Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:
Os leitores devem ter notado que dou pouca atenção ao que se passa na comissão de impeachment do Senado e, agora, nos poucos dias que restam até o afastamento de Dilma, ao que se passa no plenário daquela Casa.
Também não partilho de ilusões – embora torça muito pelos que as têm – de reviravoltas judiciais. Nossa Suprema Corte, se lhe faltava algo para o descrédito total, supriu qualquer lacuna ao julgar apenas ontem o que tinha em sua decisão para reequilibrar o processo político conduzido por Cunha, sem falar na inominável procrastinação da decisão de Gilmar Mendes que impediu Dilma de contar com Lula no Ministério.
Deu, assim, todos os sinais de que já tratava como delinquentes a atual e o o ex-presidente Lula, embora deixasse livre politicamente aquele que, sim, delinquente era e tinha isso denunciado, Eduardo Cunha.
O combate ao golpe, embora tenha de se dar em todas as linhas e com todas as forças, agora se dá em duas outras frentes.
A primeira é a percepção pública, crescente, de por quem e por que meios foi urdido. Neste sentido, o episódio de Eduardo Cunha desempenha papel semelhante ao do ridículo 17 de abril do “alô, mamãe, eu voto sim”. Desinformado, manipulado, sem um comentarista de rádio ou de televisão capaz de fazer a simples e basilar pergunta – por que só agora? – o povo percebe e entende sem que lhe digam e até mesmo quando se lhe diz o contrário.
A segunda é que, em mais uma semana, estaremos vendo se despejarem sobre o Congresso e derramarem-se no Diário Oficial, decretos, medidas provisórias e projetos de lei e emendas constitucionais, além de um estival de nomeações que integraram o jogo da votação, meticulosamente anotadas por Eliseu Padilha.
Inclusive nas de Eduardo Cunha, nas quais a prudência recomendará não mexer diante de sua situação. Frascos de nitroglicerina não se deve sacudir.
Como não se deve sacudir “o governo que interessa”: o de Henrique Meirelles na Fazenda. Que vai começar anunciando cortes brutais no orçamento público, já “tesourado” impiedosamente há quase um ano e meio.
O governo que se iniciará tem dois “programas”.
O primeiro é o de entregar o Brasil e os direitos de sua população, sacrificando salários e gastos sociais no altar do superavit fiscal e o de produzir uma queda abrupta nos níveis de inflação como lenitivo de sua impopularidade.
O segundo, é desfechar uma “caça às bruxas”, com o auxílio da mídia e do judiciário, para justificar-se como uma “resposta à podridão”.
Em um e em outro, pode ser atingido em cheio, ele próprio.
Ter tornado as dificuldades da crise econômica motivação para a derrubada de governos em aventuras judiciais é o tipo de feitiçaria perigosa: pode continuar funcionando sem que os aprendizes de feiticeiro o desejem.
Os leitores devem ter notado que dou pouca atenção ao que se passa na comissão de impeachment do Senado e, agora, nos poucos dias que restam até o afastamento de Dilma, ao que se passa no plenário daquela Casa.
Também não partilho de ilusões – embora torça muito pelos que as têm – de reviravoltas judiciais. Nossa Suprema Corte, se lhe faltava algo para o descrédito total, supriu qualquer lacuna ao julgar apenas ontem o que tinha em sua decisão para reequilibrar o processo político conduzido por Cunha, sem falar na inominável procrastinação da decisão de Gilmar Mendes que impediu Dilma de contar com Lula no Ministério.
Deu, assim, todos os sinais de que já tratava como delinquentes a atual e o o ex-presidente Lula, embora deixasse livre politicamente aquele que, sim, delinquente era e tinha isso denunciado, Eduardo Cunha.
O combate ao golpe, embora tenha de se dar em todas as linhas e com todas as forças, agora se dá em duas outras frentes.
A primeira é a percepção pública, crescente, de por quem e por que meios foi urdido. Neste sentido, o episódio de Eduardo Cunha desempenha papel semelhante ao do ridículo 17 de abril do “alô, mamãe, eu voto sim”. Desinformado, manipulado, sem um comentarista de rádio ou de televisão capaz de fazer a simples e basilar pergunta – por que só agora? – o povo percebe e entende sem que lhe digam e até mesmo quando se lhe diz o contrário.
A segunda é que, em mais uma semana, estaremos vendo se despejarem sobre o Congresso e derramarem-se no Diário Oficial, decretos, medidas provisórias e projetos de lei e emendas constitucionais, além de um estival de nomeações que integraram o jogo da votação, meticulosamente anotadas por Eliseu Padilha.
Inclusive nas de Eduardo Cunha, nas quais a prudência recomendará não mexer diante de sua situação. Frascos de nitroglicerina não se deve sacudir.
Como não se deve sacudir “o governo que interessa”: o de Henrique Meirelles na Fazenda. Que vai começar anunciando cortes brutais no orçamento público, já “tesourado” impiedosamente há quase um ano e meio.
O governo que se iniciará tem dois “programas”.
O primeiro é o de entregar o Brasil e os direitos de sua população, sacrificando salários e gastos sociais no altar do superavit fiscal e o de produzir uma queda abrupta nos níveis de inflação como lenitivo de sua impopularidade.
O segundo, é desfechar uma “caça às bruxas”, com o auxílio da mídia e do judiciário, para justificar-se como uma “resposta à podridão”.
Em um e em outro, pode ser atingido em cheio, ele próprio.
Ter tornado as dificuldades da crise econômica motivação para a derrubada de governos em aventuras judiciais é o tipo de feitiçaria perigosa: pode continuar funcionando sem que os aprendizes de feiticeiro o desejem.
Grato pela lucidez da análise. Estou contigo no jogo. O sistema É corrupto e escravagista por natureza, e sempre será, isto é o que precisa ser conscientizado em todas as frentes. Não pode haver ilusões; ninguém virá nos salvar...
ResponderExcluirUm fraterno, muito grato, na paz da gratidão.