sábado, 15 de julho de 2017

Temer sangrará por um bom tempo

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Os supersticiosos deixem para ler, já-já, pela milésima vez, que agosto é o mês da tragédia na política brasileira, tradição que vem do suicídio de Vargas e da renúncia de Jânio Quadros.

Pois Michel Temer, sangrando como um zumbi, dá todos os sinais de que atravessará julho, para enfrentar em agosto a corrida final do Rodrigo Janot, em seu último mês á frente da Procuradoria Geral da República.

A “máquina Cunha”, agora sob nova direção, mostrou hoje que ainda tem forças para vencer nas comissões e barrar, pela ausência, qualquer grande chance de que seja concedida a licença para processar o atual ocupante do Planalto, mesmo com o bombardeio da Globo.

Que hoje ganhou um novo capítulo com as declarações do doleiro Lúcio Funaro de que entregava malas de dinheiro a Geddel Vieira Lima em pessoa.

Ainda assim, pouco para sequer fazer cambalear mais Temer, que já – ao que se diz – prepara-se para jogar a escanteio parte dos tucanos e, depois de apanharem uma saraivada de tapas na cara continuam ameaçando que, “no próximo, eu vou embora”.

Aliás, aquela “escala da crise” a que João Dória se referiu outro dia, dizendo que Temer estava “grau oito”, depois “nove”, agora deve estar sendo esticado como naquela brincadeira infantil: 9,1; 9,2, 9,3…

PP, PMDB, PR e outros partidos que vivem do voto fisiológico sofrem menos com o desgaste eleitoral que, hoje, uma pesquisa do Poder360, significa apoiar Temer o que seria recusado por 75% dos eleitores.

O grande atingido é o PSDB, que vê o seu eleitorado ser engolido pela extrema-direita, filhotes do ódio que, há anos, vem injetando na sociedade.

Temer ficará sangrando em praça pública e a situação do país seguirá se deteriorando.

Há quem olhe para isso com paladar eleitoral.

Para quem defende a recuperação econômica do Brasil, que está vendo as ruas se encherem de desvalidos e quer uma saída democrática, onde o povo decida quem deve nos governar é um perigo.

Um presidente fraco, desmoralizado, disposto a tudo para se agarrar ao cargo, já vimos isso, é algo a temer.

Um comentário:

  1. DARCY BRASIL RODRIGUES DA SILVA15 de julho de 2017 às 20:58

    Confesso que não me sinto nenhum pouco à vontade para lutar e clamar pelo "Fora, Temer" tendo em minha companhia a Rede Globo. Fico imaginando, do ponto de vista político, qual seria a vantagem em tirar Temer, que já estava amargando baixíssimos índices de popularidade, para colocar o golpista Rodrigo Maia que, pelo fato de ter sido poupado da campanha contra Michel Temer, assumiria como um desconhecido para o homem comum que, entretanto, dado o grau de alienação política vigente em nossa sociedade, tenderia a lhe desejar um bom governo e felicidades, se alguém, no futuro, vier a lhe pedir para opinar sobre essa nova realidade. Maquiavel, pelo menos aquele Maquiavel caricato que recomenda os fins justificando os meios, talvez, opinasse que seria melhor deixar o Temer sangrando. "Deixa ele lá, atrofiando politicamente, cada vez mais enfraquecido, com dificuldades para governar". Enquanto isso, a esquerda iria ganhando tempo, acumulando forças, buscando adquirir, pelo menos, parte da musculatura política que conheceu nas décadas de 1980 e 1990, que se atrofiou com a dieta economicista do PT. A chegada de Rodrigo Maia à Presidência da República representaria a chegada da agremiação política que mais se identifica com as forças sociais que sustentaram a ditadura militar, o DEM partido derivado do PFL, herdeiro da Arena, pelo qual, se não me engano, jurou amores o pulha do Roberto Marinho. Temer é um golpista, corrupto, um ser abjeto. Rodrigo Maia é tudo isso com o adendo de ser, de fato, um preposto da Globo. Maia na presidência é a Globo na presidência. Contudo, há a questão moral, de princípios. O jeito é lutar para afastar o Temer e torcer para que a campanha das diretas emplaque na sociedade, frustrando o projeto da Globo. Porque, se as diretas não vingarem, uma eventual vitória conquistada com o afastamento de Temer seria uma vitória de Pirro.

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