Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:
Apesar de a Operação Lava Jato e a mídia anti Lula tentarem transformar em verdadeiros palácios imóveis que afirmam que o ex-presidente só poderia ter adquirido aceitando propina, na verdade os já lendários tríplex no Guarujá e Sítio em Atibaia são propriedades modestas, de classe média, e, mesmo que fossem de Lula, seriam compatíveis com seus rendimentos.
O apartamento de número 164 A do edifício Solaris, no Guarujá, tem 215 metros quadrados. É um imóvel típico de classe média. O Blog fez uma pesquisa e descobriu que os apartamentos desse prédio pertencem a gerentes de banco, médicos, advogados e até a representantes comerciais, entre outros.
Apesar de toda a mística criada pela mídia, não é sem razão que as imagens do apartamento em si que a mídia divulga são sempre imagens publicitárias do empreendimento imobiliário, em geral produzidas em computador e mostrando o apartamento mobiliado. A intenção é a de vender ao público a imagem de um imóvel nababesco.
Vale conferir imagens mais, digamos, “pé no chão” do imóvel pelo qual a Lava Jato e a mídia anti Lula dizem que o ex-presidente vendeu sua alma.
Quanto ao preço desse imóvel que dizem que fez Lula perder a cabeça e roubar o país, a mídia diz que custa “entre 1,5 e 1,8 milhão de reais”. As avaliações pouco confiáveis da mídia antipetista e antilulista podem ser conferidas aqui, aqui ou aqui
Um detalhe: não existe prova de que o apartamento pertença a Lula, apesar de ser um imóvel tão modesto (em se tratando de um ex-presidente). Para termo de comparação, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso comprou recentemente um apartamento de 200 mil euros para filho que teve – ou que pensou ter tido – fora do casamento e outro apartamento de 950 mil reais para a nova esposa, 46 anos mais jovem que ele.
De onde vem o dinheiro para o tucano comprar imóveis tão caros para dar de presente? Qual é a atividade de FHC que está lhe rendendo tanto dinheiro? Para Ministério Público, Polícia Federal etc., não vem ao caso.
Quanto ao sítio em Atibaia que os inimigos de Lula na mídia, no Ministério Público e na PF dizem ser dele, esse é alvo de uma campanha ridícula que tenta transformar uma propriedade de meros 800 mil reais (valor lançado em escritura e que não sofreu contestação dos investigadores anti Lula) em outra propriedade nababesca.
A mídia chegou a alardear que o sítio em Atibaia (SP) que dizem ser de Lula tem “até um Cristo Redentor”. Nas imagens abaixo, você confere essa propriedade “faraônica”.
No último domingo, porém, um fato inédito no jornalismo corporativo brasileiro mostra quão diferentes são os critérios para tratar homens públicos no Brasil. Reportagem do jornal Folha de São Paulo revelou que executivos da empreiteira Norberto Odebrecht afirmaram aos investigadores da Operação Lava Jato que a empresa pagou ao ministro das Relações Exteriores, José Serra (PSDB-SP), R$ 23 milhões por baixo do pano.
No âmbito da delação premiada de executivos e do próprio presidente da empreiteira, para comprovar que houve o pagamento por meio de caixa dois a Serra a Odebrecht vai apresentar extratos bancários de depósitos realizados fora do país que tinham como destinatário o ex-governador de São Paulo e atual senador pelo Estado.
A Folha também apurou que funcionários da companhia relatarão que os pagamentos foram propina a Serra no período em que ele foi governador de São Paulo (de 2007 a 2010). Os pagamentos estariam vinculados à construção do trecho sul do Rodoanel Mário Covas, obra que não termina nunca – os tucanos governam São Paulo há vinte anos e essa obra já dura uma década.
Contudo, a cereja do bolo é que, em valores atualizados, a suposta propina atinge 34,5 milhões de reais.
Vale lembrar que a Odebrechet é só uma das empreiteiras que acusam Serra. Em junho, saiu timidamente na imprensa antipetista que a empreiteira OAS também afirma, em acordo de delação premiada, ter pago propina a Serra. O valor dos pagamentos não foi divulgado, mas é perfeitamente verossímil supor que não sejam valores muito diferentes dos denunciados pela Odebrechet.
Este Blog não acredita na denúncia contra Serra, assim como não acredita nas denúncias contra Lula. Em benefício do Estado Democrático de Direito, ambos devem ser considerados inocentes enquanto seus acusadores não provarem o que dizem.
Lula foi acusado sem provas, com base em suspeitas e especulações de procuradores. Serra foi acusado com mais elementos. Há provas testemunhais contra ele, enquanto que, contra Lula, vale repetir, só existem suposições de investigadores da Lava Jato. Contudo, os acusadores de Serra têm que provar o que dizem, assim como os procuradores têm que provar as acusações que fazem a Lula.
O que espanta, enoja, indigna, porém, é que a mídia, setores da opinião pública e a própria Lava Jato tratam os dois políticos de forma diametralmente diferente. Não querem saber de presunção de inocência para Lula, mas querem o benefício para Serra. Aliás, os próprios tucanos condenam Lula com base nas evidências contra si, mas absolvem Serra apesar de pesarem contra si evidências igualmente sérias.
E não é só. Apesar das denúncias contra Serra, ele ainda não responde a processo. Como sempre, quando se trata do PSDB as providências da Justiça demoram tanto que eventuais crimes acabam ficando impunes. O mensalão do PT, por exemplo, foi julgado em apenas seis anos. Já o mensalão do PSDB está parado na Justiça há 18 anos.
A comparação entre os casos de Serra e Lula, porém, é de uma eloquência tonitruante. Só para efeito de comparação, os 34,5 milhões de reais de propina que o tucano teria recebido só da Odebrechet seriam suficientes para comprar 13 triplex e 13 sítios em Atibaia.
Apesar disso, a notícia saiu uma única vez na Folha, o resto da mídia soltou notinhas escondidas nos dias seguintes, o Jornal Nacional não noticiou absolutamente nada e o caso caminha celeremente para o ostracismo.
Os colunistas e editorialistas da mídia antipetista e até os comentaristas de internet, eternamente indignados com a “corrupção do PT”, não dizem nada, não cobram apurações, não fazem uma única das ilações que fazem quando a denúncia é contra petistas.
Eis por que este Blog não aceita o linchamento de Lula ou do PT sob a desculpa de repúdio à corrupção. Se houvesse tratamento igual para denúncias igualmente graves contra uns e outros, aqui não haveria a menor queixa – talvez contra o julgamento precipitado e a violação da presunção da inocência. Mas acusar e condenar uns sem julgamento e absolver outros sem nem investigar, isso é inaceitável.
Ou a lei vale igual para todos ou não vale para ninguém. Ou o repúdio à corrupção vale para todos os acusados ou não passa de farsa. E é facílimo mostrar como as suspeitas de corrupção contra tucanos e seus aliados são tratadas diferente das suspeitas contra petistas e os seus.
É irônico a acusação de roubo de dinheiro público contra Serra envolver valores 13 vezes maiores do que os da acusação contra Lula. E é simbólico.
Vale a antiga premissa de que, no Brasil, para ficar impune é preciso roubar muito. Mesmo se formos admitir que tanto o petista quanto o tucano são “ladrões” – e isso é inadmissível, até prova em contrário –, fica claro que o segredo da impunidade dos tucanos pode ser roubarem muito, o suficiente para comprar morosidade da Justiça, comprar impunidade.
Apesar de a Operação Lava Jato e a mídia anti Lula tentarem transformar em verdadeiros palácios imóveis que afirmam que o ex-presidente só poderia ter adquirido aceitando propina, na verdade os já lendários tríplex no Guarujá e Sítio em Atibaia são propriedades modestas, de classe média, e, mesmo que fossem de Lula, seriam compatíveis com seus rendimentos.
O apartamento de número 164 A do edifício Solaris, no Guarujá, tem 215 metros quadrados. É um imóvel típico de classe média. O Blog fez uma pesquisa e descobriu que os apartamentos desse prédio pertencem a gerentes de banco, médicos, advogados e até a representantes comerciais, entre outros.
Apesar de toda a mística criada pela mídia, não é sem razão que as imagens do apartamento em si que a mídia divulga são sempre imagens publicitárias do empreendimento imobiliário, em geral produzidas em computador e mostrando o apartamento mobiliado. A intenção é a de vender ao público a imagem de um imóvel nababesco.
Vale conferir imagens mais, digamos, “pé no chão” do imóvel pelo qual a Lava Jato e a mídia anti Lula dizem que o ex-presidente vendeu sua alma.
Quanto ao preço desse imóvel que dizem que fez Lula perder a cabeça e roubar o país, a mídia diz que custa “entre 1,5 e 1,8 milhão de reais”. As avaliações pouco confiáveis da mídia antipetista e antilulista podem ser conferidas aqui, aqui ou aqui
Um detalhe: não existe prova de que o apartamento pertença a Lula, apesar de ser um imóvel tão modesto (em se tratando de um ex-presidente). Para termo de comparação, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso comprou recentemente um apartamento de 200 mil euros para filho que teve – ou que pensou ter tido – fora do casamento e outro apartamento de 950 mil reais para a nova esposa, 46 anos mais jovem que ele.
De onde vem o dinheiro para o tucano comprar imóveis tão caros para dar de presente? Qual é a atividade de FHC que está lhe rendendo tanto dinheiro? Para Ministério Público, Polícia Federal etc., não vem ao caso.
Quanto ao sítio em Atibaia que os inimigos de Lula na mídia, no Ministério Público e na PF dizem ser dele, esse é alvo de uma campanha ridícula que tenta transformar uma propriedade de meros 800 mil reais (valor lançado em escritura e que não sofreu contestação dos investigadores anti Lula) em outra propriedade nababesca.
A mídia chegou a alardear que o sítio em Atibaia (SP) que dizem ser de Lula tem “até um Cristo Redentor”. Nas imagens abaixo, você confere essa propriedade “faraônica”.
No último domingo, porém, um fato inédito no jornalismo corporativo brasileiro mostra quão diferentes são os critérios para tratar homens públicos no Brasil. Reportagem do jornal Folha de São Paulo revelou que executivos da empreiteira Norberto Odebrecht afirmaram aos investigadores da Operação Lava Jato que a empresa pagou ao ministro das Relações Exteriores, José Serra (PSDB-SP), R$ 23 milhões por baixo do pano.
No âmbito da delação premiada de executivos e do próprio presidente da empreiteira, para comprovar que houve o pagamento por meio de caixa dois a Serra a Odebrecht vai apresentar extratos bancários de depósitos realizados fora do país que tinham como destinatário o ex-governador de São Paulo e atual senador pelo Estado.
A Folha também apurou que funcionários da companhia relatarão que os pagamentos foram propina a Serra no período em que ele foi governador de São Paulo (de 2007 a 2010). Os pagamentos estariam vinculados à construção do trecho sul do Rodoanel Mário Covas, obra que não termina nunca – os tucanos governam São Paulo há vinte anos e essa obra já dura uma década.
Contudo, a cereja do bolo é que, em valores atualizados, a suposta propina atinge 34,5 milhões de reais.
Vale lembrar que a Odebrechet é só uma das empreiteiras que acusam Serra. Em junho, saiu timidamente na imprensa antipetista que a empreiteira OAS também afirma, em acordo de delação premiada, ter pago propina a Serra. O valor dos pagamentos não foi divulgado, mas é perfeitamente verossímil supor que não sejam valores muito diferentes dos denunciados pela Odebrechet.
Este Blog não acredita na denúncia contra Serra, assim como não acredita nas denúncias contra Lula. Em benefício do Estado Democrático de Direito, ambos devem ser considerados inocentes enquanto seus acusadores não provarem o que dizem.
Lula foi acusado sem provas, com base em suspeitas e especulações de procuradores. Serra foi acusado com mais elementos. Há provas testemunhais contra ele, enquanto que, contra Lula, vale repetir, só existem suposições de investigadores da Lava Jato. Contudo, os acusadores de Serra têm que provar o que dizem, assim como os procuradores têm que provar as acusações que fazem a Lula.
O que espanta, enoja, indigna, porém, é que a mídia, setores da opinião pública e a própria Lava Jato tratam os dois políticos de forma diametralmente diferente. Não querem saber de presunção de inocência para Lula, mas querem o benefício para Serra. Aliás, os próprios tucanos condenam Lula com base nas evidências contra si, mas absolvem Serra apesar de pesarem contra si evidências igualmente sérias.
E não é só. Apesar das denúncias contra Serra, ele ainda não responde a processo. Como sempre, quando se trata do PSDB as providências da Justiça demoram tanto que eventuais crimes acabam ficando impunes. O mensalão do PT, por exemplo, foi julgado em apenas seis anos. Já o mensalão do PSDB está parado na Justiça há 18 anos.
A comparação entre os casos de Serra e Lula, porém, é de uma eloquência tonitruante. Só para efeito de comparação, os 34,5 milhões de reais de propina que o tucano teria recebido só da Odebrechet seriam suficientes para comprar 13 triplex e 13 sítios em Atibaia.
Apesar disso, a notícia saiu uma única vez na Folha, o resto da mídia soltou notinhas escondidas nos dias seguintes, o Jornal Nacional não noticiou absolutamente nada e o caso caminha celeremente para o ostracismo.
Os colunistas e editorialistas da mídia antipetista e até os comentaristas de internet, eternamente indignados com a “corrupção do PT”, não dizem nada, não cobram apurações, não fazem uma única das ilações que fazem quando a denúncia é contra petistas.
Eis por que este Blog não aceita o linchamento de Lula ou do PT sob a desculpa de repúdio à corrupção. Se houvesse tratamento igual para denúncias igualmente graves contra uns e outros, aqui não haveria a menor queixa – talvez contra o julgamento precipitado e a violação da presunção da inocência. Mas acusar e condenar uns sem julgamento e absolver outros sem nem investigar, isso é inaceitável.
Ou a lei vale igual para todos ou não vale para ninguém. Ou o repúdio à corrupção vale para todos os acusados ou não passa de farsa. E é facílimo mostrar como as suspeitas de corrupção contra tucanos e seus aliados são tratadas diferente das suspeitas contra petistas e os seus.
É irônico a acusação de roubo de dinheiro público contra Serra envolver valores 13 vezes maiores do que os da acusação contra Lula. E é simbólico.
Vale a antiga premissa de que, no Brasil, para ficar impune é preciso roubar muito. Mesmo se formos admitir que tanto o petista quanto o tucano são “ladrões” – e isso é inadmissível, até prova em contrário –, fica claro que o segredo da impunidade dos tucanos pode ser roubarem muito, o suficiente para comprar morosidade da Justiça, comprar impunidade.
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