Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
Um leitor me manda um email. “Lembrei de você”, disse ele.
O que o fez lembrar de mim foi um trecho que a Folha deu sobre o novo livro de FHC.
“Sujei as mãos para ler”, disse ele.
Ele me poupou tempo: me mandou o que o incomodara.
Era uma frase de FHC segundo a qual ele é muito amigo de Merval e de Ali Kamel.
Não apenas amigo. Bastante amigo, sublinhou FHC.
É um disparate, uma completa ofensa aos manuais mais elementares de jornalismo.
Já escrevi sobre isso algumas vezes.
Mais de 100 anos atrás, aquele que para muitos foi o inventor do jornalismo moderno, Joseph Pulitzer, cunhou uma máxima.
“Jornalista não tem amigo.”
Em meus anos de diretor de redação, sempre tive essa sentença fixada num mural à minha frente.
A lógica de Pulitzer é impecável. O jornalista poupa o amigo. Básico.
Tive relações corteses com muita gente como editor, e ainda tenho no DCM. Mas amizade não.
A amizade corrompe o jornalista e o jornalismo, sobretudo quando é com poderosos como um presidente, que era o caso de FHC.
O jornalismo americano fez uma autocrítica severa sobre isso nos anos 1980. Jornalistas que se gabavam antes disso de desfrutar de portas abertas na Casa Branca foram revistos.
Um deles era James Reston, do NY Times.
Qual era o preço da intimidade com presidentes americanos? Preservá-los de aborrecimentos.
Transportemos o assunto para o Brasil.
A Globo não cobriu a amplamente documentada compra de votos no Congresso para a emenda que permitiu a reeleição de FHC.
Você acha que amigos como Kamel e Merval tocariam num assunto tão constrangedor para FHC?
A Globo, no capítulo Joseph Pulitzer, vive ainda na Idade da Pedra.
Seus nomes mais notórios simplesmente parecem não ter noção do crime de leso leitor que é cometido quando a amizade se instala entre um jornalista e alguém poderoso.
Você encontra fotos pornográficas de Merval com juízes do STF dos quais ele deveria manter distância intransponível. (E vice-versa, aliás.)
Que mensagem é passada aos jovens que estão se iniciando no jornalismo da Globo?
É uma antilição.
FHC é outro também que vive em outro planeta, o dos favores, dos acertos, dos engavetamentos.
Se tivesse os pés no chão, jamais revelaria a forte amizade com Merval e Kamel, porque saberia estar atirando ao chão a reputação de ambos.
Jornalista não tem amigo, repito a frase definitiva de Pulitzer, um gênio que criou a primeira página de um jornal tal como a conhecemos. (Antes, as notícias eram publicadas por ordem de data, e não de importância.)
E então vamos dar no seguinte.
Ou Pulitzer era um idiota e esteve sempre errado, ou o problema está em Merval e em Kamel.
Faça a escolha.
O que o fez lembrar de mim foi um trecho que a Folha deu sobre o novo livro de FHC.
“Sujei as mãos para ler”, disse ele.
Ele me poupou tempo: me mandou o que o incomodara.
Era uma frase de FHC segundo a qual ele é muito amigo de Merval e de Ali Kamel.
Não apenas amigo. Bastante amigo, sublinhou FHC.
É um disparate, uma completa ofensa aos manuais mais elementares de jornalismo.
Já escrevi sobre isso algumas vezes.
Mais de 100 anos atrás, aquele que para muitos foi o inventor do jornalismo moderno, Joseph Pulitzer, cunhou uma máxima.
“Jornalista não tem amigo.”
Em meus anos de diretor de redação, sempre tive essa sentença fixada num mural à minha frente.
A lógica de Pulitzer é impecável. O jornalista poupa o amigo. Básico.
Tive relações corteses com muita gente como editor, e ainda tenho no DCM. Mas amizade não.
A amizade corrompe o jornalista e o jornalismo, sobretudo quando é com poderosos como um presidente, que era o caso de FHC.
O jornalismo americano fez uma autocrítica severa sobre isso nos anos 1980. Jornalistas que se gabavam antes disso de desfrutar de portas abertas na Casa Branca foram revistos.
Um deles era James Reston, do NY Times.
Qual era o preço da intimidade com presidentes americanos? Preservá-los de aborrecimentos.
Transportemos o assunto para o Brasil.
A Globo não cobriu a amplamente documentada compra de votos no Congresso para a emenda que permitiu a reeleição de FHC.
Você acha que amigos como Kamel e Merval tocariam num assunto tão constrangedor para FHC?
A Globo, no capítulo Joseph Pulitzer, vive ainda na Idade da Pedra.
Seus nomes mais notórios simplesmente parecem não ter noção do crime de leso leitor que é cometido quando a amizade se instala entre um jornalista e alguém poderoso.
Você encontra fotos pornográficas de Merval com juízes do STF dos quais ele deveria manter distância intransponível. (E vice-versa, aliás.)
Que mensagem é passada aos jovens que estão se iniciando no jornalismo da Globo?
É uma antilição.
FHC é outro também que vive em outro planeta, o dos favores, dos acertos, dos engavetamentos.
Se tivesse os pés no chão, jamais revelaria a forte amizade com Merval e Kamel, porque saberia estar atirando ao chão a reputação de ambos.
Jornalista não tem amigo, repito a frase definitiva de Pulitzer, um gênio que criou a primeira página de um jornal tal como a conhecemos. (Antes, as notícias eram publicadas por ordem de data, e não de importância.)
E então vamos dar no seguinte.
Ou Pulitzer era um idiota e esteve sempre errado, ou o problema está em Merval e em Kamel.
Faça a escolha.
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