Por Alexandre Padilha, na revista Fórum:
Na Câmara, Bolsonaro escolheu um lado para apoiar: o dos patrões e contra o povo, que agora jura defender e pede a confiança. Votou contra a aprovação da política de cotas – raciais, gênero sexual, socioeconômicas – (inclusive ironizou e apresentou outro projeto, que disse que iria votar contra, “rebatendo” a política e sugerindo que fossem reservadas 50% das cadeiras do Congresso para negros e pardos), disse não ao programa Mais Médicos – que em quatro anos beneficiou 63 milhões de brasileiros e levou médicos para regiões mais distantes do país, onde jamais nenhum profissional chegou -, foi contra a efetivação da política do salário mínimo no Brasil.
Agora, o personagem inflado prepara-se para passar pelo grande teste. A participação de uma figura tão deplorável, cruel, tirana e desrespeitosa em uma eleição presidencial não é nada bom para a política. Mas pelo menos parcelas mais expressivas do povo brasileiro terão oportunidade de conhecer, não o mito construído, mas o que construiu nestes anos estes indivíduos. De fato, de qual lado esteve quando chamado a votar como representante de uma parcela do povo que o elegeu.
* Alexandre Padilha é médico, foi secretário municipal da saúde na gestão de Fernando Haddad e ministro nas gestões Lula e Dilma.
Nos corredores do anexo II da Câmara fica o gabinete de um político, que ganha espaço na mídia por suas opiniões agressivas e incitações ao ódio. Um homem que está no Congresso Nacional há 27 anos, conta com diversos assessores, mais de R$ 360 mil/ano de verba de gabinete e teve apenas duas leis aprovadas nesses 324 meses de mandato parlamentar. Este é Jair Messias Bolsonaro, carioca que carrega no nome a promessa de salvador, de mito como chamam seus seguidores, mas que tem uma folha corrida de pedidos de cassação, processos no Conselho de Ética e ações judiciais, como a que é réu no Supremo Tribunal Federal por incitação ao estupro e injúria.
Na Câmara, Bolsonaro escolheu um lado para apoiar: o dos patrões e contra o povo, que agora jura defender e pede a confiança. Votou contra a aprovação da política de cotas – raciais, gênero sexual, socioeconômicas – (inclusive ironizou e apresentou outro projeto, que disse que iria votar contra, “rebatendo” a política e sugerindo que fossem reservadas 50% das cadeiras do Congresso para negros e pardos), disse não ao programa Mais Médicos – que em quatro anos beneficiou 63 milhões de brasileiros e levou médicos para regiões mais distantes do país, onde jamais nenhum profissional chegou -, foi contra a efetivação da política do salário mínimo no Brasil.
Votou, sim, pela PEC da Morte, de Temer – aquela que congela por 20 anos os recursos para saúde e educação – pela reforma trabalhista, se absteve na votação da lei das terceirizações (por que será?), foi favorável à venda de nossas petroleiras – o pré-sal que financiaria nossa saúde e educação – a preço de banana para as empresas internacionais do petróleo, entre outras que prezam por interesses pessoais e das instituições que o patrocinam.
Será que seus eleitores conhecem todos os atos, posições e votos de Bolsonaro? Que além da volta do “porte de arma” para as chamadas pessoas de bem, ele e seus filhos – também políticos – empregaram por muito tempo com seus cargos públicos, diversos familiares, inclusive sua ex-mulher? Bolsonaro fala uma coisa e prega outra. Adepto do nepotismo, do mau uso do recurso público, acredita que seus gritos e frases polêmicas podem esconder sua verdadeira postura na Câmara: a de quem se acostumou com o poder e não quer largar o osso.
Bolsonaro é um fenômeno provocado pela intolerância e ódio na política e pelo aumento dos dramas da população, acionados à violência pública. Durante anos, a elite política, a mídia e o judiciário optaram por semear o ódio contra o PT, o que resultou no golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, legitimamente eleita por 54 milhões de votos em 2014. As ruas tomadas por manifestantes que se diziam “contrários a tudo isso que está aí” e disseminavam ódio – e muitas vezes pauladas – aqueles que se diziam favoráveis à democracia, à presidenta eleita, esses plantaram “justiça” e colheram “Bolsonaros”, a semente do fascismo.
Será que seus eleitores conhecem todos os atos, posições e votos de Bolsonaro? Que além da volta do “porte de arma” para as chamadas pessoas de bem, ele e seus filhos – também políticos – empregaram por muito tempo com seus cargos públicos, diversos familiares, inclusive sua ex-mulher? Bolsonaro fala uma coisa e prega outra. Adepto do nepotismo, do mau uso do recurso público, acredita que seus gritos e frases polêmicas podem esconder sua verdadeira postura na Câmara: a de quem se acostumou com o poder e não quer largar o osso.
Bolsonaro é um fenômeno provocado pela intolerância e ódio na política e pelo aumento dos dramas da população, acionados à violência pública. Durante anos, a elite política, a mídia e o judiciário optaram por semear o ódio contra o PT, o que resultou no golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, legitimamente eleita por 54 milhões de votos em 2014. As ruas tomadas por manifestantes que se diziam “contrários a tudo isso que está aí” e disseminavam ódio – e muitas vezes pauladas – aqueles que se diziam favoráveis à democracia, à presidenta eleita, esses plantaram “justiça” e colheram “Bolsonaros”, a semente do fascismo.
Agora, o personagem inflado prepara-se para passar pelo grande teste. A participação de uma figura tão deplorável, cruel, tirana e desrespeitosa em uma eleição presidencial não é nada bom para a política. Mas pelo menos parcelas mais expressivas do povo brasileiro terão oportunidade de conhecer, não o mito construído, mas o que construiu nestes anos estes indivíduos. De fato, de qual lado esteve quando chamado a votar como representante de uma parcela do povo que o elegeu.
* Alexandre Padilha é médico, foi secretário municipal da saúde na gestão de Fernando Haddad e ministro nas gestões Lula e Dilma.
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