Foto: Jornalistas Livres |
A adesão explícita do vice-presidente Michel Temer à empreitada golpista é a evolução coerente de quem teve uma trajetória conspiradora e traiçoeira e tramou na sombra no último período. Mesmo sendo esperado, o rompimento abalou fortemente o tabuleiro político.
O gesto do Temer é um claro sinal de avanço dos entendimentos entre os distintos atores golpistas. Eles se puseram de acordo sobre a estratégia para derrubar Dilma e destruir Lula, e também sobre os rumos de um eventual governo de exceção pós-Dilma.
Através da janela aberta no instantâneo da conjuntura, algumas realidades podem ser observadas:
1- o acordo no interior do sistema político [PMDB, PSDB e satélites] teve a chancela do condomínio jurídico-midiático-policial [Moro, Janot, PF, Gilmar Mendes, Rede Globo e congêneres], e contempla a salvação política e criminal do Cunha, Aécio e outros golpistas investigados na Lava Jato e outras investigações de corrupção;
2- Para isso, o martírio [impeachment] da Presidente Dilma, ainda que não tenha nada a ver com a Lava Jato, será usado propagandísticamente como prova do “sucesso” da Operação e, portanto, justificará seu encerramento antes de atingir quem de fato deveria atingir, se não fosse uma operação partidarizada e instrumentalizada para destruir o PT, Lula e Dilma;
5- neste momento em que a empreitada golpista aperta a marcha e a situação se torna mais complicada o governo, paradoxalmente, reúne condições menos desfavoráveis que as vividas em momentos anteriores da crise, pelas seguintes razões:
a) uma avalanche democrática e popular está tomando o país com força, consciência, energia e uma disposição comovente de luta e resistência. O último período marca também o surgimento de redes e articulações orgânicas que aglutinam e coordenam as iniciativas do campo democrático-popular;
b) está sedimentada socialmente a narrativa de que Dilma é vítima de um golpe; de que o impeachment sem fundamento é golpe. Esta consciência está se espraiando no mundo, e gera comoção, denúncias e campanhas internacionais de solidariedade com Dilma, Lula e o PT;
c) a ação partidária e fascista principalmente do Moro e do Gilmar Mendes coloca-os momentaneamente em posição defensiva. É óbvio que não deixarão de agir tresloucadamente se julgarem necessário, mas estão submetidos a constrangimentos e freios antes inexistentes;
d) as reações na sociedade evidenciam que o golpe criará uma situação de instabilidade, incertezas e violência no país, fator que pode pesar muito na decisão de parlamentares indecisos.
O processo do impeachment durará aproximadamente seis meses se aprovado na Câmara dos Deputados e acolhido pelo Senado. O desafio crucial, porém, é urgente e imediato, que é o de impedir a aprovação pelo plenário da Câmara dos Deputados.
O governo Dilma terá de ser remontado. A política de conciliação; de coalizão coabitada por políticos fisiológicos e oportunistas que ocupam cargos no governo e traem nas votações no Congresso, provou que não deu certo.
Não se pode ter a ingenuidade de dormir com o inimigo esperando dele fidelidade e lealdade. Trazer o Cavalo de Tróia para o interior da própria fortaleza poderá ser fatal para a sobrevivência do governo e da democracia.
Como dissemos no artigo “Com Lula, Ciro e Requião, começar o governo eleito em 2014”, um governo comandado por Lula e Dilma e integrado por figuras como Ciro Gomes, Roberto Requião e por outros/as democratas de grande quilate e capacidade política poderá resistir, enfrentar e derrotar o fascismo golpista que arregaçou as mangas.
É deste governo de resistência que sairá a alternativa de futuro do campo democrático-popular para a continuidade das políticas de igualdade, justiça social e desenvolvimento iniciadas por Lula em 2003. Um governo, enfim, de resistência e de luta, apoiado na mobilização democrática e popular permanente, que nos permita recuperar o futuro.
O Brasil está diante de uma bifurcação: por um lado, a preservação da democracia, da Constituição e do Estado Democrático de Direito; de outro, o golpe e a imposição de um regime fundado em dispositivos fascistas com instituições policiais e jurídicas partidarizadas.
O futuro da democracia, mas também do campo progressista e de esquerda, está sendo definido agora. É necessário unidade, consenso e uma visão estratégica comum sobre os desafios a serem transpostos e sobre os adversários que devem ser derrotados. Para a viabilidade deste bloco histórico, entretanto, é essencial ater-se à vertigem do presente, ao invés de priorizar-se cálculos eleitorais futuros, que necessariamente terão de ser feitos, porém que o sejam no tempo apropriado.
2- Para isso, o martírio [impeachment] da Presidente Dilma, ainda que não tenha nada a ver com a Lava Jato, será usado propagandísticamente como prova do “sucesso” da Operação e, portanto, justificará seu encerramento antes de atingir quem de fato deveria atingir, se não fosse uma operação partidarizada e instrumentalizada para destruir o PT, Lula e Dilma;
3- Cunha terá de renunciar à Presidência da Câmara dos Deputados para sair da linha sucessória e assim não enlamear ainda mais a já emporcalhada imagem de uma eventual Presidência Temer – Cunha, um quase-presidiário, se estivesse na Presidência da Câmara, o sucederia em caso de ausência ou vacância do cargo;
4- o eventual governo golpista não teria estabilidade, porque o condomínio jurídico-midiático-policial continua governando o sistema político através de chantagens das investigações contra políticos, empresários e agentes públicos. Temer seria uma presa permanentemente ameaçada de cassação: ou por um processo de impeachment tão ilegal quanto o que Dilma está sofrendo, porque quando substituiu-a no cargo, praticou os mesmos atos administrativos que foram criminalizados no parecer de exceção do conselheiro Nardes do TCU [ele, sim, investigado por corrupção]; ou pela condenação das contas da campanha eleitoral, cujo processo é manietado no TSE pelo Gilmar Mendes ao seu bel prazer;
5- neste momento em que a empreitada golpista aperta a marcha e a situação se torna mais complicada o governo, paradoxalmente, reúne condições menos desfavoráveis que as vividas em momentos anteriores da crise, pelas seguintes razões:
a) uma avalanche democrática e popular está tomando o país com força, consciência, energia e uma disposição comovente de luta e resistência. O último período marca também o surgimento de redes e articulações orgânicas que aglutinam e coordenam as iniciativas do campo democrático-popular;
b) está sedimentada socialmente a narrativa de que Dilma é vítima de um golpe; de que o impeachment sem fundamento é golpe. Esta consciência está se espraiando no mundo, e gera comoção, denúncias e campanhas internacionais de solidariedade com Dilma, Lula e o PT;
c) a ação partidária e fascista principalmente do Moro e do Gilmar Mendes coloca-os momentaneamente em posição defensiva. É óbvio que não deixarão de agir tresloucadamente se julgarem necessário, mas estão submetidos a constrangimentos e freios antes inexistentes;
d) as reações na sociedade evidenciam que o golpe criará uma situação de instabilidade, incertezas e violência no país, fator que pode pesar muito na decisão de parlamentares indecisos.
O processo do impeachment durará aproximadamente seis meses se aprovado na Câmara dos Deputados e acolhido pelo Senado. O desafio crucial, porém, é urgente e imediato, que é o de impedir a aprovação pelo plenário da Câmara dos Deputados.
O governo Dilma terá de ser remontado. A política de conciliação; de coalizão coabitada por políticos fisiológicos e oportunistas que ocupam cargos no governo e traem nas votações no Congresso, provou que não deu certo.
Não se pode ter a ingenuidade de dormir com o inimigo esperando dele fidelidade e lealdade. Trazer o Cavalo de Tróia para o interior da própria fortaleza poderá ser fatal para a sobrevivência do governo e da democracia.
Como dissemos no artigo “Com Lula, Ciro e Requião, começar o governo eleito em 2014”, um governo comandado por Lula e Dilma e integrado por figuras como Ciro Gomes, Roberto Requião e por outros/as democratas de grande quilate e capacidade política poderá resistir, enfrentar e derrotar o fascismo golpista que arregaçou as mangas.
É deste governo de resistência que sairá a alternativa de futuro do campo democrático-popular para a continuidade das políticas de igualdade, justiça social e desenvolvimento iniciadas por Lula em 2003. Um governo, enfim, de resistência e de luta, apoiado na mobilização democrática e popular permanente, que nos permita recuperar o futuro.
O Brasil está diante de uma bifurcação: por um lado, a preservação da democracia, da Constituição e do Estado Democrático de Direito; de outro, o golpe e a imposição de um regime fundado em dispositivos fascistas com instituições policiais e jurídicas partidarizadas.
O futuro da democracia, mas também do campo progressista e de esquerda, está sendo definido agora. É necessário unidade, consenso e uma visão estratégica comum sobre os desafios a serem transpostos e sobre os adversários que devem ser derrotados. Para a viabilidade deste bloco histórico, entretanto, é essencial ater-se à vertigem do presente, ao invés de priorizar-se cálculos eleitorais futuros, que necessariamente terão de ser feitos, porém que o sejam no tempo apropriado.
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