Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:
Diante de um desfile de denúncias de corrupção envolvendo executivos da Caixa, é bom não esquecer da queda da Petrobras. Em três anos de Lava Jato, uma das maiores empresas de petróleo do planeta foi reduzida a cinzas, enquanto a economia do país foi atirada num atoleiro a vista de todos. Fruto de uma luta de mais de 70 anos, a empresa foi estrangulada em menos de 40 meses.
A investigação na Caixa - uma das cinco maiores instituições financeiras do país - segue o mesmo caminho para chegar ao mesmo resultado. Nem vamos questionar a importância de se investigar a corrupção - tarefa mais do que necessária, sabemos todos. Mas vamos reconhecer que, numa mídia com gosto particular pelo escândalo e o estardalhaço, denúncias desse tipo sempre ajudam a animar o circo da política, em particular quando envolvem um governo desmoralizado como Michel Temer. Ninguém irá negar que um bom "Pega Ladrão" é sempre útil para distrair as atenções da plateia.
É bom registrar, também, o mais importante. Agora se sabe que as chamadas ações de "combate a corrupção" tem o referendo, oficial, do documento que traça a estratégia Nacional de Segurança do governo norte-americano. Ali se admite textualmente que "sanções, medidas de combate da corrupção e ações de execução empresarial -- podem ser importantes para dissuadir, coagir e restringir ações de adversários".
Mas vamos lembrar a grave conjuntura política brasileira. Temos um governo que fez da entrega das riquezas nacionais ao mercado e ao capital estrangeiro o primeiro credo de sua Bíblia política -- e que terá uma vida útil de poucos meses pela frente para dar conta a tarefa.
Não por acaso, é um governo que joga o vale-tudo de quem tem pressa. A intervenção na Caixa, que tem uma óbvia inspiração nas ideias de Estado Mínimo de Henrique Meirelles & Cia, tem em vista uma mudança geral, cuja linha é desmontar um instrumento histórico de políticas públicas e oferecer o saldo ao mercado. Estamos falando de uma instituição de importância histórica, que administra o Bolsa Família, paga as aposentadorias públicas e financia os principais programas de habitação. Com defeitos, imperfeições de várias famílias e diretores ali instalados por influencia política, responsáveis por esquemas comprovados de corrupção, a instituição atua como um banco público que não perdeu o compromisso com o conjunto da sociedade, que é retribuir, em benefícios destinados à maioria, uma parcela dos recursos que recebe da população.
No período de 2008-2009, quando o setor privado se escondia de clientes em dificuldade, os bancos públicos elevaram sua posição no mercado em 66,7%. (A Caixa cresceu 51,4%). O setor privado, enquanto isso, caiu de 63,5% para 49,2% do mercado. Por uma margem muito estreita, equivalente a 0,3%, o setor público passou a administrar uma fatia do mercado mais larga que a parcela do setor privado. Mesmo assim, foi o grande sinal de perigo para os paladinos do mercado.
Dá para entender o que está em jogo, certo?
Diante de um desfile de denúncias de corrupção envolvendo executivos da Caixa, é bom não esquecer da queda da Petrobras. Em três anos de Lava Jato, uma das maiores empresas de petróleo do planeta foi reduzida a cinzas, enquanto a economia do país foi atirada num atoleiro a vista de todos. Fruto de uma luta de mais de 70 anos, a empresa foi estrangulada em menos de 40 meses.
A investigação na Caixa - uma das cinco maiores instituições financeiras do país - segue o mesmo caminho para chegar ao mesmo resultado. Nem vamos questionar a importância de se investigar a corrupção - tarefa mais do que necessária, sabemos todos. Mas vamos reconhecer que, numa mídia com gosto particular pelo escândalo e o estardalhaço, denúncias desse tipo sempre ajudam a animar o circo da política, em particular quando envolvem um governo desmoralizado como Michel Temer. Ninguém irá negar que um bom "Pega Ladrão" é sempre útil para distrair as atenções da plateia.
É bom registrar, também, o mais importante. Agora se sabe que as chamadas ações de "combate a corrupção" tem o referendo, oficial, do documento que traça a estratégia Nacional de Segurança do governo norte-americano. Ali se admite textualmente que "sanções, medidas de combate da corrupção e ações de execução empresarial -- podem ser importantes para dissuadir, coagir e restringir ações de adversários".
Mas vamos lembrar a grave conjuntura política brasileira. Temos um governo que fez da entrega das riquezas nacionais ao mercado e ao capital estrangeiro o primeiro credo de sua Bíblia política -- e que terá uma vida útil de poucos meses pela frente para dar conta a tarefa.
Não por acaso, é um governo que joga o vale-tudo de quem tem pressa. A intervenção na Caixa, que tem uma óbvia inspiração nas ideias de Estado Mínimo de Henrique Meirelles & Cia, tem em vista uma mudança geral, cuja linha é desmontar um instrumento histórico de políticas públicas e oferecer o saldo ao mercado. Estamos falando de uma instituição de importância histórica, que administra o Bolsa Família, paga as aposentadorias públicas e financia os principais programas de habitação. Com defeitos, imperfeições de várias famílias e diretores ali instalados por influencia política, responsáveis por esquemas comprovados de corrupção, a instituição atua como um banco público que não perdeu o compromisso com o conjunto da sociedade, que é retribuir, em benefícios destinados à maioria, uma parcela dos recursos que recebe da população.
No período de 2008-2009, quando o setor privado se escondia de clientes em dificuldade, os bancos públicos elevaram sua posição no mercado em 66,7%. (A Caixa cresceu 51,4%). O setor privado, enquanto isso, caiu de 63,5% para 49,2% do mercado. Por uma margem muito estreita, equivalente a 0,3%, o setor público passou a administrar uma fatia do mercado mais larga que a parcela do setor privado. Mesmo assim, foi o grande sinal de perigo para os paladinos do mercado.
Dá para entender o que está em jogo, certo?
Lamentável.
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