Por Eduardo Silveira de Menezes, no site Sul-21:
Não é de hoje que a Rede Brasil Sul de Comunicação (RBS) atua de modo a pautar a opinião pública em benefício de interesses privados. Acostumada a eleger seus representantes, no estado do Rio Grande do Sul, a empresa, de propriedade da família Sirotsky, especializou-se em atuar politicamente por meio de vereadores, deputados, senadores e, até mesmo, governadores. É o caso do jornalista – e ex-repórter desse grupo de comunicação –, Antônio Britto (PMDB), que, durante os quatro anos em que esteve à frente do Palácio Piratini, não mediu esforços para entregar os serviços públicos à iniciativa privada. O caso do Banrisul é exemplar, nesse processo, já que foi um dos poucos bancos estaduais a escapar da fúria privatista da década de 1990. Certamente o destino do banco seria outro se Britto não tivesse perdido as eleições de 1998, período marcado pela crescente subserviência do governo ao sistema financeiro.
A RBS é afiliada da Rede Globo, uma das seis empresas de comunicação brasileiras responsáveis por controlar aproximadamente 70% de tudo que é produzido de informação no país. O alcance e a influência da empresa pertencente à família Sirotsky são tão grandes que nenhum governo, até hoje, ousou rever as polpudas verbas estatais que são destinadas, independente do partido que esteja no poder, às emissoras de TV e rádio por ela controladas – só para se ter uma ideia, em 2014, o investimento do governo do estado em publicidade na RBS estava em torno de 35%.
Hoje, mesmo com a tão propalada crise econômica que o estado enfrenta, estima-se um gasto ainda maior, tendo em vista que, recentemente, o governo Sartoti (PMDB) utilizou o horário mais caro do mercado publicitário para, ironicamente, dizer que “não há mais dinheiro”. As inserções nas emissoras de rádio e TV do Grupo RBS procuravam convencer os gaúchos de que o estado está quebrado, mas, contraditoriamente, o governador autorizou um gasto de R$ 3,5 milhões em campanha publicitária para tratar do que ele mesmo chamou de “calamidade financeira”.
As recorrentes análises da jornalista Marta Sfredo, que se tornou a titular da coluna de Economia da Zero Hora (ZH), em 2015, e, já no ano seguinte, recebeu o aval do Conselho Regional de Economia do Rio Grande do Sul (Corecon/RS) sendo premiada como a “Jornalista de Economia do Ano”, procuram legitimar um interesse antigo defendido pelos jornalistas eleitos pelo Grupo RBS: a entrega do patrimônio público para a iniciativa privada. Trata-se de uma tomada de posição política que, em verdade, corresponde aos anseios comerciais da emissora, uma vez que ela poderá lucrar com futuras parcerias. O que pode se confirmar, por exemplo, caso o Santander garanta a compra do Banrisul. O banco espanhol é, hoje, um dos parceiros da Rede Globo, sobretudo, em projetos de comercialização de eventos esportivos, como a transmissão da Fórmula 1 de 2017, com uma cota estimada em R$ 87,2 milhões.
O interesse da Rede Globo e, por sua vez, da RBS, na privatização do Banrisul, está evidente. A afinidade ideológica com o governo do PMDB é histórica, e, justamente por isso, existe a necessidade de tentar passar uma ideia de isenção ao relatar a quebradeira generalizada das instituições públicas que está sendo orquestrada pelo governo ilegítimo de Michel Temer (PMDB). Ao acenar com a ideia de que a privatização de empresas estatais deve ser tratada como uma contrapartida para eventuais empréstimos do Banco do Brasil para os estados, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, exige um ajuste fiscal ainda mais severo por parte do governo Sartori (PMDB) e coloca na conta das instituições públicas o caos econômico e administrativo que está sendo promovido pelo governo federal na sua ânsia em proteger os interesses de banqueiros e rentistas. A RBS é a porta-voz do PMDB no estado do Rio Grande do Sul. É preciso dar-se por conta disso antes que seja tarde demais.
* Eduardo Silveira de Menezes atua como jornalista no Sindicato dos Bancários de Pelotas e Região. É mestre em Ciências da Comunicação pela Unisinos e doutorando em Linguística aplicada – com ênfase em análise do discurso pêcheuxtiana – pela UCPel. E-mail: dudumenezes@gmail.com.
Não é de hoje que a Rede Brasil Sul de Comunicação (RBS) atua de modo a pautar a opinião pública em benefício de interesses privados. Acostumada a eleger seus representantes, no estado do Rio Grande do Sul, a empresa, de propriedade da família Sirotsky, especializou-se em atuar politicamente por meio de vereadores, deputados, senadores e, até mesmo, governadores. É o caso do jornalista – e ex-repórter desse grupo de comunicação –, Antônio Britto (PMDB), que, durante os quatro anos em que esteve à frente do Palácio Piratini, não mediu esforços para entregar os serviços públicos à iniciativa privada. O caso do Banrisul é exemplar, nesse processo, já que foi um dos poucos bancos estaduais a escapar da fúria privatista da década de 1990. Certamente o destino do banco seria outro se Britto não tivesse perdido as eleições de 1998, período marcado pela crescente subserviência do governo ao sistema financeiro.
A RBS é afiliada da Rede Globo, uma das seis empresas de comunicação brasileiras responsáveis por controlar aproximadamente 70% de tudo que é produzido de informação no país. O alcance e a influência da empresa pertencente à família Sirotsky são tão grandes que nenhum governo, até hoje, ousou rever as polpudas verbas estatais que são destinadas, independente do partido que esteja no poder, às emissoras de TV e rádio por ela controladas – só para se ter uma ideia, em 2014, o investimento do governo do estado em publicidade na RBS estava em torno de 35%.
Hoje, mesmo com a tão propalada crise econômica que o estado enfrenta, estima-se um gasto ainda maior, tendo em vista que, recentemente, o governo Sartoti (PMDB) utilizou o horário mais caro do mercado publicitário para, ironicamente, dizer que “não há mais dinheiro”. As inserções nas emissoras de rádio e TV do Grupo RBS procuravam convencer os gaúchos de que o estado está quebrado, mas, contraditoriamente, o governador autorizou um gasto de R$ 3,5 milhões em campanha publicitária para tratar do que ele mesmo chamou de “calamidade financeira”.
As recorrentes análises da jornalista Marta Sfredo, que se tornou a titular da coluna de Economia da Zero Hora (ZH), em 2015, e, já no ano seguinte, recebeu o aval do Conselho Regional de Economia do Rio Grande do Sul (Corecon/RS) sendo premiada como a “Jornalista de Economia do Ano”, procuram legitimar um interesse antigo defendido pelos jornalistas eleitos pelo Grupo RBS: a entrega do patrimônio público para a iniciativa privada. Trata-se de uma tomada de posição política que, em verdade, corresponde aos anseios comerciais da emissora, uma vez que ela poderá lucrar com futuras parcerias. O que pode se confirmar, por exemplo, caso o Santander garanta a compra do Banrisul. O banco espanhol é, hoje, um dos parceiros da Rede Globo, sobretudo, em projetos de comercialização de eventos esportivos, como a transmissão da Fórmula 1 de 2017, com uma cota estimada em R$ 87,2 milhões.
O interesse da Rede Globo e, por sua vez, da RBS, na privatização do Banrisul, está evidente. A afinidade ideológica com o governo do PMDB é histórica, e, justamente por isso, existe a necessidade de tentar passar uma ideia de isenção ao relatar a quebradeira generalizada das instituições públicas que está sendo orquestrada pelo governo ilegítimo de Michel Temer (PMDB). Ao acenar com a ideia de que a privatização de empresas estatais deve ser tratada como uma contrapartida para eventuais empréstimos do Banco do Brasil para os estados, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, exige um ajuste fiscal ainda mais severo por parte do governo Sartori (PMDB) e coloca na conta das instituições públicas o caos econômico e administrativo que está sendo promovido pelo governo federal na sua ânsia em proteger os interesses de banqueiros e rentistas. A RBS é a porta-voz do PMDB no estado do Rio Grande do Sul. É preciso dar-se por conta disso antes que seja tarde demais.
* Eduardo Silveira de Menezes atua como jornalista no Sindicato dos Bancários de Pelotas e Região. É mestre em Ciências da Comunicação pela Unisinos e doutorando em Linguística aplicada – com ênfase em análise do discurso pêcheuxtiana – pela UCPel. E-mail: dudumenezes@gmail.com.
A rbs é um verdadeiro câncer no Rio Grande. Elegeram não só antonio brito como yeda crussius, lasier martins, ana amélia lemos, sergio zambiazi, paulo borges só pra ficar nos ex-funcionários.Além de vários outros como o atual governador e o prefeito de Porto Alegre, marchezam junior(psdb-mbl) que agora avisou que vai privatizar o Mercado Público símbolo da cidade e transforma-lo num shoping center. Elegem e pautam política e ideologicamente o RS há décadas. Não é a toa que o Estado,outrora um dos mais ricos e mais politizados do país hoje enfrente a pior crise financeira de sua história e tenha um povo dos mais atrasados politicamente do Brasil.Resultado de mais de 5 décadas de atuação dessa verdadeira usina de idiotas(ou midiotas).Talvez a pior herança da ditadura no estado e no país seja a midia.
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