Por José Antonio Lima, na revista CartaCapital:
A poucos políticos a derrubada de Dilma Rousseff (PT) fez tão bem quanto a Rodrigo Maia (DEM). Em 2014, o deputado federal obteve seu quinto mandato consecutivo pelo Rio de Janeiro, mas a votação, de 53 mil votos, era uma fração da obtida em 2006, quanto amealhou 235 mil eleitores após fazer uma dura oposição ao PT em meio ao escândalo do mensalão.
O deputado admitiu publicamente a preocupação com o resultado e viu sua carreira política em jogo. Com Temer no poder, tudo mudou. O quase ostracismo com o qual Maia flertava se encerrou. Eleito e reeleito presidente da Câmara, o deputado pensa agora em ser candidato à Presidência da República.
"Se estou sendo cogitado como uma alternativa, é porque há uma avenida aberta", afirmou Maia em entrevista publicada nesta terça-feira 9 pelo jornal O Globo. Foi a primeira vez em que o deputado, ao ser questionado, não rechaçou a possibilidade de ser candidato.
Agora, ele fala como quem está disposto a enfrentar adversários e aliados na busca para se viabilizar. "Acho arrogante a tese de que só um pode ser candidato no nosso campo. Serão construídas as candidaturas que tiverem êxito em viabilizar seus projetos", disse. "Como há muitos partidos hoje no Brasil, uma sigla pode construir apoios com três alianças e outra, com quatro. Ir para a eleição de primeiro turno com a preocupação de que vai dividir muito um campo ou outro, que vai inviabilizar A, B ou C, acho um erro", afirmou.
Não por coincidência, Maia concedeu a entrevista no mesmo dia em que surgiram os primeiros relatos a respeito de suas articulações para ser candidato. Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, Maia trabalha para "desestabilizar" a candidatura de Henrique Meirelles. A Folha de S.Paulo, por sua vez, informa que Maia já obteve o apoio do Solidariedade e do PP para seu projeto presidencial e deseja "encurralar" a candidatura de Meirelles.
O ministro da Fazenda, de fato, não consegue mais esconder seu anseio pelo Planalto. Na segunda-feira 8, esteve em um evento da igreja evangélica Sara Nossa Terra. Foi apresentado por Flávio Rocha, dono da Riachuelo, como responsável pelo "maravilhoso milagre da economia brasileira". Ao discursar, Meirelles não mencionou Temer e disse que seu trabalho acabou com "a maior crise da história do Brasil".
O anseio de Meirelles é rebatido por aliados de Maia como se fosse de alguma forma ilegítimo. “Meirelles tem de cumprir a tarefa dele no Ministério da Fazenda. Não pode confundir", afirmou Danilo Forte (DEM-CE) ao Estadão. Trata-se de estratégia semelhante à usada pelo prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), em setembro. Naquele momento, o tucano via seu nome crescer nas intenções de voto e mandou um recado para Meirelles se concentrar na economia. Com a popularidade em baixa, em grande parte por conta do projeto da "ração humana" que tentou implantar, Doria saiu de cena, ao menos momentaneamente.
A disputa por quem vai ser o candidato da agenda "reformista" e do legado de Michel Temer segue, no entanto, em alta. Em 30 de maio, Maia deixou claro a quem ele e a Câmara servem. "A agenda da Câmara, em sintonia com a do presidente Michel Temer, tem como foco o mercado, o setor privado”, disse em evento em São Paulo. Em seguida, repetiu que a “Câmara vai manter a defesa da agenda do mercado”.
Na entrevista desta terça ao Globo, Maia afirmou que "não abre mão" da agenda em que acredita. "Não abro mão de defender a Reforma da Previdência. De mostrar para a sociedade que não há outra solução no Brasil que não seja cortando gastos", afirmou.
Em grande medida, a estratégia deste grupo "reformista" – seja com Maia, Meirelles ou com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que também está com a pré-campanha na rua – será se apresentar como uma candidatura de "centro".
É uma ideia que vem sendo vendida pelos mesmos setores que tiveram papel decisivo na pressão para a queda de Dilma – a imprensa, o "mercado" e o grupo político em torno de Temer. O elemento catalisador desta teoria é a ascensão da extrema-direita personificada no deputado federal Jair Bolsonaro, segundo atrás de Lula nas pesquisas de opinião. Houve tentativas de apresentar o ex-capitão do Exército como candidato liberal, mas movimentações recentes indicam que esses setores vão preferir tratá-lo como extremista que polariza com Lula, abrindo espaço para um novo centro. O fato de que o tal "centro" é, na realidade, a antiga oposição aos governos do PT, obviamente, não entra na conta.
Maia é adepto desta teoria. Em 2018, afirmou que "acabou a polarização PT-PSDB" e agora se afirma "de centro". "O centro não é um ponto entre direita e esquerda, ou seja, um meio do caminho entre o Bolsonaro e o Lula. O centro tem que representar um ponto em que se tenha um espaço de diálogo com todas as correntes e que represente essa capacidade de transformação que o Brasil precisa", afirmou ao Globo.
Na entrevista, Maia procurou demonstrar humildade ("admito que o salto que preciso dar para ser candidato a algo que não seja deputado federal é muito grande"), mas na madrugada de segunda-feira 8 disse que Lula, se puder ser candidato, não ganhará as eleições. "Queria disputar com o Lula. Ele sairá derrotado da eleição. Vamos acabar com o mito", afirmou. Falta convencer o eleitor.
O deputado admitiu publicamente a preocupação com o resultado e viu sua carreira política em jogo. Com Temer no poder, tudo mudou. O quase ostracismo com o qual Maia flertava se encerrou. Eleito e reeleito presidente da Câmara, o deputado pensa agora em ser candidato à Presidência da República.
"Se estou sendo cogitado como uma alternativa, é porque há uma avenida aberta", afirmou Maia em entrevista publicada nesta terça-feira 9 pelo jornal O Globo. Foi a primeira vez em que o deputado, ao ser questionado, não rechaçou a possibilidade de ser candidato.
Agora, ele fala como quem está disposto a enfrentar adversários e aliados na busca para se viabilizar. "Acho arrogante a tese de que só um pode ser candidato no nosso campo. Serão construídas as candidaturas que tiverem êxito em viabilizar seus projetos", disse. "Como há muitos partidos hoje no Brasil, uma sigla pode construir apoios com três alianças e outra, com quatro. Ir para a eleição de primeiro turno com a preocupação de que vai dividir muito um campo ou outro, que vai inviabilizar A, B ou C, acho um erro", afirmou.
Não por coincidência, Maia concedeu a entrevista no mesmo dia em que surgiram os primeiros relatos a respeito de suas articulações para ser candidato. Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, Maia trabalha para "desestabilizar" a candidatura de Henrique Meirelles. A Folha de S.Paulo, por sua vez, informa que Maia já obteve o apoio do Solidariedade e do PP para seu projeto presidencial e deseja "encurralar" a candidatura de Meirelles.
O ministro da Fazenda, de fato, não consegue mais esconder seu anseio pelo Planalto. Na segunda-feira 8, esteve em um evento da igreja evangélica Sara Nossa Terra. Foi apresentado por Flávio Rocha, dono da Riachuelo, como responsável pelo "maravilhoso milagre da economia brasileira". Ao discursar, Meirelles não mencionou Temer e disse que seu trabalho acabou com "a maior crise da história do Brasil".
O anseio de Meirelles é rebatido por aliados de Maia como se fosse de alguma forma ilegítimo. “Meirelles tem de cumprir a tarefa dele no Ministério da Fazenda. Não pode confundir", afirmou Danilo Forte (DEM-CE) ao Estadão. Trata-se de estratégia semelhante à usada pelo prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), em setembro. Naquele momento, o tucano via seu nome crescer nas intenções de voto e mandou um recado para Meirelles se concentrar na economia. Com a popularidade em baixa, em grande parte por conta do projeto da "ração humana" que tentou implantar, Doria saiu de cena, ao menos momentaneamente.
A disputa por quem vai ser o candidato da agenda "reformista" e do legado de Michel Temer segue, no entanto, em alta. Em 30 de maio, Maia deixou claro a quem ele e a Câmara servem. "A agenda da Câmara, em sintonia com a do presidente Michel Temer, tem como foco o mercado, o setor privado”, disse em evento em São Paulo. Em seguida, repetiu que a “Câmara vai manter a defesa da agenda do mercado”.
Na entrevista desta terça ao Globo, Maia afirmou que "não abre mão" da agenda em que acredita. "Não abro mão de defender a Reforma da Previdência. De mostrar para a sociedade que não há outra solução no Brasil que não seja cortando gastos", afirmou.
Em grande medida, a estratégia deste grupo "reformista" – seja com Maia, Meirelles ou com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que também está com a pré-campanha na rua – será se apresentar como uma candidatura de "centro".
É uma ideia que vem sendo vendida pelos mesmos setores que tiveram papel decisivo na pressão para a queda de Dilma – a imprensa, o "mercado" e o grupo político em torno de Temer. O elemento catalisador desta teoria é a ascensão da extrema-direita personificada no deputado federal Jair Bolsonaro, segundo atrás de Lula nas pesquisas de opinião. Houve tentativas de apresentar o ex-capitão do Exército como candidato liberal, mas movimentações recentes indicam que esses setores vão preferir tratá-lo como extremista que polariza com Lula, abrindo espaço para um novo centro. O fato de que o tal "centro" é, na realidade, a antiga oposição aos governos do PT, obviamente, não entra na conta.
Maia é adepto desta teoria. Em 2018, afirmou que "acabou a polarização PT-PSDB" e agora se afirma "de centro". "O centro não é um ponto entre direita e esquerda, ou seja, um meio do caminho entre o Bolsonaro e o Lula. O centro tem que representar um ponto em que se tenha um espaço de diálogo com todas as correntes e que represente essa capacidade de transformação que o Brasil precisa", afirmou ao Globo.
Na entrevista, Maia procurou demonstrar humildade ("admito que o salto que preciso dar para ser candidato a algo que não seja deputado federal é muito grande"), mas na madrugada de segunda-feira 8 disse que Lula, se puder ser candidato, não ganhará as eleições. "Queria disputar com o Lula. Ele sairá derrotado da eleição. Vamos acabar com o mito", afirmou. Falta convencer o eleitor.
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