Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:
Houve gente que me achou pessimista quando disse que a investigação sobre Aécio Neves solicitada ao STF por Rodrigo Janot não servia para nada.
Têm razão estes leitores, isso foi produto de um velho vício meu, fora de moda, de acreditar na isenção das instituições brasileiras.
Mas não porque possam, afinal, “andar” estas apurações.
Afinal, Bernardo Mello Franco lembra hoje, na Folha, que “o procurador Rodrigo Janot levou 559 dias e quatro delações para decidir investigar Aécio Neves na Lava Jato. O senador foi citado pela primeira vez em 21 de outubro de 2014. Naquele dia, Alberto Youssef ligou o tucano a estranhezas em Furnas.”
Com a devida vênia aos veneráveis e aos veniais, este movimento tem outro sentido.
O de atribuir uma hipócrita “imparcialidade” ao massacre judicial que, após o afastamento de Dilma, tomará conta de polícia, MP e Judiciário que dela ( e de Lula) tiveram mais liberdade e consideração que nunca antes na história deste país.
Não é uma questão mera de caráter de seus integrantes, embora aqui e ali haja consciências altivas que recusem este papel.
Na ditadura, três ministros do STF – Hermes Lima, Vitor Nunes Leal e Evandro Lins e Silva (e um do STM – o general Pery Beviláqua) foram compulsoriamente aposentados – uma metáfora para a demissão constitucionalmente impossível.
Agora, nem isso teremos, embora não possa, em nome da esperança que nutro na humanidade, que alguém se insurja quando surgirem os “ajeitos” para Cunha, ao menos enquanto se depende dele para se consolidar o regime de usurpação.
O Brasil está num processo de regressão que seria injusto dizer que é o de 1964. É o da República Velha, totalmente entregue ao poder das oligarquias políticas, temperado com elementos novos como o do mercenarismo religioso mais obtuso – como mostra o vídeo de Temer sendo “recomendado” e “absolvido” do tal alegado “satanismo” por Marco Feliciano.
Coronéis, pastores que se assemelham aos padres que excomungavam dos púlpitos os “sem deus”.
Mas, sobretudo, instituições judiciais que se tornaram braços do poder político-econômico, regidas pelo diapasão da mídia que o vocaliza e, mais importante, avassala o pensamento de parte da classe média.
As consequências deste golpe não serão terríveis apenas no hoje em que se consuma, nem no manhã em que se debaterá com um país dividido pelos ódios e desmanchado pelo sucateamento de serviços e direitos sociais do trabalhador e da população mais humildes.
Serão também quando sairmos dele pela via eleitoral que tanto temem, porque suas instituições, enxovalhadas pela subserviência, pelo oportunismo e pela cumplicidade com o que se fez ao povo brasileiro não poderão esperar passar ao futuro como guardiães de nossos direitos, mas como guardiães de nossos algozes.
Nada mais agudo e doloroso do que a frase dita por um juiz, Flávio Dino, hoje governador do Maranhão: “ontem, as Forças Armadas; hoje, a toga, supostamente imparcial e democrática“.
Houve gente que me achou pessimista quando disse que a investigação sobre Aécio Neves solicitada ao STF por Rodrigo Janot não servia para nada.
Têm razão estes leitores, isso foi produto de um velho vício meu, fora de moda, de acreditar na isenção das instituições brasileiras.
Mas não porque possam, afinal, “andar” estas apurações.
Afinal, Bernardo Mello Franco lembra hoje, na Folha, que “o procurador Rodrigo Janot levou 559 dias e quatro delações para decidir investigar Aécio Neves na Lava Jato. O senador foi citado pela primeira vez em 21 de outubro de 2014. Naquele dia, Alberto Youssef ligou o tucano a estranhezas em Furnas.”
Com a devida vênia aos veneráveis e aos veniais, este movimento tem outro sentido.
O de atribuir uma hipócrita “imparcialidade” ao massacre judicial que, após o afastamento de Dilma, tomará conta de polícia, MP e Judiciário que dela ( e de Lula) tiveram mais liberdade e consideração que nunca antes na história deste país.
Não é uma questão mera de caráter de seus integrantes, embora aqui e ali haja consciências altivas que recusem este papel.
Na ditadura, três ministros do STF – Hermes Lima, Vitor Nunes Leal e Evandro Lins e Silva (e um do STM – o general Pery Beviláqua) foram compulsoriamente aposentados – uma metáfora para a demissão constitucionalmente impossível.
Agora, nem isso teremos, embora não possa, em nome da esperança que nutro na humanidade, que alguém se insurja quando surgirem os “ajeitos” para Cunha, ao menos enquanto se depende dele para se consolidar o regime de usurpação.
O Brasil está num processo de regressão que seria injusto dizer que é o de 1964. É o da República Velha, totalmente entregue ao poder das oligarquias políticas, temperado com elementos novos como o do mercenarismo religioso mais obtuso – como mostra o vídeo de Temer sendo “recomendado” e “absolvido” do tal alegado “satanismo” por Marco Feliciano.
Coronéis, pastores que se assemelham aos padres que excomungavam dos púlpitos os “sem deus”.
Mas, sobretudo, instituições judiciais que se tornaram braços do poder político-econômico, regidas pelo diapasão da mídia que o vocaliza e, mais importante, avassala o pensamento de parte da classe média.
As consequências deste golpe não serão terríveis apenas no hoje em que se consuma, nem no manhã em que se debaterá com um país dividido pelos ódios e desmanchado pelo sucateamento de serviços e direitos sociais do trabalhador e da população mais humildes.
Serão também quando sairmos dele pela via eleitoral que tanto temem, porque suas instituições, enxovalhadas pela subserviência, pelo oportunismo e pela cumplicidade com o que se fez ao povo brasileiro não poderão esperar passar ao futuro como guardiães de nossos direitos, mas como guardiães de nossos algozes.
Nada mais agudo e doloroso do que a frase dita por um juiz, Flávio Dino, hoje governador do Maranhão: “ontem, as Forças Armadas; hoje, a toga, supostamente imparcial e democrática“.
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