Foto: Ricardo Stuckert |
O fato novo recente na política brasileira é um fato velho: a constatação de que Lula está bem nas pesquisas. Que é elevada sua liderança nas intenções de voto para as próximas eleições presidenciais e que ela se amplia.
Trata-se de um fato com certeza relevante, mas sem novidade. Faz tempo que é isso que as pesquisas revelam, como CartaCapital vem mostrando nos últimos meses. A tendência é visível até nos levantamentos encomendados pela mídia corporativa, ainda que os divulgue de maneira enviesada.
As intenções de voto em Lula mudaram no terceiro trimestre de 2016. Elas haviam caído entre abril e maio, depois de permanecerem estáveis ao longo de boa parte de 2015 e no início do ano. De setembro para a frente, subiram e continuam ascendentes.
É isso que indicam as pesquisas feitas por todos os institutos, como a mais recente, de responsabilidade do MDA para a CNT. Conduzida em fevereiro, ela identificou um crescimento de 5 pontos porcentuais para Lula, que o levou de 25%, em dezembro, para 30%.
O mesmo vê-se na série de pesquisas do Vox Populi, que mostra que, entre outubro e dezembro de 2016, Lula subiu de 34% para 37%, e do Datafolha, que aponta que, entre julho e dezembro, o petista foi de 22% para 25%.
As pesquisas concordam que Lula melhorou e na intensidade do processo. Discordam, no entanto, quanto ao tamanho de suas atuais intenções de voto, que variam significativamente entre os institutos. Há um aspecto técnico que, provavelmente, explica as diferenças: o lugar que as perguntas eleitorais ocupam no questionário. Alguns institutos as situam no começo, outros mais adiante.
Existe um consenso entre os especialistas de que elas devem estar no início quando a eleição se avizinha, para evitar que as respostas dos entrevistados sejam afetadas por perguntas potencialmente indutivas. Quando, porém, a eleição está distante, o inverso é recomendável.
Abordar uma pessoa na rua e forçá-la a dizer de chofre em quem votaria “se a eleição fosse hoje”, quando faltam mais de 20 meses para a hora da escolha, parece despropositado. O que isso faz é levar a maioria a responder “não sei”.
Por essa razão, o Vox Populi, na distância em que estamos da eleição presidencial, opta por começar o questionário com perguntas de contextualização: como o entrevistado percebe a situação do País, que expectativa tem a respeito de questões como inflação e desemprego, qual sua avaliação do governo federal, além de uma pergunta “aberta”, sem menção a qualquer nome, sobre “o melhor presidente que o Brasil já teve”.
Essa metodologia não afeta os resultados fundamentais, como se vê na semelhança entre os institutos. O que ela provoca é a redução da indecisão induzida presente em outras pesquisas, que decorre da intempestiva sujeição dos entrevistados a perguntas descontextualizadas.
Adotá-la não modifica o desempenho dos demais candidatos, mas faz com que Lula tenda a aparecer melhor. O que quer dizer que somente ele cresce quando a entrevista é contextualizada, ou seja, que, quando os entrevistados pensam um pouco mais na eleição, quem avança é Lula.
Em dezembro, em lista com Aécio Neves, ele tinha 37% no Vox Populi, 12 pontos a mais que no Datafolha, enquanto o tucano estava do mesmo tamanho nas duas pesquisas (11% e 13%, respectivamente).
Como se percebe pela linha do tempo, independentemente do tamanho que têm, as intenções de voto no ex-presidente aumentaram depois da derrubada de Dilma Rousseff. A deposição beneficiou-o, pois libertou sua imagem (e a de seu governo) da crise vivida por ela. Sem Dilma no poder, ele cresceu.
É claro que o fracasso administrativo e moral de Michel Temer o ajudou, assim como o desgaste dos adversários. As qualidades que a população enxerga em Lula, somadas aos defeitos dos outros, é que explicam seu favoritismo.
Não se pense que decorre da ignorância do cidadão comum a respeito das acusações que contra ele fazem os inimigos. Nessa mesma pesquisa em que alcança 37% quando enfrenta Aécio, 38% quando o nome é Alckmin e na qual obtém 43% e 45% no segundo turno contra eles (que têm idênticos 20%), o conhecimento de que foi indiciado pelos procuradores da Lava Jato chega a 96%.
É patético que o Brasil esteja a discutir se uma liderança como Lula poderá ou não ser candidato, a depender da decisão monocrática de um juiz. Seus superiores não ousam contrariá-lo, mas ele tudo faz para contrariar o desejo de dezenas de milhões de cidadãos. Fomos longe na subversão da democracia.
Trata-se de um fato com certeza relevante, mas sem novidade. Faz tempo que é isso que as pesquisas revelam, como CartaCapital vem mostrando nos últimos meses. A tendência é visível até nos levantamentos encomendados pela mídia corporativa, ainda que os divulgue de maneira enviesada.
As intenções de voto em Lula mudaram no terceiro trimestre de 2016. Elas haviam caído entre abril e maio, depois de permanecerem estáveis ao longo de boa parte de 2015 e no início do ano. De setembro para a frente, subiram e continuam ascendentes.
É isso que indicam as pesquisas feitas por todos os institutos, como a mais recente, de responsabilidade do MDA para a CNT. Conduzida em fevereiro, ela identificou um crescimento de 5 pontos porcentuais para Lula, que o levou de 25%, em dezembro, para 30%.
O mesmo vê-se na série de pesquisas do Vox Populi, que mostra que, entre outubro e dezembro de 2016, Lula subiu de 34% para 37%, e do Datafolha, que aponta que, entre julho e dezembro, o petista foi de 22% para 25%.
As pesquisas concordam que Lula melhorou e na intensidade do processo. Discordam, no entanto, quanto ao tamanho de suas atuais intenções de voto, que variam significativamente entre os institutos. Há um aspecto técnico que, provavelmente, explica as diferenças: o lugar que as perguntas eleitorais ocupam no questionário. Alguns institutos as situam no começo, outros mais adiante.
Existe um consenso entre os especialistas de que elas devem estar no início quando a eleição se avizinha, para evitar que as respostas dos entrevistados sejam afetadas por perguntas potencialmente indutivas. Quando, porém, a eleição está distante, o inverso é recomendável.
Abordar uma pessoa na rua e forçá-la a dizer de chofre em quem votaria “se a eleição fosse hoje”, quando faltam mais de 20 meses para a hora da escolha, parece despropositado. O que isso faz é levar a maioria a responder “não sei”.
Por essa razão, o Vox Populi, na distância em que estamos da eleição presidencial, opta por começar o questionário com perguntas de contextualização: como o entrevistado percebe a situação do País, que expectativa tem a respeito de questões como inflação e desemprego, qual sua avaliação do governo federal, além de uma pergunta “aberta”, sem menção a qualquer nome, sobre “o melhor presidente que o Brasil já teve”.
Essa metodologia não afeta os resultados fundamentais, como se vê na semelhança entre os institutos. O que ela provoca é a redução da indecisão induzida presente em outras pesquisas, que decorre da intempestiva sujeição dos entrevistados a perguntas descontextualizadas.
Adotá-la não modifica o desempenho dos demais candidatos, mas faz com que Lula tenda a aparecer melhor. O que quer dizer que somente ele cresce quando a entrevista é contextualizada, ou seja, que, quando os entrevistados pensam um pouco mais na eleição, quem avança é Lula.
Em dezembro, em lista com Aécio Neves, ele tinha 37% no Vox Populi, 12 pontos a mais que no Datafolha, enquanto o tucano estava do mesmo tamanho nas duas pesquisas (11% e 13%, respectivamente).
Como se percebe pela linha do tempo, independentemente do tamanho que têm, as intenções de voto no ex-presidente aumentaram depois da derrubada de Dilma Rousseff. A deposição beneficiou-o, pois libertou sua imagem (e a de seu governo) da crise vivida por ela. Sem Dilma no poder, ele cresceu.
É claro que o fracasso administrativo e moral de Michel Temer o ajudou, assim como o desgaste dos adversários. As qualidades que a população enxerga em Lula, somadas aos defeitos dos outros, é que explicam seu favoritismo.
Não se pense que decorre da ignorância do cidadão comum a respeito das acusações que contra ele fazem os inimigos. Nessa mesma pesquisa em que alcança 37% quando enfrenta Aécio, 38% quando o nome é Alckmin e na qual obtém 43% e 45% no segundo turno contra eles (que têm idênticos 20%), o conhecimento de que foi indiciado pelos procuradores da Lava Jato chega a 96%.
É patético que o Brasil esteja a discutir se uma liderança como Lula poderá ou não ser candidato, a depender da decisão monocrática de um juiz. Seus superiores não ousam contrariá-lo, mas ele tudo faz para contrariar o desejo de dezenas de milhões de cidadãos. Fomos longe na subversão da democracia.
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