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Pouco a pouco, vai se tornando clara como água a natureza da Operação Lava Jato. A direita, mesmo na oposição, conseguiu o que a esquerda, mesmo no poder, não conseguiu – até porque, nunca tentou: colocar grande parte da Polícia Federal, do Ministério Público e do Judiciário a serviço de uma corrente político-ideológica.
É estarrecedor como a direita conseguiu aparelhar ideologicamente essas instituições e colocá-las a seu serviço enquanto os governos “republicanos” do PT se gabavam de não interferir nelas.
Sim, Lula 1, Lula 2, Dilma 1 e Dilma 2 jamais interferiram nesses órgãos, mas esqueceram de tomar cuidado para que outros não interferissem. Não nomear procuradores-gerais da República, Chefes da Polícia Federal ou ministros do Supremo alinhados com o governo não bastava. Era preciso que os nomeados não estivessem alinhados com a oposição.
Nesse aspecto, chega a ser estarrecedor como Lula e Dilma permitiram que esses órgãos fossem sendo dominados por grupos político-ideológicos. Deixaram a coisa correr tão solta que, hoje, MP e PF, por exemplo, têm militantes tucanos à frente de investigações.
O juiz Sergio Moro, por exemplo, provém de uma conhecida família abastada, ultraconservadora e antipetista do interior do Paraná. Colocá-lo à frente da Operação Lava Jato foi uma decisão política adjacente à montagem de uma estratégia de limpeza político-ideológica no país. A Operação foi pensada para tirar o PT do poder, já que não era possível derrotá-lo eleitoralmente.
Ano passado, foi fartamente divulgado um documento que mostra que Moro foi escolhido a dedo por seus pendores político-ideológicos e por sua obsessão por uma armação da direita italiana que colocou no poder por um longo período um dos maiores picaretas da história do país, Silvio Berlusconi.
Em 2004, Moro escreveu exaltação da Operação Mãos Limpas que não deixa dúvidas quanto ao caráter ideológico e político da operação policialesca italiana.
O documento escrito por Moro mostra que os vazamentos ilegais e seletivos só contra políticos de esquerda ou aliados são propositais, planejados pelo juiz ligado ao PSDB. Mostra, também, que, como na operação italiana, tudo gira em torno de um grande alvo político.
Enquanto que na Itália os alvos primordiais eram o Partido Comunista Italiano e o Partido Socialista Italiano, no Brasil os alvos são o PT e Lula. Desde o começo.
Assim como na Itália a Operação Mãos Limpas não mudou nada. Como só visava alvos de esquerda, a corrupção continuou. A operação, como admite Moro em seu “paper”, foi responsável pela “santificação” de Berlusconi, de modo que a corrupção continuou, só que pelas mãos da direita.
O pior é que, ao menos na Itália, essa farsa deu certo. A direita radical se manteve no poder por muito tempo graças à Operação Mãos Limpas, até que a população percebesse o que tinha acontecido entregasse o poder ao Partido Democrático, fundado em 2007 através da fusão de vários partidos de centro-esquerda.
O PD não chega a ser bem um partido de esquerda, mas pelo menos a direita fascista de Berlusconi foi apeada do poder.
O que se pode dizer é que o Brasil ainda deve sofrer muito com a Lava Jato. Além de continuar afundando a economia, deve facilitar a ascensão da direita ao poder, o que deve gerar aumento considerável da pobreza e da desigualdade.
A permanência de Dilma no poder durante os próximos 2 anos e 11 meses é o que resta de chance aos desvalidos deste país. Mas se a política continuar nessa toada, ela pouco poderá fazer além de evitar a piora das condições atuais.
Mas se a Lava Jato conseguir aqui o que a Mãos Limpas conseguiu na Itália, a piora das condições sociais dos brasileiros dará um salto após a saída de Dilma. A ideia que norteou a Mãos Limpas e que norteia a Lava Jato é justamente a de colocar os pobres no seu lugar, ou seja, na pobreza.
E, claro, abrir o caminho para a direita roubar à vontade.
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