Por Mauricio Dias, na revista CartaCapital:
Foi um fiasco, com cinco horas de duração ou pouco mais, o resultado do interrogatório do ex-presidente Lula conduzido pelo juiz Sergio Moro. Apoiado em delações sem provas consistentes, o interrogador facilitou as respostas do interrogado, acusado de ser proprietário do célebre triplex, supostamente doado por uma empreiteira. Moro percebeu que, sem sustentação, a casa cairia.
A voz melosa do magistrado tentou, então, envolver Lula em outras questões, com perguntas tiradas, por exemplo, da delação de Renato Duque sobre contas do ex-diretor da Petrobras no exterior. Ele negou na ocasião. Agora admite.
Havia quase 7 mil manifestantes nas imediações do Tribunal de Justiça. O número deles foi calculado a partir de dezenas de ônibus vindos de várias partes do Brasil para apoiar Lula. Para o que desse e viesse. Faziam barulho. Não vazava para a sala de audiência. Moro sabia que eles estavam por lá quando disse a Lula: “Houve boatos de que poderia ser decretada sua prisão durante este ato. Eu lhe asseguro de pronto que isso não vai acontecer”.
O boato sempre esteve na mídia. Moro nunca desmentiu o que leu, nas várias vezes em que falou publicamente sobre a Lava Jato. Não se sabe se sorria nestes momentos.
O metalúrgico, no limite da serenidade, respondeu a Moro: “Considero o processo ilegítimo e a denúncia uma farsa”. Lula foi sempre enfático nas observações e irônico em algumas respostas ao juiz. Alguns exemplos:
Lula: “O Dallagnol não tá aqui. Eu queria o Dallagnol aqui pra me explicar aquele PowerPoint”, falou olhando para os procuradores da Lava Jato.
Moro: “Tem um documento aqui que fala do triplex”.
Lula: “Está assinado por quem?”
Moro: “A assinatura tá em branco...”
Lula: “Então, o senhor pode guardar, por gentileza”.
Moro: “Esse documento em que a perícia da PF constatou ter sido feita uma rasura. O senhor sabe quem rasurou?”
Lula: “A PF não descobriu quem foi? Não? Então, quando descobrir, o senhor me fala. Eu também quero saber”.
Moro: “Saíram denúncias na Folha de S.Paulo e no jornal O Globo de que...”
Lula: “Doutor não me julgue por notícias, mas por provas”.
Moro: “Senhor ex-presidente, você não sabia que Renato Duque (ex-diretor da empresa, hoje preso) roubava a Petrobras?”
Lula: “Doutor, o filho, quando tira nota vermelha, ele não chega em casa e fala: ‘Pai, tirei nota vermelha’.
Moro: “Os meus filhos falam”.
Lula: “Doutor Moro, o Renato Duque não é seu filho”.
No dia seguinte ao depoimento, houve diversas avaliações da audiência. Alguns tentaram jogar nas costas de Lula a responsabilidade pela politização da Lava Jato. Mentira. Quem estimulou isso foram os procuradores, os policiais federais e certos juízes que ainda militam descaradamente contra Lula, Dilma e o PT.
Além disso, a partidarização da Lava Jato é claramente simpática ao PSDB. Sem disfarce. Há muitos tucanos citados nas delações, mas não há um só tucano na gaiola.
Foi um fiasco, com cinco horas de duração ou pouco mais, o resultado do interrogatório do ex-presidente Lula conduzido pelo juiz Sergio Moro. Apoiado em delações sem provas consistentes, o interrogador facilitou as respostas do interrogado, acusado de ser proprietário do célebre triplex, supostamente doado por uma empreiteira. Moro percebeu que, sem sustentação, a casa cairia.
A voz melosa do magistrado tentou, então, envolver Lula em outras questões, com perguntas tiradas, por exemplo, da delação de Renato Duque sobre contas do ex-diretor da Petrobras no exterior. Ele negou na ocasião. Agora admite.
Havia quase 7 mil manifestantes nas imediações do Tribunal de Justiça. O número deles foi calculado a partir de dezenas de ônibus vindos de várias partes do Brasil para apoiar Lula. Para o que desse e viesse. Faziam barulho. Não vazava para a sala de audiência. Moro sabia que eles estavam por lá quando disse a Lula: “Houve boatos de que poderia ser decretada sua prisão durante este ato. Eu lhe asseguro de pronto que isso não vai acontecer”.
O boato sempre esteve na mídia. Moro nunca desmentiu o que leu, nas várias vezes em que falou publicamente sobre a Lava Jato. Não se sabe se sorria nestes momentos.
O metalúrgico, no limite da serenidade, respondeu a Moro: “Considero o processo ilegítimo e a denúncia uma farsa”. Lula foi sempre enfático nas observações e irônico em algumas respostas ao juiz. Alguns exemplos:
Lula: “O Dallagnol não tá aqui. Eu queria o Dallagnol aqui pra me explicar aquele PowerPoint”, falou olhando para os procuradores da Lava Jato.
Moro: “Tem um documento aqui que fala do triplex”.
Lula: “Está assinado por quem?”
Moro: “A assinatura tá em branco...”
Lula: “Então, o senhor pode guardar, por gentileza”.
Moro: “Esse documento em que a perícia da PF constatou ter sido feita uma rasura. O senhor sabe quem rasurou?”
Lula: “A PF não descobriu quem foi? Não? Então, quando descobrir, o senhor me fala. Eu também quero saber”.
Moro: “Saíram denúncias na Folha de S.Paulo e no jornal O Globo de que...”
Lula: “Doutor não me julgue por notícias, mas por provas”.
Moro: “Senhor ex-presidente, você não sabia que Renato Duque (ex-diretor da empresa, hoje preso) roubava a Petrobras?”
Lula: “Doutor, o filho, quando tira nota vermelha, ele não chega em casa e fala: ‘Pai, tirei nota vermelha’.
Moro: “Os meus filhos falam”.
Lula: “Doutor Moro, o Renato Duque não é seu filho”.
No dia seguinte ao depoimento, houve diversas avaliações da audiência. Alguns tentaram jogar nas costas de Lula a responsabilidade pela politização da Lava Jato. Mentira. Quem estimulou isso foram os procuradores, os policiais federais e certos juízes que ainda militam descaradamente contra Lula, Dilma e o PT.
Além disso, a partidarização da Lava Jato é claramente simpática ao PSDB. Sem disfarce. Há muitos tucanos citados nas delações, mas não há um só tucano na gaiola.
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