Por Ricardo Gebrim, no jornal Brasil de Fato:
Ao enfrentarem corajosamente a "PEC da Morte", as ocupações de escolas por todo o país converteram-se no principal pólo de resistência ao golpe. Sua ousadia, determinação e ânimo de luta despertam uma crescente admiração.
As paralisações e atos da jornada do dia 11 de novembro, mesmo sem conseguir ainda envolver as principais categorias de trabalhadores, demonstram uma importante capacidade de luta, possibilitando uma intensificação nas próximas jornadas previstas.
Porém, nossas ações ainda não conseguem deter a ofensiva do golpe, que segue cumprindo um roteiro político cada vez mais previsível.
Vivemos em um cenário que repete os meses que antecederam a consumação do golpe. Durante toda a tramitação do impeachment, ficava nítido que nenhum argumento jurídico teria relevância na farsa montada, que tinha todos os capítulos previstos. Pouco importavam os pareceres dos juristas, depoimentos das testemunhas. Tudo não passava da obrigação de seguir um mero ritual, cujo desfecho não poderia ser alterado.
Os próximos passos deste roteiro também ficam óbvios. Esvaziam as margens de poder político em disputa, com novas regras de blindagem como a própria PEC 55, enfraquecimento do papel do BNDES e da Petrobras como indutoras do desenvolvimento e outras medidas a caminho. De outro lado, aceleram uma "reforma política" conservadora, na qual buscam restringir os espaços dos partidos de esquerda. Mas o passo mais importante é outro. Precisam condenar Lula para inabilitá-lo para as eleições presidenciais de 2018.
Memória coletiva
Sabem que o potencial contido na figura de Lula representa o maior obstáculo para o golpe. Em nosso continente, poucas vezes governos desenvolveram políticas públicas que atingiram as grandes parcelas empobrecidas da população. Toda vez que isso ocorreu, deixou marcas profundas que restaram gravadas na memória coletiva popular durante um longo tempo. Os exemplos principais são a permanência do peronismo na Argentina e a herança getulista em nosso país.
A prova deste potencial é revelada nas recentes pesquisas de opinião pública. Mesmo tendo sofrido o mais intenso ataque midiático que poderia ser desfechado contra um político, Lula segue aparecendo na liderança folgada para a presidência, deixando claro que sua existência é o principal entrave político para os golpistas.
Novamente, pouco importa que os principais juristas comentem a fragilidade das acusações. Por mais que se demonstre a farsa, assim como foi feito durante o impeachment, o processo segue o curso previsível. O juiz Sergio Moro acelera a oitiva de testemunhas para proferir uma sentença que terá que ser confirmada em poucos meses pelo Tribunal Regional Federal, cumprindo o roteiro estabelecido pelo golpe.
Como as forças populares irão lidar com mais este previsível capítulo da trama golpista?
Ficaremos limitados às denúncias de sempre, impotentes para conter essa nova etapa do golpe? Assistiremos candidaturas que vão se construindo nas sombras, apostando em prévias que, consciente ou inconscientemente, se preparam para disputar um eventual espólio deixado pela inabilitação de Lula? Nos resumiremos mais uma vez a concentrar nossas principais energias numa disputa eleitoral que já vai se demonstrando um" jogo de cartas marcadas"?
Se o roteiro do golpe vai se tornando previsível temos que enfrentá-lo. Defender Lula, defender que possa disputar as eleições de 2018 não é mais uma questão de preferência política. É um ato concreto de resistir ao projeto do golpe. Silenciar, ignorar ou desconsiderar esse fato é permitir que nossa derrota estratégica se aprofunde ainda mais.
As paralisações e atos da jornada do dia 11 de novembro, mesmo sem conseguir ainda envolver as principais categorias de trabalhadores, demonstram uma importante capacidade de luta, possibilitando uma intensificação nas próximas jornadas previstas.
Porém, nossas ações ainda não conseguem deter a ofensiva do golpe, que segue cumprindo um roteiro político cada vez mais previsível.
Vivemos em um cenário que repete os meses que antecederam a consumação do golpe. Durante toda a tramitação do impeachment, ficava nítido que nenhum argumento jurídico teria relevância na farsa montada, que tinha todos os capítulos previstos. Pouco importavam os pareceres dos juristas, depoimentos das testemunhas. Tudo não passava da obrigação de seguir um mero ritual, cujo desfecho não poderia ser alterado.
Os próximos passos deste roteiro também ficam óbvios. Esvaziam as margens de poder político em disputa, com novas regras de blindagem como a própria PEC 55, enfraquecimento do papel do BNDES e da Petrobras como indutoras do desenvolvimento e outras medidas a caminho. De outro lado, aceleram uma "reforma política" conservadora, na qual buscam restringir os espaços dos partidos de esquerda. Mas o passo mais importante é outro. Precisam condenar Lula para inabilitá-lo para as eleições presidenciais de 2018.
Memória coletiva
Sabem que o potencial contido na figura de Lula representa o maior obstáculo para o golpe. Em nosso continente, poucas vezes governos desenvolveram políticas públicas que atingiram as grandes parcelas empobrecidas da população. Toda vez que isso ocorreu, deixou marcas profundas que restaram gravadas na memória coletiva popular durante um longo tempo. Os exemplos principais são a permanência do peronismo na Argentina e a herança getulista em nosso país.
A prova deste potencial é revelada nas recentes pesquisas de opinião pública. Mesmo tendo sofrido o mais intenso ataque midiático que poderia ser desfechado contra um político, Lula segue aparecendo na liderança folgada para a presidência, deixando claro que sua existência é o principal entrave político para os golpistas.
Novamente, pouco importa que os principais juristas comentem a fragilidade das acusações. Por mais que se demonstre a farsa, assim como foi feito durante o impeachment, o processo segue o curso previsível. O juiz Sergio Moro acelera a oitiva de testemunhas para proferir uma sentença que terá que ser confirmada em poucos meses pelo Tribunal Regional Federal, cumprindo o roteiro estabelecido pelo golpe.
Como as forças populares irão lidar com mais este previsível capítulo da trama golpista?
Ficaremos limitados às denúncias de sempre, impotentes para conter essa nova etapa do golpe? Assistiremos candidaturas que vão se construindo nas sombras, apostando em prévias que, consciente ou inconscientemente, se preparam para disputar um eventual espólio deixado pela inabilitação de Lula? Nos resumiremos mais uma vez a concentrar nossas principais energias numa disputa eleitoral que já vai se demonstrando um" jogo de cartas marcadas"?
Se o roteiro do golpe vai se tornando previsível temos que enfrentá-lo. Defender Lula, defender que possa disputar as eleições de 2018 não é mais uma questão de preferência política. É um ato concreto de resistir ao projeto do golpe. Silenciar, ignorar ou desconsiderar esse fato é permitir que nossa derrota estratégica se aprofunde ainda mais.
* Ricardo Gebrim é da direção nacional da Consulta Popular, organização que integra a Frente Brasil Popular.
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