Por Helena Sthephanowitz, na Rede Brasil Atual:
Antes do fechamento deste post, que segue completo adiante, é preciso comentar a verdadeira bomba trazida pelo jornal Folha de S.Paulo hoje (23) contra os articuladores do golpe e, principalmente, contra a parcela da população que foi às ruas pedir a queda de Dilma "pra acabar com a corrupção".
Gravações obtidas pela Procuradoria-Geral da República apontam que o ministro do Planejamento, Romero Jucá, sugeriu um pacto para deter a Operação Lava Jato. De acordo com o jornal, o diálogo do peemedebista foi mantido com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, em março – semanas antes da votação do processo de impeachment de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados.
Na época, Machado estava procurando líderes do PMDB porque temia que as investigações contra ele fossem enviadas do STF para o juiz Sérgio Moro, em Curitiba. Em um dos trechos, o executivo afirma a Romero Jucá: "O Janot está a fim de pegar vocês e acham que sou o caminho; o caixa dois de vocês".
Na conversa, Jucá, que já havia sido citado em delações premiadas, sugere a necessidade de uma resposta política para evitar que as investigações chegassem ao juiz Sérgio Moro. "Tem que mudar o governo (de Dilma para Temer) para estancar essa sangria", declarou.
Jucá acrescentou que um eventual governo Michel Temer deveria construir um pacto nacional "com o Supremo, com tudo", quando Machado diz: "aí parava tudo". "É. Delimitava onde está, pronto", respondeu Jucá, que relatou manter conversas com "ministros do Supremo", sem citar nomes. Para Jucá, eles teriam relacionado a saída de Dilma ao fim das pressões da imprensa e de outros setores pela continuidade das investigações da Lava Jato.
Jucá afirmou que tem "poucos caras ali (no STF)" ao quais não tem acesso, e que um deles seria o ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no tribunal, "um cara fechado".
O agora ministro do Planejamento foi um dos articuladores do impeachment da presidenta Dilma.
Jucá, que também é senador eleito por Roraima, é suspeito de pedir R$ 1,5 milhão à construtora UTC, para a campanha do filho. O dinheiro seria uma contrapartida pelo contrato obtido para a construção da Usina Nuclear de Angra 3, no Rio de Janeiro.
Já o ex-presidente da Transpetro é alvo de inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal) ao lado do presidente do Senado, Renan Calheiros. Sérgio Machado teria entregue R$ 500 mil ao ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Na conversa, Sérgio Machado – que foi do PSDB antes de se filiar ao PMDB – diz ainda que "o primeiro a ser comido vai ser o Aécio (Neves, PSDB-MG)", e acrescenta: "O Aécio não tem condição, a gente sabe disso, porra. Quem que não sabe? Quem não conhece o esquema do Aécio? Eu, que participei de campanha do PSDB...". "É, a gente viveu tudo", completa Jucá.
De acordo com a reportagem, na gravação, Machado tenta refrescar a memória de Jucá: "O que que a gente fez junto, Romero, naquela eleição, para eleger os deputados, para ele (Aécio) ser presidente da Câmara?" Não houve resposta de Jucá. Aécio presidiu a Câmara dos Deputados entre 2001 e 2002.
Na sexta feira (20), o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a quebra do sigilo bancário e fiscal de Romero Jucá (PMDB-RR). A decisão foi tomada em um inquérito aberto no tribunal em 2004, em que Jucá é investigado por crime de responsabilidade quando ele era senador. O ministro teria elaborado emendas parlamentares para beneficiar ilegalmente a prefeitura de Cantá, em Roraima. O período dos dados sigilosos que serão analisados é de março de 1998 a dezembro de 2002. Romero Jucá também é alvo de novo pedido de abertura de inquérito feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra caciques do PMDB.
Além do ministro do Planejamento, o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e os senadores Valdir Raupp (RO) e Jader Barbalho (PA) são suspeitos de terem recebido propina em decorrência dos contratos firmados para a construção da usina de Belo Monte, no Pará. O esquema foi descoberto na Operação Lava Jato.
A suspeita é de que o grupo tenha cometido corrupção passiva qualificada e lavagem de dinheiro. Se o ministro Teori Zavascki concordar com o pedido de Janot, os quatro serão investigados no mesmo inquérito já aberto no STF que investiga a suposta participação do senador Edison Lobão (PMDB-MA) nos desvios de dinheiro de Belo Monte.
Juca também é alvo de quatro investigações. No Inquérito 3989, da Lava Jato, responde pelos crimes de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e corrupção passiva. Também é investigado nos inquéritos 3297, 2116, 2963 por crimes eleitorais, de responsabilidade e contra a ordem tributária, apropriação indébita previdenciária e falsidade ideológica.
Um dos procedimentos diz respeito à origem e ao destino de R$ 100 mil jogados para fora de um carro por um de seus auxiliares momentos antes de ser abordado pela polícia. O ato ocorreu durante a campanha eleitoral de 2010. O assessor disse que o dinheiro seria usado na campanha de Jucá.
Em outro inquérito Jucá é acusado de ser o verdadeiro dono de uma emissora de TV em Roraima, com histórico de crimes tributários, atrasos em indenizações trabalhistas e multas eleitorais pela administração das empresas que produzem a programação da emissora. Pela Constituição, deputados e senadores não podem ter participação em veículos de radiodifusão, por serem empresas concessionárias da administração pública.
A conferir o que vai ser deste país daqui em diante.
Outros "escolhidos"
Quem acompanha o noticiário de TVs e jornais internacionais sabe que, até bem pouco tempo atrás, o Brasil era destaque pela economia, pela descoberta do pré-sal, pelas políticas sociais - o Bolsa Família foi elogiado por Hillary Clinton em 2008, quando também era candidata à presidência dos EUA. Ela disse que queria implementar o Bolsa Família nos Estados Unidos –, e muitos outros programas sociais.
Atualmente, reportagens em inglês, francês, espanhol, italiano e alemão ganharam espaço nos principais veículos de comunicação do mundo que dedicam editoriais para falar da situação política no Brasil, após Michel Temer assumir interinamente a Presidência da República.
As notícias no exterior não são mais para analisar os avanços econômicos e sociais no Brasil, mas sim mostrar ao mundo a quantidade de políticos escolhido por Michel Temer para fazer parte do seu governo provisório, que atualmente respondem a processos criminais, que não de corrupção a tentativa de homicídio – caso do líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), aliado fiel de Eduardo Cunha (PMDB/RJ) e alvo também da Operação Lava Jato.
O jornal inglês The Guardian registrou a escolha de Moura para o posto de líder de Temer, apontando a responsabilidade do presidente em exercício sobre a indicação. Diz a reportagem: "O deputado André Moura, do conservador Partido Social Cristão, também está sendo investigado por participação na corrupção da empresa petrolífera estatal Petrobras. Moura disse na quarta-feira (18) que as acusações de tentativa de assassinato contra ele eram infundadas e feitas por um rival político no estado de Sergipe para arruinar sua carreira.
O The New York Times também noticiou a escolha de André Moura para a liderança do governo Temer: "Presidente do Brasil coloca deputado investigado na liderança do governo".
Uma rápida pesquisa no site do STF mostra que Moura é alvo de inquéritos por crimes de responsabilidade e violação da Lei de Licitações, formação de quadrilha, improbidade administrativa e peculato, além da ação pela acusação de tentativa de homicídio
André Moura já é réu em três ações penais no Supremo Tribunal Federal (STF), além de ter sido condenado, em segunda instância, por improbidade administrativa. Ele teria usado R$ 105,5 mil da prefeitura de Pirambu para pagar despesas suas e da família, com itens como bebida alcoólica e churrasco. Ele teve os direitos políticos suspensos por oito anos, o que só ocorrerá após o trânsito em julgado, ou seja, quando não houver mais a possibilidade de recurso.
Na Lava Jato, Moura é investigado em inquérito para apurar se Cunha contou com a ajuda de outros deputados para alterar medidas provisórias de interesse de empreiteiras ou para pressionar empresários por meio de requerimentos na Câmara.
Dos 23 políticos indicados por Michel Temer para ocupar ministérios, pelo menos 16 respondem ou já foram condenados por algum crime na Justiça comum ou eleitoral. O próprio Michel Temer é alvo de suspeitas de ligações ilícitas em pelo menos quatro investigações, todas baseadas em delações premiadas da Operação Lava Jato.
Além de Temer, foram ou estão sendo investigados os ministros Maurício Quintella (Transportes, Portos e Aviação Civil), José Serra (Relações Exteriores), Gilberto Kassab (Ciência e Tecnologia), Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo), Henrique Eduardo Alves (Turismo), Romero Jucá (Planejamento), Bruno Araújo (Cidades), Mendonça Filho (Educação e Cultura), Ricardo Barros (Saúde), Fernando Coelho Filho (Minas e Energia), Leonardo Picciani (Esporte), Helder Barbalho (Integração Nacional), Eliseu Padilha (Casa Civil), Blairo Maggi (Agricultura), Raul Jungmann (Defesa) e Osmar Terra (Desenvolvimento Social e Agrário).
Na Operação Lava Jato, Temer foi citado por delatores como responsável pelas indicações de Jorge Zelada e João Augusto Henriques para diretorias da Petrobras. Uma gravação em poder da Polícia Federal aponta que ele teria recebido R$ 5 milhões da construtora OAS.
O ex-senador Delcídio do Amaral, em depoimento na delação premiada, disse que Temer beneficiou-se de aquisição ilegal de etanol por meio da BR Distribuidora, entre 1997 e 2001, no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Aliás, por falar em Temer, o PSDB vai pedir investigação sobre as denúncias: "Amigo de Temer negociou contrato em Angra 3 que envolveu propina" e "Temer financiou candidatos em 2014 com doações de empresas da Lava Jato", que estão na imprensa hoje?
O ministro Gilberto Kassab, de Ciência e Tecnologia, também tem cinco investigações em andamento no Supremo, todas sobre irregularidades durante sua gestão na prefeitura da cidade de São Paulo.
Maurício Quintella (PR-AL), dos Transportes, foi condenado em agosto de 2014 por participação em um esquema que desviou dinheiro destinado ao pagamento de merenda escolar em Alagoas, entre 2003 e 2005. Na época, Quintella era secretário de Educação do Estado no governo de seu primo, o ex-governador Ronaldo Lessa
Ricardo Barros (PP-PR), da Saúde, é investigado desde novembro do ano passado no Inquérito 4157 por corrupção, peculato e crime contra a Lei de Licitações, num processo de publicidade da prefeitura de Maringá, quando o atual ministro era secretário de Indústria e Comércio do Paraná.
Depois de tomar posse no ministério, o deputado federal licenciado defendeu uma revisão do tamanho do SUS (Serviço Único de Saúde). Barros teve a campanha eleitoral financiada em parte por um dos principais operadores de planos de saúde do país, Elon Gomes de Almeida, que fez uma doação pessoal de R$ 100 mil à campanha de Barros em 2014. Ele é presidente da Aliança, administradora de planos de saúde e registrada na ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). Na campanha eleitoral de 2006, Ricardo Barros também recebeu doação de outro plano de saúde, a Unimed de Maringá (PR).
Na disputa eleitoral de 2014, Elon também fez doações individuais aos candidatos Carlos Sampaio (PSDB-SP), um dos principais articuladores na Câmara para o impeachment de Dilma, Eliana Calmon (PSB-BA), e Vital do Rêgo Filho (PMDB-PB). A campanha de Vital, então candidato ao governo da Paraíba e hoje ministro do TCU (Tribunal de Contas da União), recebeu R$ 600 mil como doação pessoal de Elon Gomes de Almeida, que no passado se tornou um dos alvos da Operação Acrônimo, da Polícia Federal .
Já Helder Barbalho (PMDB-PA), ex-prefeito de prefeito de Ananindeua (PA), é acusado de improbidade administrativa por estar envolvido em um esquema de desvio de cerca de R$ 2,78 milhões do SUS utilizando contratos irregulares com empresas "fantasmas" entre 2005 e 2012. Também é alvo de dois inquéritos sobre calúnia e difamação.
Para completar, o PMDB
O deputado federal Baleia Rossi (SP) será o novo líder do partido na Câmara. Rossi é empresário e está em seu primeiro mandato de deputado federal. Presidente do diretório estadual do PMDB de São Paulo, é próximo de Michel Temer, também paulista.
Ele foi apontado por investigados da Operação Alba Branca como recebedor de propina do esquema de merenda escolar em contratos assinados pela cooperativa Coaf nas prefeituras de Campinas e Ribeirão Preto – um caso em que membros do governo Geraldo Alckmin também são citados, como o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Fernando Capez (PSDB).
Diante desse quadro, a pergunta que se faz é: por onde anda aquele povo, cheio de moral, paladinos da luta contra a corrupção, que batia panela na hora em que a presidente fazia pronunciamentos pela TV ou pelas redes sociais, e usava o discurso de combatente da corrupção?
"Não era pelos 20 centavos." Agora que cumpriram sua função, os golpistas nem sequer procuram manter as aparências, mostrando que não há de fato nenhuma intenção de combater a corrupção, usada apenas como pretexto para viabilizar o golpe contra o governo Dilma.
Gravações obtidas pela Procuradoria-Geral da República apontam que o ministro do Planejamento, Romero Jucá, sugeriu um pacto para deter a Operação Lava Jato. De acordo com o jornal, o diálogo do peemedebista foi mantido com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, em março – semanas antes da votação do processo de impeachment de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados.
Na época, Machado estava procurando líderes do PMDB porque temia que as investigações contra ele fossem enviadas do STF para o juiz Sérgio Moro, em Curitiba. Em um dos trechos, o executivo afirma a Romero Jucá: "O Janot está a fim de pegar vocês e acham que sou o caminho; o caixa dois de vocês".
Na conversa, Jucá, que já havia sido citado em delações premiadas, sugere a necessidade de uma resposta política para evitar que as investigações chegassem ao juiz Sérgio Moro. "Tem que mudar o governo (de Dilma para Temer) para estancar essa sangria", declarou.
Jucá acrescentou que um eventual governo Michel Temer deveria construir um pacto nacional "com o Supremo, com tudo", quando Machado diz: "aí parava tudo". "É. Delimitava onde está, pronto", respondeu Jucá, que relatou manter conversas com "ministros do Supremo", sem citar nomes. Para Jucá, eles teriam relacionado a saída de Dilma ao fim das pressões da imprensa e de outros setores pela continuidade das investigações da Lava Jato.
Jucá afirmou que tem "poucos caras ali (no STF)" ao quais não tem acesso, e que um deles seria o ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no tribunal, "um cara fechado".
O agora ministro do Planejamento foi um dos articuladores do impeachment da presidenta Dilma.
Jucá, que também é senador eleito por Roraima, é suspeito de pedir R$ 1,5 milhão à construtora UTC, para a campanha do filho. O dinheiro seria uma contrapartida pelo contrato obtido para a construção da Usina Nuclear de Angra 3, no Rio de Janeiro.
Já o ex-presidente da Transpetro é alvo de inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal) ao lado do presidente do Senado, Renan Calheiros. Sérgio Machado teria entregue R$ 500 mil ao ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Na conversa, Sérgio Machado – que foi do PSDB antes de se filiar ao PMDB – diz ainda que "o primeiro a ser comido vai ser o Aécio (Neves, PSDB-MG)", e acrescenta: "O Aécio não tem condição, a gente sabe disso, porra. Quem que não sabe? Quem não conhece o esquema do Aécio? Eu, que participei de campanha do PSDB...". "É, a gente viveu tudo", completa Jucá.
De acordo com a reportagem, na gravação, Machado tenta refrescar a memória de Jucá: "O que que a gente fez junto, Romero, naquela eleição, para eleger os deputados, para ele (Aécio) ser presidente da Câmara?" Não houve resposta de Jucá. Aécio presidiu a Câmara dos Deputados entre 2001 e 2002.
Na sexta feira (20), o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a quebra do sigilo bancário e fiscal de Romero Jucá (PMDB-RR). A decisão foi tomada em um inquérito aberto no tribunal em 2004, em que Jucá é investigado por crime de responsabilidade quando ele era senador. O ministro teria elaborado emendas parlamentares para beneficiar ilegalmente a prefeitura de Cantá, em Roraima. O período dos dados sigilosos que serão analisados é de março de 1998 a dezembro de 2002. Romero Jucá também é alvo de novo pedido de abertura de inquérito feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra caciques do PMDB.
Além do ministro do Planejamento, o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e os senadores Valdir Raupp (RO) e Jader Barbalho (PA) são suspeitos de terem recebido propina em decorrência dos contratos firmados para a construção da usina de Belo Monte, no Pará. O esquema foi descoberto na Operação Lava Jato.
A suspeita é de que o grupo tenha cometido corrupção passiva qualificada e lavagem de dinheiro. Se o ministro Teori Zavascki concordar com o pedido de Janot, os quatro serão investigados no mesmo inquérito já aberto no STF que investiga a suposta participação do senador Edison Lobão (PMDB-MA) nos desvios de dinheiro de Belo Monte.
Juca também é alvo de quatro investigações. No Inquérito 3989, da Lava Jato, responde pelos crimes de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e corrupção passiva. Também é investigado nos inquéritos 3297, 2116, 2963 por crimes eleitorais, de responsabilidade e contra a ordem tributária, apropriação indébita previdenciária e falsidade ideológica.
Um dos procedimentos diz respeito à origem e ao destino de R$ 100 mil jogados para fora de um carro por um de seus auxiliares momentos antes de ser abordado pela polícia. O ato ocorreu durante a campanha eleitoral de 2010. O assessor disse que o dinheiro seria usado na campanha de Jucá.
Em outro inquérito Jucá é acusado de ser o verdadeiro dono de uma emissora de TV em Roraima, com histórico de crimes tributários, atrasos em indenizações trabalhistas e multas eleitorais pela administração das empresas que produzem a programação da emissora. Pela Constituição, deputados e senadores não podem ter participação em veículos de radiodifusão, por serem empresas concessionárias da administração pública.
A conferir o que vai ser deste país daqui em diante.
Outros "escolhidos"
Quem acompanha o noticiário de TVs e jornais internacionais sabe que, até bem pouco tempo atrás, o Brasil era destaque pela economia, pela descoberta do pré-sal, pelas políticas sociais - o Bolsa Família foi elogiado por Hillary Clinton em 2008, quando também era candidata à presidência dos EUA. Ela disse que queria implementar o Bolsa Família nos Estados Unidos –, e muitos outros programas sociais.
Atualmente, reportagens em inglês, francês, espanhol, italiano e alemão ganharam espaço nos principais veículos de comunicação do mundo que dedicam editoriais para falar da situação política no Brasil, após Michel Temer assumir interinamente a Presidência da República.
As notícias no exterior não são mais para analisar os avanços econômicos e sociais no Brasil, mas sim mostrar ao mundo a quantidade de políticos escolhido por Michel Temer para fazer parte do seu governo provisório, que atualmente respondem a processos criminais, que não de corrupção a tentativa de homicídio – caso do líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), aliado fiel de Eduardo Cunha (PMDB/RJ) e alvo também da Operação Lava Jato.
O jornal inglês The Guardian registrou a escolha de Moura para o posto de líder de Temer, apontando a responsabilidade do presidente em exercício sobre a indicação. Diz a reportagem: "O deputado André Moura, do conservador Partido Social Cristão, também está sendo investigado por participação na corrupção da empresa petrolífera estatal Petrobras. Moura disse na quarta-feira (18) que as acusações de tentativa de assassinato contra ele eram infundadas e feitas por um rival político no estado de Sergipe para arruinar sua carreira.
O The New York Times também noticiou a escolha de André Moura para a liderança do governo Temer: "Presidente do Brasil coloca deputado investigado na liderança do governo".
Uma rápida pesquisa no site do STF mostra que Moura é alvo de inquéritos por crimes de responsabilidade e violação da Lei de Licitações, formação de quadrilha, improbidade administrativa e peculato, além da ação pela acusação de tentativa de homicídio
André Moura já é réu em três ações penais no Supremo Tribunal Federal (STF), além de ter sido condenado, em segunda instância, por improbidade administrativa. Ele teria usado R$ 105,5 mil da prefeitura de Pirambu para pagar despesas suas e da família, com itens como bebida alcoólica e churrasco. Ele teve os direitos políticos suspensos por oito anos, o que só ocorrerá após o trânsito em julgado, ou seja, quando não houver mais a possibilidade de recurso.
Na Lava Jato, Moura é investigado em inquérito para apurar se Cunha contou com a ajuda de outros deputados para alterar medidas provisórias de interesse de empreiteiras ou para pressionar empresários por meio de requerimentos na Câmara.
Dos 23 políticos indicados por Michel Temer para ocupar ministérios, pelo menos 16 respondem ou já foram condenados por algum crime na Justiça comum ou eleitoral. O próprio Michel Temer é alvo de suspeitas de ligações ilícitas em pelo menos quatro investigações, todas baseadas em delações premiadas da Operação Lava Jato.
Além de Temer, foram ou estão sendo investigados os ministros Maurício Quintella (Transportes, Portos e Aviação Civil), José Serra (Relações Exteriores), Gilberto Kassab (Ciência e Tecnologia), Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo), Henrique Eduardo Alves (Turismo), Romero Jucá (Planejamento), Bruno Araújo (Cidades), Mendonça Filho (Educação e Cultura), Ricardo Barros (Saúde), Fernando Coelho Filho (Minas e Energia), Leonardo Picciani (Esporte), Helder Barbalho (Integração Nacional), Eliseu Padilha (Casa Civil), Blairo Maggi (Agricultura), Raul Jungmann (Defesa) e Osmar Terra (Desenvolvimento Social e Agrário).
Na Operação Lava Jato, Temer foi citado por delatores como responsável pelas indicações de Jorge Zelada e João Augusto Henriques para diretorias da Petrobras. Uma gravação em poder da Polícia Federal aponta que ele teria recebido R$ 5 milhões da construtora OAS.
O ex-senador Delcídio do Amaral, em depoimento na delação premiada, disse que Temer beneficiou-se de aquisição ilegal de etanol por meio da BR Distribuidora, entre 1997 e 2001, no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Aliás, por falar em Temer, o PSDB vai pedir investigação sobre as denúncias: "Amigo de Temer negociou contrato em Angra 3 que envolveu propina" e "Temer financiou candidatos em 2014 com doações de empresas da Lava Jato", que estão na imprensa hoje?
O ministro Gilberto Kassab, de Ciência e Tecnologia, também tem cinco investigações em andamento no Supremo, todas sobre irregularidades durante sua gestão na prefeitura da cidade de São Paulo.
Maurício Quintella (PR-AL), dos Transportes, foi condenado em agosto de 2014 por participação em um esquema que desviou dinheiro destinado ao pagamento de merenda escolar em Alagoas, entre 2003 e 2005. Na época, Quintella era secretário de Educação do Estado no governo de seu primo, o ex-governador Ronaldo Lessa
Ricardo Barros (PP-PR), da Saúde, é investigado desde novembro do ano passado no Inquérito 4157 por corrupção, peculato e crime contra a Lei de Licitações, num processo de publicidade da prefeitura de Maringá, quando o atual ministro era secretário de Indústria e Comércio do Paraná.
Depois de tomar posse no ministério, o deputado federal licenciado defendeu uma revisão do tamanho do SUS (Serviço Único de Saúde). Barros teve a campanha eleitoral financiada em parte por um dos principais operadores de planos de saúde do país, Elon Gomes de Almeida, que fez uma doação pessoal de R$ 100 mil à campanha de Barros em 2014. Ele é presidente da Aliança, administradora de planos de saúde e registrada na ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). Na campanha eleitoral de 2006, Ricardo Barros também recebeu doação de outro plano de saúde, a Unimed de Maringá (PR).
Na disputa eleitoral de 2014, Elon também fez doações individuais aos candidatos Carlos Sampaio (PSDB-SP), um dos principais articuladores na Câmara para o impeachment de Dilma, Eliana Calmon (PSB-BA), e Vital do Rêgo Filho (PMDB-PB). A campanha de Vital, então candidato ao governo da Paraíba e hoje ministro do TCU (Tribunal de Contas da União), recebeu R$ 600 mil como doação pessoal de Elon Gomes de Almeida, que no passado se tornou um dos alvos da Operação Acrônimo, da Polícia Federal .
Já Helder Barbalho (PMDB-PA), ex-prefeito de prefeito de Ananindeua (PA), é acusado de improbidade administrativa por estar envolvido em um esquema de desvio de cerca de R$ 2,78 milhões do SUS utilizando contratos irregulares com empresas "fantasmas" entre 2005 e 2012. Também é alvo de dois inquéritos sobre calúnia e difamação.
Para completar, o PMDB
O deputado federal Baleia Rossi (SP) será o novo líder do partido na Câmara. Rossi é empresário e está em seu primeiro mandato de deputado federal. Presidente do diretório estadual do PMDB de São Paulo, é próximo de Michel Temer, também paulista.
Ele foi apontado por investigados da Operação Alba Branca como recebedor de propina do esquema de merenda escolar em contratos assinados pela cooperativa Coaf nas prefeituras de Campinas e Ribeirão Preto – um caso em que membros do governo Geraldo Alckmin também são citados, como o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Fernando Capez (PSDB).
Diante desse quadro, a pergunta que se faz é: por onde anda aquele povo, cheio de moral, paladinos da luta contra a corrupção, que batia panela na hora em que a presidente fazia pronunciamentos pela TV ou pelas redes sociais, e usava o discurso de combatente da corrupção?
"Não era pelos 20 centavos." Agora que cumpriram sua função, os golpistas nem sequer procuram manter as aparências, mostrando que não há de fato nenhuma intenção de combater a corrupção, usada apenas como pretexto para viabilizar o golpe contra o governo Dilma.
Que Deus nos acuda e desperte as consciências de todos: dos 'melhorzinhos' para
ResponderExcluirreagirem,despertarem, e dos piores para ver se se arrependem,nem que seja pela
metade,que já seria alguma coisa...