Por Altamiro Borges
O “prefake” paulistano João Doria adora rosnar xingamentos contra os seus adversários: “ladrão”, “bandido”, “safado”, “vagabundo”. Ele também gosta de vender a imagem de paladino da ética. Conhecendo um pouco da sua história, o ricaço mimado – também apelidado de João Dólar – devia tomar mais cuidado com a língua ferina. A exemplo de outros falsos moralistas, ele pode rapidamente ser desmoralizado e nem poderá ficar histérico com quem o xingar de "ladrão", "bandido", "safado" e "vagabundo". Nesta semana, por exemplo, a Folha publicou uma longa reportagem sobre as estranhas relações estabelecidas entre a prefeitura de São Paulo, o sinistro Lide (Grupo de Líderes Empresariais) e poderosas empresas. Vale conferir alguns trechos:
*****
Após a eleição de João Doria (PSDB), o Lide, empresa de eventos que ele fundou, registrou filiações de multinacionais e novos associados firmaram colaborações com a Prefeitura de São Paulo. A Caixa Econômica Federal, banco 100% público controlado pelo governo federal, associou-se ao Lide em março, mesmo mês em que fechou parceria com a prefeitura no lançamento da Nota do Milhão, que substituiu a Nota Fiscal Paulistana... Multinacionais como Starbucks e Burger King se associaram ao Lide, que conseguiu reverter o cenário de crise de 2015, quando perdeu 11 associados, e fechou 2016 com 32 novas filiações.
Uma das associadas do ano passado é a Uber, que entrou em novembro de 2016, mês seguinte à vitória de Doria no primeiro turno. Ao longo da campanha, o tucano defendeu reiteradas vezes a atividade da empresa. Em 2017, a expectativa do presidente do Lide, Gustavo Ene, é manter o número de empresas associadas em torno das 1.797 atuais. Até agora, houve perda de 24 associados em 2017 em relação ao ano anterior, mas Ene diz que a maioria dos negócios é fechada no segundo semestre. Depois de vencer a eleição, o tucano se desligou do comando do Grupo Doria, que detém o Lide, e passou o controle acionário aos filhos. O prefeito nega correlação de sua agenda com o Lide.
Um cruzamento entre a lista de adesões ao Lide com a agenda de Doria na prefeitura mostra outras aproximações concomitantes. Em março, a prefeitura lançou, em parceria com a Estre Ambiental, um aplicativo do programa Limpa-Rápido, com informações sobre serviços de limpeza, coleta e destinação de resíduos do município. Doria e o dono da empresa, Wilson Quintella, fizeram o anúncio do projeto juntos, na sede da prefeitura. Em julho, a Estre Ambiental se associou ao Lide.
Em determinados casos, filiações ao Lide foram precedidas e seguidas de audiências de seus dirigentes com o prefeito. É o que ocorreu com a Votorantim e a Brookfield, que aderiram à empresa em julho. A Votorantim teve duas reuniões em junho e uma em agosto assinaladas na agenda do prefeito. A assessoria de Doria diz que ele não participou da última. A Brookfield teve uma audiência em março e outra em setembro.
Para ser uma associada do Lide, a empresa, primeiro, deve ser aprovada nos critérios do grupo, que incluem faturamento igual ou superior a R$ 200 milhões ou ser líder de mercado em seu segmento de atuação. Depois, precisa pagar uma anuidade de R$ 10 mil, caso queira ter assento reservado para dois executivos nos eventos do Lide. Se quiser ter quatro cadeiras, será um cliente ‘gold’ e para isso pagará R$ 16 mil por ano. Exemplos dessa modalidade são o Bradesco (a partir de julho de 2017), cujos executivos já estiveram em quatro agendas oficias do prefeito desde que assumiu, e a IBM (após agosto de 2016), que teve dirigentes no gabinete de Doria duas vezes. Ambas as empresas estão filiadas ao Lide desde 2004.
*****
Diante da grave denúncia, a prefeitura divulgou uma nota bastante cínica, afirmando que “não há qualquer relação entre o fato de uma empresa ser associada ao Lide e ter reuniões com o prefeito João Doria ou representantes da prefeitura". Ainda de acordo com a nota, “não é possível correlacionar a participação de empresas em reuniões na prefeitura e sua posterior filiação ao Lide”. Procuradas pelo jornal, as poderosas empresas também tentaram despistar. A Votorantim e a Brookfield afirmaram que só se reuniram com o prefeito para tratar de “doações” e que a adesão ao Lide foi casual, sem qualquer relação com a agenda da prefeitura. Haja santos no mundo empresarial!
Temendo o desgaste da sua imagem, nesta quinta-feira (21) o próprio “prefake” tentou justificar as estranhas parcerias. Ele jurou que “não há relações espúrias e duvidosas” de sua gestão com empresas associadas ao Lide e ainda tentou desqualificar a denúncia da Folha. João Doria, conhecido por sua vaidade doentia, ainda acrescentou: “Vim do setor privado onde construí uma trajetória de sucesso, respeito e credibilidade. Não pretendo me afastar dos bons amigos que cultivei ao longo de 40 anos. E na política vou praticar o que aprendi na livre iniciativa: ser ousado, determinado e honesto”. Será que o paulistano, até o mais otário, acredita nestas bravatas? A conferir nas próximas pesquisas de popularidade!
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Leia também:
- A péssima semana de João Doria
- Amor da Editora Abril por Doria é lindo…
- Morte na Marginal Tietê. Cadê o Doria?
- Doria, o falso gari, reduz varrição de ruas
- Doria, a greve geral e os “vagabundos”
- Bia Doria vai depor na CPI da Lei Rouanet?
- Rocha Loures tem negócios com Doria?
- O “prefake” turista e a fúria de Alckmin
- Doria, o “vagabundo”, está derretendo
- Doria jura “lealdade” a Alckmin. É fake!
- Aliado de Alckmin detona Doria: “Traidor”
O “prefake” paulistano João Doria adora rosnar xingamentos contra os seus adversários: “ladrão”, “bandido”, “safado”, “vagabundo”. Ele também gosta de vender a imagem de paladino da ética. Conhecendo um pouco da sua história, o ricaço mimado – também apelidado de João Dólar – devia tomar mais cuidado com a língua ferina. A exemplo de outros falsos moralistas, ele pode rapidamente ser desmoralizado e nem poderá ficar histérico com quem o xingar de "ladrão", "bandido", "safado" e "vagabundo". Nesta semana, por exemplo, a Folha publicou uma longa reportagem sobre as estranhas relações estabelecidas entre a prefeitura de São Paulo, o sinistro Lide (Grupo de Líderes Empresariais) e poderosas empresas. Vale conferir alguns trechos:
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Após a eleição de João Doria (PSDB), o Lide, empresa de eventos que ele fundou, registrou filiações de multinacionais e novos associados firmaram colaborações com a Prefeitura de São Paulo. A Caixa Econômica Federal, banco 100% público controlado pelo governo federal, associou-se ao Lide em março, mesmo mês em que fechou parceria com a prefeitura no lançamento da Nota do Milhão, que substituiu a Nota Fiscal Paulistana... Multinacionais como Starbucks e Burger King se associaram ao Lide, que conseguiu reverter o cenário de crise de 2015, quando perdeu 11 associados, e fechou 2016 com 32 novas filiações.
Uma das associadas do ano passado é a Uber, que entrou em novembro de 2016, mês seguinte à vitória de Doria no primeiro turno. Ao longo da campanha, o tucano defendeu reiteradas vezes a atividade da empresa. Em 2017, a expectativa do presidente do Lide, Gustavo Ene, é manter o número de empresas associadas em torno das 1.797 atuais. Até agora, houve perda de 24 associados em 2017 em relação ao ano anterior, mas Ene diz que a maioria dos negócios é fechada no segundo semestre. Depois de vencer a eleição, o tucano se desligou do comando do Grupo Doria, que detém o Lide, e passou o controle acionário aos filhos. O prefeito nega correlação de sua agenda com o Lide.
Um cruzamento entre a lista de adesões ao Lide com a agenda de Doria na prefeitura mostra outras aproximações concomitantes. Em março, a prefeitura lançou, em parceria com a Estre Ambiental, um aplicativo do programa Limpa-Rápido, com informações sobre serviços de limpeza, coleta e destinação de resíduos do município. Doria e o dono da empresa, Wilson Quintella, fizeram o anúncio do projeto juntos, na sede da prefeitura. Em julho, a Estre Ambiental se associou ao Lide.
Em determinados casos, filiações ao Lide foram precedidas e seguidas de audiências de seus dirigentes com o prefeito. É o que ocorreu com a Votorantim e a Brookfield, que aderiram à empresa em julho. A Votorantim teve duas reuniões em junho e uma em agosto assinaladas na agenda do prefeito. A assessoria de Doria diz que ele não participou da última. A Brookfield teve uma audiência em março e outra em setembro.
Para ser uma associada do Lide, a empresa, primeiro, deve ser aprovada nos critérios do grupo, que incluem faturamento igual ou superior a R$ 200 milhões ou ser líder de mercado em seu segmento de atuação. Depois, precisa pagar uma anuidade de R$ 10 mil, caso queira ter assento reservado para dois executivos nos eventos do Lide. Se quiser ter quatro cadeiras, será um cliente ‘gold’ e para isso pagará R$ 16 mil por ano. Exemplos dessa modalidade são o Bradesco (a partir de julho de 2017), cujos executivos já estiveram em quatro agendas oficias do prefeito desde que assumiu, e a IBM (após agosto de 2016), que teve dirigentes no gabinete de Doria duas vezes. Ambas as empresas estão filiadas ao Lide desde 2004.
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Diante da grave denúncia, a prefeitura divulgou uma nota bastante cínica, afirmando que “não há qualquer relação entre o fato de uma empresa ser associada ao Lide e ter reuniões com o prefeito João Doria ou representantes da prefeitura". Ainda de acordo com a nota, “não é possível correlacionar a participação de empresas em reuniões na prefeitura e sua posterior filiação ao Lide”. Procuradas pelo jornal, as poderosas empresas também tentaram despistar. A Votorantim e a Brookfield afirmaram que só se reuniram com o prefeito para tratar de “doações” e que a adesão ao Lide foi casual, sem qualquer relação com a agenda da prefeitura. Haja santos no mundo empresarial!
Temendo o desgaste da sua imagem, nesta quinta-feira (21) o próprio “prefake” tentou justificar as estranhas parcerias. Ele jurou que “não há relações espúrias e duvidosas” de sua gestão com empresas associadas ao Lide e ainda tentou desqualificar a denúncia da Folha. João Doria, conhecido por sua vaidade doentia, ainda acrescentou: “Vim do setor privado onde construí uma trajetória de sucesso, respeito e credibilidade. Não pretendo me afastar dos bons amigos que cultivei ao longo de 40 anos. E na política vou praticar o que aprendi na livre iniciativa: ser ousado, determinado e honesto”. Será que o paulistano, até o mais otário, acredita nestas bravatas? A conferir nas próximas pesquisas de popularidade!
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