Por A. Sergio Barroso, no blog de Renato Rabelo:
As indicações de Meirelles e Goldfajn, e especialmente as controvérsias iniciais sobre a CPMF (Skaf e Paulo Pereira, de imediato contrários), pareciam - só pareciam - sinais contraditórios sobre as políticas cambial e monetária. As nomeações - por um núcleo de governo provisório recheado de reacionários e corruptos - para a equipe econômica apontam a clara hegemonia no interino governo Temer do grande capital financeiro (local e forâneo). Quem, sibilina e efetivamente utilizou do peso pesado da burguesia industrial (especialmente a paulista) como aríete principal das classes dominantes para a campanha pelo impeachment. Esta, esperneia radicalmente contra novos impostos, ainda que provisórios.
Sabe-se bem que a política econômica que vinha prevalecendo sob Barbosa e e Tombini promoveu a desvalorização do real, barateando as exportações e, desse modo, positivando e equacionando o déficit nas contas correntes do balanço de pagamentos que afligia o país.
Ora, como primeiro e concreto sinal da alteração de rumos da política econômica, a queda de 5,13% do dólar em junho de imediato serviu para atrair os importadores, aproveitando-se quando a moeda americana chegou a ser negociada a R$ 3,3625 (mínima diária do ano, em 9 de junho). Logo, especuladores fizeram hedge de custos comprando dólar. Por exemplo: o especulador Leonardo Veras (Rabobank), afirmou que a queda do dólar para perto de R$ 3,40 “acabou atraindo os importadores de insumos, que aproveitaram para comprar dólares e travar os custos”.
Por outro lado, antes do no anúncio do chamado “teto de gasto de 30 anos”, as negociações entre Estados e equipe econômica do governo interino para a renegociação das dívidas fracassaram. Depois de três horas de reunião, a Fazenda apresentou uma contraproposta em que deixa claro que não há espaço fiscal para mudar o índice de correção do estoque das dívidas, assim como conceder uma carência de 100% dos pagamentos por 24 meses (duas principais reivindicações dos governadores). Secretários estaduais informaram após que a Fazenda propôs uma carência escalonada por 18 meses, começando em 100% e reduzindo cinco pontos percentuais por mês, com objetivo de manter o impacto fiscal do Tesouro Nacional em R$ 28 bilhões, o previsto na proposta inicial de carência de 40% por 24 meses. [1]
Vendeta ultraliberal
Aliás, no discurso de posse no BC, Goldfajn foi explícito de como vai conduzir a política macroeconômica: é preciso substituir os efeitos da política econômica do governo afastado pelo “velho e bom tripé macroeconômico”, compostapor “responsabilidade fiscal”, “controle da inflação” e “câmbio flutuante”- disse. Mentindo descaradamente, afirmou então: esses fatores é que permitiram ao Brasil ascender econômica e socialmente num passado não muito distante.
Após anunciar, na prática, a dissolução do ministério do Desenvolvimento, noutra questão crucial, a política monetária, tornou-se óbvio do que desejam fazer com a política de juros. Goldfajn pôs na diretoria de Política Econômica (a de maior influência nas decisões sobre a taxa básica de juros), Carlos Viana de Carvalho, professor da PUC-Rio com atuação no mercado financeiro que já trabalhou no banco central dos EUA!
Também suficiente lembrar a todos que ele mesmo, quando sócio e ex-economista-chefe do Itaú-Unibanco, Ilan Goldfajn escreveu em artigo publicado pelo O Globo (5 de março de 2013), enfatizando que, para vencer a inflação “possa ser necessário temporariamente reduzir o consumo e desaquecer o mercado de trabalho” [recessão e aumentar o desemprego].
Sobre sua nomeação por Meirelles/Temer, disse Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos: “Não acredito que a nomeação dele significa uma antecipação de corte de juros. Uma coisa é o analista traçando cenários em uma instituição financeira, outra coisa é o presidente do BC. São coisas completamente distintas”. O que contraria declarações do próprio Ilan de poucos dias atrás, assim como de ser necessário a criação de um novo imposto junto ao “teto” para o gasto público.
Meirelles, achando pouco, indicou Mansueto de Almeida, neoliberal até a tampa, que ganhou notoriedade no país ao criticar, nos últimos anos, a chamada “contabilidade criativa” adotada pela equipe do ex-ministro Guido Mantega – e amplamente usada por FHC. Mansueto especializou-se em explicar detalhadamente as chamadas “pedaladas fiscais” antes mesmo delas terem sido condenadas como “crime” pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
Outro insuspeito indicado, Carlos Hamilton, foi crítico feroz à política fiscal expansionista de Mantega no fim do governo do ex-presidente Lula e no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff. Ele saiu do BC no início de 2015 e foi trabalhar com Meirelles no grupo J&F, controlador da JBS. Agora, Hamilton será o novo secretário de Política Econômica. O tal de Marcelo Abi-Ramia Caetano está na Secretaria da Previdência, órgão que será criado com a incorporação do Ministério da Previdência Social pelo Ministério da Fazenda. Caetano é colega de Mansueto no IPEA, do qual é funcionário desde 1997.
A conexão Wall Street
Como revelara o eminente professor Moniz Bandeira (Carta Capital, 18 de maio de 2016), “há fortes indícios” de que o capital financeiro internacional” (de que Wall Street e Washington) cevaram a crise política e institucional, aguçando feroz luta de classes no Brasil. Para Moniz Bandeira, se a mídia, nos Estados Unidos, manifestou-se duramente contra o impeachment de Dilma Rousseff, criticou-o como golpe de Estado, “no entanto o capital financeiro nacional e internacional, certamente a CIA e a National Endowment for Democracy (NED), estiveram por trás da crise política e institucional”.
Alertando depois, gravemente, para uma estratégia de amplia a presença de bases militares americanas, a partir da cedência de Carlos Macris, na Argentina, assevera bandeira que os EUA “não se conformam com o fato de o Brasil integrar o bloco conhecido como BRICs e seja um dos membros do banco em Shangai, que visa a concorrer com o FMI e o Banco Mundial”. [2]
De acordo ainda com o economista canadense Michel Chossudovski – detalhista e enfático –[3] deveu-se a Wall Street e ao ideário dos defensores do “Consenso de Washington”, a indicação do governo interino pós-golpe de Michel Temer de um antigo presidente-executivo da Wall Street “com cidadania estadunidense” para chefia do Ministério da Fazenda: Henrique de Campos Meirelles, ex-presidente do Fleet Boston Financial’s Global Banking (1999-2002) e antigo presidente do Banco Central sob a presidência Lula foi nomeado ministro das Finanças em 12 de Maio.
Com o real “fortemente dolarizado” pensa Chossudovski que a intenção da Wall Street é manter o Brasil num colete de força monetário, relacionando a atual dívida interna com um crescimento do endividamento externo do país. E que, desde o governo de FHC, “Wall Street tem exercido controle sobre nomeações econômicas chaves”, incluindo o Ministério das Fazenda, o Banco do Brasil e o Banco Central. E não exagera o pesquisador quando afirma que “sob os governos” de Fernando Henrique Cardoso e de Lula, “as nomeações do governador do Banco Central eram aprovadas por Wall Street”.
Genealogia da bandidagem financeira
O canadense discorre ademais sobre a inacreditável “coincidência” dos vínculos de vários dirigentes da Fazenda e do BC do Brasil, com a alta finança estadunidense e global.
Lembra, a exemplo, que Ilan Goldfajn possui dupla cidadania: israelense-brasileira; que Goldfajn é discípulo e amigo de Stanley Fischer, de também dupla cidadania, israelense-norte-americana, ex-FMI e atual vice-presidente do Fed (Banco Central dos EUA).
Recorda ainda que Armínio Fraga, ex-presidente do BC brasileiro de FHC e ex-principal operador do “Quantum Group of Funds, isto é, o braço direito do maior “ladrão de casaca” da era neoliberal e megaespeculador e financiador de “ongs” contrarrevolucionárias mundo afora, George Soros!
Sabe-se bem que a política econômica que vinha prevalecendo sob Barbosa e e Tombini promoveu a desvalorização do real, barateando as exportações e, desse modo, positivando e equacionando o déficit nas contas correntes do balanço de pagamentos que afligia o país.
Ora, como primeiro e concreto sinal da alteração de rumos da política econômica, a queda de 5,13% do dólar em junho de imediato serviu para atrair os importadores, aproveitando-se quando a moeda americana chegou a ser negociada a R$ 3,3625 (mínima diária do ano, em 9 de junho). Logo, especuladores fizeram hedge de custos comprando dólar. Por exemplo: o especulador Leonardo Veras (Rabobank), afirmou que a queda do dólar para perto de R$ 3,40 “acabou atraindo os importadores de insumos, que aproveitaram para comprar dólares e travar os custos”.
Por outro lado, antes do no anúncio do chamado “teto de gasto de 30 anos”, as negociações entre Estados e equipe econômica do governo interino para a renegociação das dívidas fracassaram. Depois de três horas de reunião, a Fazenda apresentou uma contraproposta em que deixa claro que não há espaço fiscal para mudar o índice de correção do estoque das dívidas, assim como conceder uma carência de 100% dos pagamentos por 24 meses (duas principais reivindicações dos governadores). Secretários estaduais informaram após que a Fazenda propôs uma carência escalonada por 18 meses, começando em 100% e reduzindo cinco pontos percentuais por mês, com objetivo de manter o impacto fiscal do Tesouro Nacional em R$ 28 bilhões, o previsto na proposta inicial de carência de 40% por 24 meses. [1]
Vendeta ultraliberal
Aliás, no discurso de posse no BC, Goldfajn foi explícito de como vai conduzir a política macroeconômica: é preciso substituir os efeitos da política econômica do governo afastado pelo “velho e bom tripé macroeconômico”, compostapor “responsabilidade fiscal”, “controle da inflação” e “câmbio flutuante”- disse. Mentindo descaradamente, afirmou então: esses fatores é que permitiram ao Brasil ascender econômica e socialmente num passado não muito distante.
Após anunciar, na prática, a dissolução do ministério do Desenvolvimento, noutra questão crucial, a política monetária, tornou-se óbvio do que desejam fazer com a política de juros. Goldfajn pôs na diretoria de Política Econômica (a de maior influência nas decisões sobre a taxa básica de juros), Carlos Viana de Carvalho, professor da PUC-Rio com atuação no mercado financeiro que já trabalhou no banco central dos EUA!
Também suficiente lembrar a todos que ele mesmo, quando sócio e ex-economista-chefe do Itaú-Unibanco, Ilan Goldfajn escreveu em artigo publicado pelo O Globo (5 de março de 2013), enfatizando que, para vencer a inflação “possa ser necessário temporariamente reduzir o consumo e desaquecer o mercado de trabalho” [recessão e aumentar o desemprego].
Sobre sua nomeação por Meirelles/Temer, disse Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos: “Não acredito que a nomeação dele significa uma antecipação de corte de juros. Uma coisa é o analista traçando cenários em uma instituição financeira, outra coisa é o presidente do BC. São coisas completamente distintas”. O que contraria declarações do próprio Ilan de poucos dias atrás, assim como de ser necessário a criação de um novo imposto junto ao “teto” para o gasto público.
Meirelles, achando pouco, indicou Mansueto de Almeida, neoliberal até a tampa, que ganhou notoriedade no país ao criticar, nos últimos anos, a chamada “contabilidade criativa” adotada pela equipe do ex-ministro Guido Mantega – e amplamente usada por FHC. Mansueto especializou-se em explicar detalhadamente as chamadas “pedaladas fiscais” antes mesmo delas terem sido condenadas como “crime” pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
Outro insuspeito indicado, Carlos Hamilton, foi crítico feroz à política fiscal expansionista de Mantega no fim do governo do ex-presidente Lula e no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff. Ele saiu do BC no início de 2015 e foi trabalhar com Meirelles no grupo J&F, controlador da JBS. Agora, Hamilton será o novo secretário de Política Econômica. O tal de Marcelo Abi-Ramia Caetano está na Secretaria da Previdência, órgão que será criado com a incorporação do Ministério da Previdência Social pelo Ministério da Fazenda. Caetano é colega de Mansueto no IPEA, do qual é funcionário desde 1997.
A conexão Wall Street
Como revelara o eminente professor Moniz Bandeira (Carta Capital, 18 de maio de 2016), “há fortes indícios” de que o capital financeiro internacional” (de que Wall Street e Washington) cevaram a crise política e institucional, aguçando feroz luta de classes no Brasil. Para Moniz Bandeira, se a mídia, nos Estados Unidos, manifestou-se duramente contra o impeachment de Dilma Rousseff, criticou-o como golpe de Estado, “no entanto o capital financeiro nacional e internacional, certamente a CIA e a National Endowment for Democracy (NED), estiveram por trás da crise política e institucional”.
Alertando depois, gravemente, para uma estratégia de amplia a presença de bases militares americanas, a partir da cedência de Carlos Macris, na Argentina, assevera bandeira que os EUA “não se conformam com o fato de o Brasil integrar o bloco conhecido como BRICs e seja um dos membros do banco em Shangai, que visa a concorrer com o FMI e o Banco Mundial”. [2]
De acordo ainda com o economista canadense Michel Chossudovski – detalhista e enfático –[3] deveu-se a Wall Street e ao ideário dos defensores do “Consenso de Washington”, a indicação do governo interino pós-golpe de Michel Temer de um antigo presidente-executivo da Wall Street “com cidadania estadunidense” para chefia do Ministério da Fazenda: Henrique de Campos Meirelles, ex-presidente do Fleet Boston Financial’s Global Banking (1999-2002) e antigo presidente do Banco Central sob a presidência Lula foi nomeado ministro das Finanças em 12 de Maio.
Com o real “fortemente dolarizado” pensa Chossudovski que a intenção da Wall Street é manter o Brasil num colete de força monetário, relacionando a atual dívida interna com um crescimento do endividamento externo do país. E que, desde o governo de FHC, “Wall Street tem exercido controle sobre nomeações econômicas chaves”, incluindo o Ministério das Fazenda, o Banco do Brasil e o Banco Central. E não exagera o pesquisador quando afirma que “sob os governos” de Fernando Henrique Cardoso e de Lula, “as nomeações do governador do Banco Central eram aprovadas por Wall Street”.
Genealogia da bandidagem financeira
O canadense discorre ademais sobre a inacreditável “coincidência” dos vínculos de vários dirigentes da Fazenda e do BC do Brasil, com a alta finança estadunidense e global.
Lembra, a exemplo, que Ilan Goldfajn possui dupla cidadania: israelense-brasileira; que Goldfajn é discípulo e amigo de Stanley Fischer, de também dupla cidadania, israelense-norte-americana, ex-FMI e atual vice-presidente do Fed (Banco Central dos EUA).
Recorda ainda que Armínio Fraga, ex-presidente do BC brasileiro de FHC e ex-principal operador do “Quantum Group of Funds, isto é, o braço direito do maior “ladrão de casaca” da era neoliberal e megaespeculador e financiador de “ongs” contrarrevolucionárias mundo afora, George Soros!
Notas
[1] Em: [http://www.valor.com.br/brasil/4595941/fazenda-e-secretarios-nao-chegam-acordo-sobre-dividas]
[2] ver: [http://www.grabois.org.br/portal/entrevistas/152847/2016-06-15/moniz-bandeira-bases-na-argentina-fazem-parte-do-cerco-dos-eua-ao-brasil]
[3] Ver: original em http://www.globalresearch.ca/wall-street-behind-brazil-coup-d-etat/5526715.
[1] Em: [http://www.valor.com.br/brasil/4595941/fazenda-e-secretarios-nao-chegam-acordo-sobre-dividas]
[2] ver: [http://www.grabois.org.br/portal/entrevistas/152847/2016-06-15/moniz-bandeira-bases-na-argentina-fazem-parte-do-cerco-dos-eua-ao-brasil]
[3] Ver: original em http://www.globalresearch.ca/wall-street-behind-brazil-coup-d-etat/5526715.
Tá tudo dominado !!!
ResponderExcluirYANKEES GO HOME !!!
FORA GOLPISTAS ENTREGUISTAS !!!
FORA TEMER e sua QUADRILHA !!!