Por Victor Labaki, na revista Fórum:
Na última sexta-feira (15) na Quadra do Sindicato dos Bancários, no centro de São Paulo, intelectuais, políticos, jornalistas, militantes de movimentos sociais se reuniram para o debate de lançamento do livro “Por que gritamos golpe? Para entender o impeachment e a crise política no Brasil”, da editora Boitempo.
A publicação construída por 30 autores reúne uma coletânea de textos, charges e fotos feitas por pesquisadores, professores, ativistas, representantes de movimentos sociais, jornalistas e figuras políticas. A epígrafe é de Paulo Arantes, textos de capa de Boaventura de Sousa Santos e Luiza Erundina, charges de Laerte Coutinho e fotos do coletivo mídia NINJA.
No debate, o jornalista Mauro Lopes comentou o papel crucial que a imprensa teve para que o processo de impeachment saísse do papel. Segundo ele, a grande imprensa brasileira possui a função de “manter congelada a estrutura de distribuição de renda no País”.
“Houve a percepção de que de alguma maneira os governos do PT, com todos os problemas que tiveram, colocaram sob alguma ameaça esse congelamento da distribuição de renda, esse é o tema que moveu o golpe e o que move o golpe ainda hoje”, disse.
Apesar de ser um debate de lançamento do livro, o evento não contou apenas com os autores, mas também acabou reunindo outras personalidades que se posicionam contra o afastamento da presidenta eleita Dilma Rousseff. O psicanalista Tales Ab’Saber disse que o governo Temer é uma “fachada política para o verdadeiro governo do mercado do Brasil”.
“Existe uma articulação forte e significativa da direita brasileira que desde o fim da ditadura militar não encontrava um modo de se tornar força política real e agora encontrou”, disse.
Para Ab’Saber um governo com as medidas e propostas do governo Temer jamais teria condições de ter sido eleito pelas urnas.
“Um governo político extremamente fraco, não representativo, um governo que não teria condição de se eleger de nenhum modo, não corresponde a nada dos processos eleitorais. No entanto, corresponde a um movimento de direita real que conseguiu articular este golpe”, completou.
A secretária-adjunta da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo e uma das autoras do livro, Djamila Ribeiro, comentou como que o golpe prejudica a população negra e as outras minorias brasileiras.
“É inegável que nos últimos anos a gente teve vários avanços importantes para a população negra, demandas históricas da população negra começaram a ser atendidas, a gente começou a acessar espaços que antes não acessava. Um golpe é um retrocesso porque barra esses avanços”, disse.
Djamila disse que a extinção de ministérios importantes como a Secretária de Políticas Públicas mostra como o governo interino lida com essas questões. “Dando as costas para elas e fazendo com que a gente viva um retrocesso muito grande e barre esses avanços tão importantes que finalmente a gente estava tendo no Brasil”, disse.
O deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) se posicionou contrário ao golpe dizendo que a democracia é um processo longo e que sempre tem que estar em construção.
“A construção da democracia é um longo processo, de valores inclusive. Nos não poderíamos de forma nenhuma deixar que uma Presidente da República democraticamente eleita fosse cassada por uma questão contábil, por um álibi falso”, disse.
Serviço:
Na última sexta-feira (15) na Quadra do Sindicato dos Bancários, no centro de São Paulo, intelectuais, políticos, jornalistas, militantes de movimentos sociais se reuniram para o debate de lançamento do livro “Por que gritamos golpe? Para entender o impeachment e a crise política no Brasil”, da editora Boitempo.
A publicação construída por 30 autores reúne uma coletânea de textos, charges e fotos feitas por pesquisadores, professores, ativistas, representantes de movimentos sociais, jornalistas e figuras políticas. A epígrafe é de Paulo Arantes, textos de capa de Boaventura de Sousa Santos e Luiza Erundina, charges de Laerte Coutinho e fotos do coletivo mídia NINJA.
No debate, o jornalista Mauro Lopes comentou o papel crucial que a imprensa teve para que o processo de impeachment saísse do papel. Segundo ele, a grande imprensa brasileira possui a função de “manter congelada a estrutura de distribuição de renda no País”.
“Houve a percepção de que de alguma maneira os governos do PT, com todos os problemas que tiveram, colocaram sob alguma ameaça esse congelamento da distribuição de renda, esse é o tema que moveu o golpe e o que move o golpe ainda hoje”, disse.
Apesar de ser um debate de lançamento do livro, o evento não contou apenas com os autores, mas também acabou reunindo outras personalidades que se posicionam contra o afastamento da presidenta eleita Dilma Rousseff. O psicanalista Tales Ab’Saber disse que o governo Temer é uma “fachada política para o verdadeiro governo do mercado do Brasil”.
“Existe uma articulação forte e significativa da direita brasileira que desde o fim da ditadura militar não encontrava um modo de se tornar força política real e agora encontrou”, disse.
Para Ab’Saber um governo com as medidas e propostas do governo Temer jamais teria condições de ter sido eleito pelas urnas.
“Um governo político extremamente fraco, não representativo, um governo que não teria condição de se eleger de nenhum modo, não corresponde a nada dos processos eleitorais. No entanto, corresponde a um movimento de direita real que conseguiu articular este golpe”, completou.
A secretária-adjunta da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo e uma das autoras do livro, Djamila Ribeiro, comentou como que o golpe prejudica a população negra e as outras minorias brasileiras.
“É inegável que nos últimos anos a gente teve vários avanços importantes para a população negra, demandas históricas da população negra começaram a ser atendidas, a gente começou a acessar espaços que antes não acessava. Um golpe é um retrocesso porque barra esses avanços”, disse.
Djamila disse que a extinção de ministérios importantes como a Secretária de Políticas Públicas mostra como o governo interino lida com essas questões. “Dando as costas para elas e fazendo com que a gente viva um retrocesso muito grande e barre esses avanços tão importantes que finalmente a gente estava tendo no Brasil”, disse.
O deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) se posicionou contrário ao golpe dizendo que a democracia é um processo longo e que sempre tem que estar em construção.
“A construção da democracia é um longo processo, de valores inclusive. Nos não poderíamos de forma nenhuma deixar que uma Presidente da República democraticamente eleita fosse cassada por uma questão contábil, por um álibi falso”, disse.
Serviço:
Título: Por que gritamos Golpe?
Organizadores: Ivana Jinkings, Kim Doria e Murilo Cleto
Número de páginas: 176
Preço: R$15 | R$7,50 ebook
Coleção: Tinta Vermelha
Editora: Boitempo
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