Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:
Ao assegurar a aprovação do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, o deputado Eduardo Cunha consolidou-se como o Sílvio Berlusconi do atual momento político brasileiro.
Não se pode cogitar por um único minuto a hipótese de encerramento de um mandato obtido nas urnas sem os votos que Eduardo Cunha organizou e garantiu na noite de ontem.
Cunha já havia demonstrado seu poder de controle em diversas votações das chamadas pautas-bomba e toda agenda conservadora que dominou os debates do Congresso a partir de 2015. Ontem, os discursos em tom religioso, cobertura para um conservadorismo extremo e reacionário, que garantiram 36 votos decisivos contra Dilma, não escondiam certificado de origem. A fidelidade é tamanha que os aliados sequer se preocupavam em manter aparências.
As semelhanças com Berlusconi são úteis para entender o que está ocorrendo no Brasil de hoje.
A Itália de 1990 teve o sistema político dizimado pela Operação Mãos Limpas, que, destinada a combater a corrupção na política daquele país, foi muito além dos limites jurídicos. Destruiu os principais partidos políticos - a Democracia Cristã e os Socialistas - além de provocar o deslocamento do Partido Comunista que um dia foi de Antonio Gramsci e estimular sua partilha em várias legendas menores. Nesse ambiente de cemitério, Silvio Berlusconi emergiu com o político mais ativo e poderoso.
Mesmo denunciado por corrupção, inclusive de investir somas bilionárias na aquisição de apoio político e na formação de partidos que controlava com mão de ferro e reformulava conforme necessidades do momento, tornou-se o mais longevo primeiro ministro do pós-guerra e o terceiro de toda história do país. (No total, acumulou 9 anos a frente do governo. Pouco menos que o dobro que Benito Mussolini, criador do fascismo, por exemplo).
Após o colapso do sistema democrático, que possuía falhas imensas e reconhecidas mundialmente -- Berlusconi tornou-se uma necessidade política óbvia em defesa da ordem. Com a força de seu império privado, que incluia as principais emissoras de TV, revistas, bancos e até o time de futebol, Milan, formava uma barreira para impedir a reconstrução política das organizações operárias italianas, que chegaram a constituir a força mais respeitável da Europa durante décadas.
A origem de sua força era fácil de entender. Enquanto outras legendas estavam desestruturadas depois do massacre, Berlusconi mudou o sinal. Numa atitude que representou um choque político e até emocional, engajou a Itália na guerra do Iraque, tornando-se um dos principais aliados de George W Bush. Internamente, fez um esforço cotidiano para sabotar o regime de garantias e direitos sociais construído no pós-guerra.
Embora nunca faltassem denúncias e escândalos de toda natureza a sua volta, inclusive gravações de dialogos de natureza pessoal que ajudavam dar um tempero especial às denúncias, sempre foi acusado mas nunca foi investigado. (Engraçado, não?)
Tinha uma máquina financeira, pessoal e política, que o protegia.
Num país onde não havia foro privilegiado para o julgamento de autoridades, foi capaz de inventar uma legislação que proibia que ministros e altos funcionários do Estado fossem chamados a responder processo por corrupção.
Capaz de se proteger dos adversários internos, com uma fortaleza inexpugnável, só foi afastado após a crise de 2008/2009. Numa intervenção externa que lembra a nomeação de vice-reis da época colonial, foi obrigado a renunciar e entregar o posto a Mario Monti, homem de confiança do mercado.
Com votação de ontem, Cunha deu um novo para consolidar um poder pessoal cuja dimensão surpreendeu os analistas mais aplicados - pois sua máquina mostrou-se capaz de dar o primeiro passo de um golpe de Estado parlamentar no regime presidencialista brasileiro.
Essa é a mensagem.
Ao assegurar a aprovação do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, o deputado Eduardo Cunha consolidou-se como o Sílvio Berlusconi do atual momento político brasileiro.
Não se pode cogitar por um único minuto a hipótese de encerramento de um mandato obtido nas urnas sem os votos que Eduardo Cunha organizou e garantiu na noite de ontem.
Cunha já havia demonstrado seu poder de controle em diversas votações das chamadas pautas-bomba e toda agenda conservadora que dominou os debates do Congresso a partir de 2015. Ontem, os discursos em tom religioso, cobertura para um conservadorismo extremo e reacionário, que garantiram 36 votos decisivos contra Dilma, não escondiam certificado de origem. A fidelidade é tamanha que os aliados sequer se preocupavam em manter aparências.
As semelhanças com Berlusconi são úteis para entender o que está ocorrendo no Brasil de hoje.
A Itália de 1990 teve o sistema político dizimado pela Operação Mãos Limpas, que, destinada a combater a corrupção na política daquele país, foi muito além dos limites jurídicos. Destruiu os principais partidos políticos - a Democracia Cristã e os Socialistas - além de provocar o deslocamento do Partido Comunista que um dia foi de Antonio Gramsci e estimular sua partilha em várias legendas menores. Nesse ambiente de cemitério, Silvio Berlusconi emergiu com o político mais ativo e poderoso.
Mesmo denunciado por corrupção, inclusive de investir somas bilionárias na aquisição de apoio político e na formação de partidos que controlava com mão de ferro e reformulava conforme necessidades do momento, tornou-se o mais longevo primeiro ministro do pós-guerra e o terceiro de toda história do país. (No total, acumulou 9 anos a frente do governo. Pouco menos que o dobro que Benito Mussolini, criador do fascismo, por exemplo).
Após o colapso do sistema democrático, que possuía falhas imensas e reconhecidas mundialmente -- Berlusconi tornou-se uma necessidade política óbvia em defesa da ordem. Com a força de seu império privado, que incluia as principais emissoras de TV, revistas, bancos e até o time de futebol, Milan, formava uma barreira para impedir a reconstrução política das organizações operárias italianas, que chegaram a constituir a força mais respeitável da Europa durante décadas.
A origem de sua força era fácil de entender. Enquanto outras legendas estavam desestruturadas depois do massacre, Berlusconi mudou o sinal. Numa atitude que representou um choque político e até emocional, engajou a Itália na guerra do Iraque, tornando-se um dos principais aliados de George W Bush. Internamente, fez um esforço cotidiano para sabotar o regime de garantias e direitos sociais construído no pós-guerra.
Embora nunca faltassem denúncias e escândalos de toda natureza a sua volta, inclusive gravações de dialogos de natureza pessoal que ajudavam dar um tempero especial às denúncias, sempre foi acusado mas nunca foi investigado. (Engraçado, não?)
Tinha uma máquina financeira, pessoal e política, que o protegia.
Num país onde não havia foro privilegiado para o julgamento de autoridades, foi capaz de inventar uma legislação que proibia que ministros e altos funcionários do Estado fossem chamados a responder processo por corrupção.
Capaz de se proteger dos adversários internos, com uma fortaleza inexpugnável, só foi afastado após a crise de 2008/2009. Numa intervenção externa que lembra a nomeação de vice-reis da época colonial, foi obrigado a renunciar e entregar o posto a Mario Monti, homem de confiança do mercado.
Com votação de ontem, Cunha deu um novo para consolidar um poder pessoal cuja dimensão surpreendeu os analistas mais aplicados - pois sua máquina mostrou-se capaz de dar o primeiro passo de um golpe de Estado parlamentar no regime presidencialista brasileiro.
Essa é a mensagem.
ResponderExcluirNós temos agora uma oportunidade de ouro de informar ao trabalhador brasileiro coisas tais como: A Bolsa de Valores é termômetro dos ricos. Quando a temperatura dela sobe é porque a temperatura do trabalhador seguramente vai esfriar. Simplesmente porque quem especula não está investindo nos meios de produção, e se não está investindo nos meios de produção, não tem geração de empregos para o trabalhador. Além disso, é nela que a elite investe e multiplica o dinheiro fruto de crime e sonegação fiscal.
Agora, eu desafio Michel Temer a fazer os corruptos do Congresso a aprovarem uma CPMF. Ora, a CPMF é isenta para os pobres. Além disso, a CPMF é ínfima. A aversão desse congresso corrupto que está aí a aprovação de uma nova CPMF tem explicação: CPMF mostra a sonegação fiscal e o dinheiro ilícito. Tanto os corruptos quanto os sonegadores tiram literalmente do caixa do povo. Só que a sonegação fiscal é mil vezes mais perniciosa que a corrupção quanto aos seus efeitos práticos no caixa do povo. Portanto, a CPMF não interessa aos ricos, nem aos corruptos, nem aos sonegadores. Então, se não se conseguir aprovar uma CPMF para melhorar a situação do Brasil neste momento, no sentido de obrigar os ricos que não pagam impostos a efetivamente fazê-lo, Michel Temer com certeza terá que tirar dos direitos sociais. Sim. Porque rico não aceita perder absolutamente nada. É esse o real motivo da perseguição ao PT: a distribuição de renda feita nos mandatos petistas. Neste sentido, no bojo da nossa mobilização, temos que fazer uma campanha urgente pela aprovação da CPMF.
Outra coisa: digo que a historinha de novas eleições é para solapar de vez a democracia no Brasil. Ora, com essa historinha levada a termo, os golpistas matam dois coelhos com uma cajadada só: poderão eleger ‘legitimamente’ um dos golpistas usando o poder econômico – ta aí o pato da Fiesp que não me deixa mentir - , fazendo uso das maracutaias informacionais da mídia com suas mentiras, omissões e escândalos fabricados, e usando da maquiagem dos institutos de pesquisas que pertencem a eles, dentre outras coisitas. Pois eu digo a vocês com absoluta convicção: com ou sem novas eleições, nenhum governo será legítimo sem que Dilma Roussef esteja sentada na cadeira presidencial até 2018. Portanto, PT caía a ficha : novas eleições NÃO. Trata-se de uma armadilha. Se eles usurparem o poder de Dilma Roussef, que então sejam machos o suficiente para enfrentarem a nossa aguerrida oposição. Tudo tem um preço. Que eles paguem para ver. O país não está parado por nossa causa não. O país está parado porque a oposição não aceitou o resultado das eleições e tem um bando de políticos investigados ou não, comandados por um gangster dentro da Câmara dos Deputados, impedindo Dilma Roussef de governar e aprovar medidas para solucionar a situação econômica do Brasil. Na verdade, a coisa toda na prática, está assim : eles não deixam Dilma governar e a crise econômica só vai se aprofundando. Por outro lado, caso eles consigam usurpar o poder dela, vão cobrar a estabilização da economia nas costas do trabalhador. Portanto, lamento dizer a vocês: por mim, que o país continue parado até 2018, já que a questão é ‘se correr o bicho pega e se ficar o bicho come’. O fato é que eu não entrego a democracia deste país de jeito nenhum. Eu sou brasileira: não desisto nunca. Sou como a presidenta: não jogo a toalha de jeito nenhum, até porque eu sou mulher e ela - Dilma Roussef - foi a primeira mulher a ascender ao poder máximo deste país, e eu não vou aceitar que ela seja derrubada injustamente por um bando de políticos acusados e investigados por corrupção.
O Cunha é um achacador fdp, mas, é esperto e competente !!!
ResponderExcluirPena, que o STF seja omisso e cúmplice do Golpe, e, use o Cunha ...
Como sair desta "fria" ???