O governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) tem aquela cara de sonso, de “picolé de chuchu”, mas é bastante ardiloso. Não é para menos que comanda o Estado mais rico da federação há quase 15 anos – lógico, com a ajuda da mídia chapa-branca, do Judiciário aparelhado, do Legislativo subserviente e com os votos da “classe média” alienada e masoquista. O início do seu quinto mandato no Palácio dos Bandeirantes, porém, tem sido desastroso: crise da água, violência da polícia, ocupação das escolas “reorganizadas” e várias denúncias de corrupção – a última delas sobre a da fraude nas merendas escolares. Sua situação só não é mais dramática graças à blindagem da imprensa amiga, que sediada em São Paulo evita fazer qualquer alarde com os graves problemas do Estado.
Com a perda de popularidade já detectada nas pesquisas e as bicadas sangrentas no ninho tucano, Geraldo Alckmin tenta se firmar como candidato da sigla à Presidência da República em 2018 apelando para o mais puro diversionismo. Usa a tática de que a melhor defesa é o ataque. Neste sábado (30), durante um evento de entrega de viaturas da polícia, o tucano aparentemente calmo voltou a posar de valentão. “O Lula é PT, o Lula é o retrato do PT, partido envolvido em corrupção, sem compromisso com as questões de natureza ética, sem limites”, rosnou diante dos policiais e da sua tropa de choque, citando os recentes factoides da mídia sobre o apartamento tríplex que não pertence ao líder petista.
De imediato, Lula reagiu às provocações e ao cinismo do grão-tucano. Através de nota divulgada pela assessoria de imprensa do seu instituto, o ex-presidente ironizou: “Seria mais proveitoso para a população de São Paulo se o governador explicasse os desvios nas obras do metrô e na merenda escolar, a violência contra os estudantes e os números maquiados de homicídios, ao invés de tentar desviar a atenção para um apartamento que não é e nunca foi de Lula", diz o texto. Já o presidente nacional do PT, Rui Falcão, também criticou a tática diversionista do governador do PSDB. Em sua conta no Twitter, postou: “Em vez de atacar Lula, o Alckmin deveria cuidar do governo dele, que tira comida da boca das crianças”.
De fato, Geraldo Alckmin não tem moral para criticar Lula. Historicamente, o tucanato peca pela falta de “compromissos com as questões de natureza ética” e pela total ausência de transparência nas suas administrações. Que o diga o “engavetador-geral” do triste reinado de FHC, que nunca apurou a compra de votos para a reeleição do seu chefe ou o criminoso processo da privataria tucana. Ou, para ser mais direto, basta lembrar as recentes medidas do governador paulista para ocultar dados sobre a sua gestão. Em meados do ano passado, quatro episódios sinistros revelaram o seu modo autoritário de governar:
- O Palácio dos Bandeirantes transformou em "ultrassecretos" os documentos sobre obras e operações do metrô e dos trens – talvez temendo as apurações sobre o "trensalão tucano", que a mídia amiga chama de "cartel dos trens";
- Logo na sequência, soube-se que Geraldo Alckmin havia tornado "secretos" os documentos sobre a falta de água no Estado – que a imprensa chapa-branca batizou de "crise hídrica";
- Já no final do ano veio à torna a denúncia que o comando da Polícia Militar estaria adulterando os dados sobre a violência em São Paulo.
- Para encerrar o ano, o governo tucano ainda reduziu os poderes da sociedade no Conselho de Transparência da Administração Pública.
Quem é mesmo “sem ética” e “sem limites”? O que Geraldo Alckmin fará agora para abafar a fraude da merenda escolar, que envolve vários de seus amigos mais carnais? Quanto o governo estadual vai desembolsar para calar a mídia chapa-branca e seus "calunistas" de aluguel? Quais serão os favores prestados à Assembleia Legislativa para evitar a criação de uma CPI? Como se dará a relação com o Judiciário paulista, sempre tão "independente, imparcial e neutro"?
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