Refiro-me ao Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, que realizou no último fim de semana, em São Luis, com pleno êxito, o seminário ‘Desafios da Comunicação nas Administrações Públicas’.
Rica agenda de debates, temática oportuna e certeira, debatedores qualificados. A democratização da mídia como pedra de toque vis a vis concepções e experiências vivenciadas a partir do desafio de governar contribuindo para a elevação do nível de aspiração e de consciência política do povo.
Vale dizer, tendo a luta de ideias como o fio condutor irrecusável.
Pois nas mais variadas experiências administrativas - do governo da República aos governos estaduais e municipais - conduzidas por coalizões democráticas, muitas delas sob a hegemonia de correntes de esquerda, não bastam a eficiência no fazer mais e melhor e a lisura no trato das finanças públicas; é essencial contribuir para despertar nos beneficiários das ações governamentais a consciência de que o cidadão é sujeito de direitos e ao Estado, nas suas três dimensões federativas, cabe o dever de prover as condições para que seus direitos sejam efetivados.
Mais do que isso, além de promover essa "consciência cidadã" primária, debater as razões pelas quais os direitos fundamentais das pessoas não são exercidos de modo igualitário na sociedade em que vivemos.
E, desse modo, despertar a consciência de que o povo é o verdadeiro agente transformador da sociedade.
No seminário, as coisas não foram verbalizadas dessa forma — mas esse conteúdo permeou todo o debate, sobretudo nas intervenções do governador Flavio Dino e dos jornalistas Franklin Martins e Altamiro Borges.
Na verdade, uma multiplicidade de questões próprias da resistência ao monopólio da mídia - luta de caráter estratégico no processo civilizatório brasileiro - vieram à tona nas muitas falas. Todas relevantes e por si mesmas provocadoras da reflexão aprofundada acerca do tema.
Entretanto, duas questões ganharam destaque nas anotações desse modesto escriba: 1) a luta pela democratização da mídia é parte indissociável da luta pelo poder político e dispensa ilusões liberalizantes; 2) governos hegemonizados por correntes de esquerda ainda se mostram refratários à verdadeira dimensão desse desafio.
Certamente o exemplo mais emblemático disso está na experiência de treze anos de governo central protagonizados por Lula e Dilma.
Prevaleceram ilusões de cooptação ou de amenização da fúria reacionária da mídia dominante, ao invés da valorização da mídia alternativa e, mais ainda, do enfrentamento da reforma dos meios de comunicação via legislação democratizante.
O seminário de São Luis contribui para a necessária autocrítica e continuidade da luta em patamar mais elevado.
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