Por Luiz Antônio Prósperi, na revista CartaCapital:
Uma semana depois da prisão do ex-presidente do Barcelona Alexandre “Sandro” Rosell e das denúncias da Justiça da Espanha que indicam um histórico de lavagem de dinheiro na venda de jogos da Seleção Brasileira, a Confederação Brasileira de Futebol anunciou uma novidade na transmissão dos amistosos contra Argentina e Austrália, em 9 e 13 de junho, em Melbourne. As partidas serão exibidas pela estatal TV Brasil, pela TV Cultura, emissora pública de São Paulo, e pelo Facebook, rede social criada por Mark Zuckerberg, sem a tradicional participação da Rede Globo.
Não se trata apenas de um chega pra lá definitivo da CBF na Globo, detentora dos direitos de transmissão dos jogos da Seleção há mais de duas décadas. É uma nova forma de a confederação aumentar suas receitas em cima do sucesso do escrete de Tite, primeira seleção a se classificar para a Copa da Rússia no próximo ano.
Por meio de um comunicado divulgado na segunda-feira 29, a Globo reclamou: “A CBF tinha planos de negociar os direitos dos amistosos e das Eliminatórias da Copa 2022 na forma de bid (leilão fechado). Recentemente decidiu vender os dois jogos amistosos de forma avulsa e, embora não acreditemos que esta seja a melhor solução para todas as partes, tentamos negociar, mas não chegamos a nenhum acordo”.
O tom formal do comunicado não traduz o tamanho da insatisfação da emissora com a CBF. A preocupação é com os contratos futuros dos amistosos da Seleção em 2018 e das Eliminatórias da Copa de 2022. A Globo detém os direitos das partidas das Eliminatórias, que se encerram em novembro, e das Copas de 2018 (Rússia) e 2022 (Catar).
Na temporada do próximo ano, a Seleção fará oito amistosos, um deles com a Alemanha em Berlim. E como será um ano de Copa do Mundo, o apelo comercial das partidas tende a aumentar. Não por acaso, na nota, a Globo insiste em ressaltar o “interesse em continuar trabalhando com a CBF na construção de acordos que sejam bons para todos, para a própria CBF, para o Grupo Globo, para os anunciantes e suas marcas, mas sobretudo para o público torcedor apaixonado pelo futebol e pela Seleção brasileira”. A receita publicitária da emissora com os direitos de transmissão de jogos da Seleção, Brasileirão, Copa do Brasil, estaduais, copas Libertadores e Sul-Americana alcançou 1,8 bilhão de reais neste ano.
Com a crise econômica e a receita de marketing em baixa na televisão, a CBF percebeu o potencial de aumentar o faturamento com a transmissão dos jogos sem a participação da Globo. Por esse motivo, colocou em prática a exploração do espaço no Facebook. Na mesa dos executivos da CBF estão os números de um levantamento do instituto Ibope Repucom, realizado em março, quando o time de Tite garantiu a vaga na Copa da Rússia, a respeito da presença das 40 maiores seleções nas mídias digitais. A Seleção Brasileira aparece na segunda colocação, com pouco mais de 17,4 milhões de inscritos. Perde para o México, com 17,6 milhões.
Não se trata apenas de um chega pra lá definitivo da CBF na Globo, detentora dos direitos de transmissão dos jogos da Seleção há mais de duas décadas. É uma nova forma de a confederação aumentar suas receitas em cima do sucesso do escrete de Tite, primeira seleção a se classificar para a Copa da Rússia no próximo ano.
Por meio de um comunicado divulgado na segunda-feira 29, a Globo reclamou: “A CBF tinha planos de negociar os direitos dos amistosos e das Eliminatórias da Copa 2022 na forma de bid (leilão fechado). Recentemente decidiu vender os dois jogos amistosos de forma avulsa e, embora não acreditemos que esta seja a melhor solução para todas as partes, tentamos negociar, mas não chegamos a nenhum acordo”.
O tom formal do comunicado não traduz o tamanho da insatisfação da emissora com a CBF. A preocupação é com os contratos futuros dos amistosos da Seleção em 2018 e das Eliminatórias da Copa de 2022. A Globo detém os direitos das partidas das Eliminatórias, que se encerram em novembro, e das Copas de 2018 (Rússia) e 2022 (Catar).
Na temporada do próximo ano, a Seleção fará oito amistosos, um deles com a Alemanha em Berlim. E como será um ano de Copa do Mundo, o apelo comercial das partidas tende a aumentar. Não por acaso, na nota, a Globo insiste em ressaltar o “interesse em continuar trabalhando com a CBF na construção de acordos que sejam bons para todos, para a própria CBF, para o Grupo Globo, para os anunciantes e suas marcas, mas sobretudo para o público torcedor apaixonado pelo futebol e pela Seleção brasileira”. A receita publicitária da emissora com os direitos de transmissão de jogos da Seleção, Brasileirão, Copa do Brasil, estaduais, copas Libertadores e Sul-Americana alcançou 1,8 bilhão de reais neste ano.
Com a crise econômica e a receita de marketing em baixa na televisão, a CBF percebeu o potencial de aumentar o faturamento com a transmissão dos jogos sem a participação da Globo. Por esse motivo, colocou em prática a exploração do espaço no Facebook. Na mesa dos executivos da CBF estão os números de um levantamento do instituto Ibope Repucom, realizado em março, quando o time de Tite garantiu a vaga na Copa da Rússia, a respeito da presença das 40 maiores seleções nas mídias digitais. A Seleção Brasileira aparece na segunda colocação, com pouco mais de 17,4 milhões de inscritos. Perde para o México, com 17,6 milhões.
Os números contemplam as inscrições nos canais da CBF e da Federação Mexicana de Futebol. A confederação brasileira lidera o ranking de curtidas no Facebook entre as principais confederações de futebol filiadas à Fifa. Tem 11,8 milhões de curtidas. No Twitter, aparece na segunda colocação, com 3,8 milhões de seguidores. É a terceira no Instagram, com pouco mais de 1,6 milhão de fãs.
A CBF vai cobrar 500 mil reais pelos direitos de transmissão no Facebook e a rede social espera vender suas cotas até alcançar o valor de 1,8 milhão de reais, de um total de 2,3 milhões da operação comercial. A inciativa do Facebook no futebol brasileiro não é novidade. A empresa participou da transmissão de dois jogos entre o Atlético Paranaense e o Coritiba, em março e abril, pelo Campeonato Paranaense. O primeiro confronto registrou 1,6 milhão de visualizações no Facebook e no YouTube. E o segundo, disputa pelo título estadual, alcançou 1,1 milhão.
“Experiências iniciais com eventos esportivos têm trazido grandes resultados para os fãs, radiodifusores e detentores de direitos. Trabalhamos com nossos parceiros para ajudá-los a alcançar seus objetivos de negócios, atingir novas audiências, monetizar seus conteúdos”, informa o Facebook, sem detalhar o acordo com a CBF. Não será surpresa se a confederação adotar esse modelo e vender os direitos de transmissão do Brasileirão e da Copa do Brasil ao Facebook a partir de 2019.
Por enquanto, os direitos são exclusivos da Globo, que despeja cerca de 1,9 bilhão de reais nos cofres dos clubes por meio de um contrato que vence em menos de dois anos. A Globo enfrenta ainda a concorrência do canal Esporte Interativo, do grupo americano Turner, que acertou com 14 times das séries A e B, entre eles Palmeiras e Santos, para exibir jogos a partir de 2019. Na assinatura dos contratos, as luvas pagas pela Turner aos clubes chegam a 100 milhões de reais.
Apesar do recente movimento, a ruptura total com a Globo não é tratada na CBF como uma boa estratégia do ponto de vista financeiro e político. A emissora tem nas mãos os direitos de transmissão dos jogos da maioria dos grandes clubes do Brasil e poderia impor-se na hora de negociar a exibição dos campeonatos.
A comercialização de jogos da Seleção está no epicentro da prisão de Sandro Rosell e da investigação da Justiça espanhola, em conjunto com o FBI, que ainda tem como alvo Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF. O auto de prisão de Rosell, ao qual o Chuteira FC teve acesso, registra que perto de 15 milhões de euros, o equivalente a 54 milhões de reais, foram desviados do valor dos direitos de 24 partidas da Seleção entre 2006 e 2012.
O esquema de Rosell e Teixeira passava por empresas que ainda detêm os direitos de venda dos amistosos da Seleção até 2022. A principal é a agência ISE, que subcontratou a Pitch International, de Londres, para comercializar os jogos. A ISE é uma subsidiária do Grupo Dallah Al Baraka, um dos maiores conglomerados do Oriente Médio, com 38 mil funcionários espalhados pelo planeta. Em um adendo das investigações também aparece o nome de Marco Polo Del Nero, atual presidente da CBF, como beneficiário de propinas de agências de marketing.
A CBF vai cobrar 500 mil reais pelos direitos de transmissão no Facebook e a rede social espera vender suas cotas até alcançar o valor de 1,8 milhão de reais, de um total de 2,3 milhões da operação comercial. A inciativa do Facebook no futebol brasileiro não é novidade. A empresa participou da transmissão de dois jogos entre o Atlético Paranaense e o Coritiba, em março e abril, pelo Campeonato Paranaense. O primeiro confronto registrou 1,6 milhão de visualizações no Facebook e no YouTube. E o segundo, disputa pelo título estadual, alcançou 1,1 milhão.
“Experiências iniciais com eventos esportivos têm trazido grandes resultados para os fãs, radiodifusores e detentores de direitos. Trabalhamos com nossos parceiros para ajudá-los a alcançar seus objetivos de negócios, atingir novas audiências, monetizar seus conteúdos”, informa o Facebook, sem detalhar o acordo com a CBF. Não será surpresa se a confederação adotar esse modelo e vender os direitos de transmissão do Brasileirão e da Copa do Brasil ao Facebook a partir de 2019.
Por enquanto, os direitos são exclusivos da Globo, que despeja cerca de 1,9 bilhão de reais nos cofres dos clubes por meio de um contrato que vence em menos de dois anos. A Globo enfrenta ainda a concorrência do canal Esporte Interativo, do grupo americano Turner, que acertou com 14 times das séries A e B, entre eles Palmeiras e Santos, para exibir jogos a partir de 2019. Na assinatura dos contratos, as luvas pagas pela Turner aos clubes chegam a 100 milhões de reais.
Apesar do recente movimento, a ruptura total com a Globo não é tratada na CBF como uma boa estratégia do ponto de vista financeiro e político. A emissora tem nas mãos os direitos de transmissão dos jogos da maioria dos grandes clubes do Brasil e poderia impor-se na hora de negociar a exibição dos campeonatos.
A comercialização de jogos da Seleção está no epicentro da prisão de Sandro Rosell e da investigação da Justiça espanhola, em conjunto com o FBI, que ainda tem como alvo Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF. O auto de prisão de Rosell, ao qual o Chuteira FC teve acesso, registra que perto de 15 milhões de euros, o equivalente a 54 milhões de reais, foram desviados do valor dos direitos de 24 partidas da Seleção entre 2006 e 2012.
O esquema de Rosell e Teixeira passava por empresas que ainda detêm os direitos de venda dos amistosos da Seleção até 2022. A principal é a agência ISE, que subcontratou a Pitch International, de Londres, para comercializar os jogos. A ISE é uma subsidiária do Grupo Dallah Al Baraka, um dos maiores conglomerados do Oriente Médio, com 38 mil funcionários espalhados pelo planeta. Em um adendo das investigações também aparece o nome de Marco Polo Del Nero, atual presidente da CBF, como beneficiário de propinas de agências de marketing.
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