe, Temer fez pouco ou quase nada para reagrupar aliados. Não demorou e o partido passou a anunciar o rompimento com o governo do PT e projetava disputar a eleição presidencial de 2018 com candidato próprio. Quem seria? Temer, é claro.
A queda brusca e forte na aprovação de Dilma e do governo dela apontada pelas pesquisas ainda nos primeiros dias do segundo mandato atiçou mais a fome de poder de Temer. E do partido de Temer. O PMDB mantém aguerrida competição com o PT nas últimas três eleições para o Senado e a Câmara.
Ao primeiro grito da palavra impeachment, lançado pela oposição, os governistas apoiaram-se na fidelidade dos peemedebistas. Sem eles, o golpe não prosperaria. Não se esperava, porém, que o próprio PMDB fosse quinta-coluna. Houve nesse episódio uma inominável traição. Com a anuência silenciosa de Temer.
Temer e Aécio são daltônicos, só enxergam aquela faixa verde amerela.
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