quinta-feira, 3 de março de 2016

A mediocridade dos adversários de Haddad

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Existe a possibilidade real de aquela que é tida e havida como a cidade mais antipetista do país vir a reeleger justamente um prefeito do PT, Fernando Haddad, quem, nos próximos meses, terminará por se mostrar a melhor alternativa para essa que é, também, a maior e mais rica cidade do país.

Quem quiser entender a razão precisa ler o divertido artigo de um colunista que não chega exatamente a oferecer condições de ser chamado de “petista”, eis que escreve na historicamente antipetista página A2 da Folha de São Paulo, onde colunistas e editorialistas usam o PT como saco de pancada desde bem antes de Lula chegar ao poder até os dias de hoje.

Bernardo de Mello Franco é um crítico ferrenho do PT, mas tem o mérito de não “esquecer” de criticar políticos de outros partidos além do PT que fazem por merecer críticas iguais ou mais duras, como a faz a maioria dos colunistas políticos daquele jornal, para os quais a eliminação física e até conceitual dos petistas resolveria todos os problemas do país.

A coluna “O bundalelê do PSDB” explica, entrelinhas, por que Haddad tem chances reais de continuar governando São Paulo, mas após a reprodução da coluna de Mello Franco darei a visão desta página sobre por que isso deve mesmo ocorrer, como diz o colunista.



A visão de Mello Franco está correta no que diz respeito às chances de Haddad e na causa de essa chance existir. Não é a conduta dos partidários de um ou outro tucano, mas a natureza do PSDB paulistano, a pobreza de ideias e propostas para a cidade, o viés elitista dos pré-candidatos, que nem têm a história de Serra ou o padrinho de Alckmin (Mário Covas) a facilitar as coisas.

Celso Russomano, enrolado com as próprias peripécias; Andrea Matarazzo, que pretende pôr os Jardins e Higienópolis para administrar a cidade; João Dória Jr, uma figura cômica, um estereótipo de apresentador de celebridades.

Eis o que a oposição a Haddad oferece à capital paulista.

Será que os paulistanos vão votar cegamente nessa gente só por raiva do PT, sem se importarem com as consequências? Haddad e muito analista experiente aposta que não, que a cidade chegou a um ponto em que seus habitantes começam a se dar conta de que as escolhas eleitorais que fazem trazem consequências boas ou más.

Em que pese que alguns desprezam o que o PT fez de bom no país durante 12 anos e só enxerguem o que aconteceu de ruim nos últimos cerca de dois anos, o fato é que os setores populares que ocupam todo o cinturão em volta do Centro Expandido da capital paulista não irão votar no antipetismo, mas em caminhos para a cidade, caminhos que ninguém acredita que figuras como essas que promoveram baixarias desse jaez poderão propor a São Paulo.

São Paulo já não é a mesma. A gente que Matarazzo e Dória Jr. representam é a gente do Cansei, a gente que vai fazer baixaria na avenida Paulista, que pede volta da ditadura etc. Mas essa gente é minoria. Não representa uma mísera fração da cidade.

Quem elegerá o próximo prefeito será a São Paulo real, que lida com problemas reais, e não aquele povo de bairros de inspiração europeia que fornecem bonecos para o fascismo vestir com camisas amarelas e, depois, amontoar na Paulista para gritar ódio e desprezo pelo conjunto da sociedade paulistana.

Hoje, ninguém pode prever nada. Pode, sim, ser difícil São Paulo reeleger Haddad, se formos nos basear na imagem do PT na cidade. Contudo, pesquisas não dizem tudo. Valorizam, em geral, as posições mais extremistas que às vezes ganham no grito em uma pesquisa feita de sopetão, mas que não resistem a maiores reflexões como as que geram as campanhas eleitorais.

Enquanto ninguém tem como prever o futuro, pois, vamos dar mais uma olhada nessa gente que se diz tão preparada para governar São Paulo.







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