domingo, 14 de maio de 2017

Merval, agora, “manda” prender Dilma

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Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Merval Pereira, o jurisconsulto midiático que se pretende tutor da justiça brasileira – que de tão mal que anda, por vezes, aceita tal tutoria – hoje, em O Globo, lança a tese de que Dilma Rousseff pode ser presa a partir de “tantas possibilidades de provas” que foram dadas pelas delações do casal de ex-marqueteiros João Santana e Monica Moura.

Há tantas possibilidades de provas nos depoimentos dos marqueteiros João Santana e Monica Moura que não é exagero dizer que a ex-presidente Dilma corre o risco de ser presa por obstrução da Justiça a qualquer momento, em prisão preventiva decorrente da investigação policial que foi desencadeada a partir dos relatos agora liberados para divulgação.

O onipresente global lamenta que “a prisão em flagrante não cabe neste momento, passado tanto tempo do ocorrido”, embora se esqueça de que o mesmo argumento valha para a sua esdrúxula tese de “obstrução da Justiça”, porque – ainda que o fosse – ela não teria meios e modos para fazê-lo, destituída de poder e transformada em “inimiga” até por quem ela se expôs para levar ao Supremo, como este Luiz Edson Fachin, que se prestou ao papel de fazer coincidir as delações do casal com o triunfo de Lula sobre Moro no seu interrogatório.

Fachin usou o “timing” da novela, que aqui já se apontou, com tanta desfaçatez como transferiu o julgamento do habeas corpus de Antonio Palocci para o pleno do tribunal para evitar um decisão contrária à sua, de mantê-lo preso até confessar em delação. O que, aliás, não fica longe de uma “obstrução da Justiça”.

Merval toma como verdade absoluta as narrativas mirabolantes da delação, que não respondem a uma questão óbvia: se a preocupação em não deixar rastros pessoais era tanta a ponto de criarem-se histórias como estas, porque não fazer tal “aviso” por interpostas pessoas, para, aí sim, ocultar a autoria da informação privilegiada?

Aliás, a esta altura e com tanta avidez por “provas” que continuam sendo “possibilidades” e com os computadores do casal por tanto tempo sob controle da Polícia Federal existem outras “possibilidades” que é melhor nem falar, de tão indignas. Da mesma forma o suposto “telefonema para a República Dominicana”, se houve , quem garante tenha sido para “avisar” da prisão?

Independente de sua competência na marquetagens, quem gostava de negócios e de dinheiro a rodo nesta história era o casal. Mas isso não vem ao caso, eles viraram santos e, quem sabe, agora, façam campanhas para a direita, bem baratinho e só no “caixa 1”.

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