Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:
Como este ano eu deixo – vá lá, tenham boa vontade – a meia idade e entro na implacável estrada da velhice, não posso deixar de sentir certa piedade de Fernando Henrique Cardoso, a quem o escurecer da vida não ensinou a discrição.
Porque, afinal, tudo o que tem feito na política é vestir camisetas destas que chamam “mamãe, sou forte” e exibir sua flacidez moral e intelectual em praça pública ao promover a candidatura Luciano Huck e dizer que ela “seria boa para o Brasil”, para “arejar” e “botar em perigo a política tradicional”.
Se Fernando Henrique dissesse isso numa reunião de acadêmicos como ele, o resultado seriam risinhos mofinos e, nos mais generosos, cochichos nos cantos: “O que deu no Fernando, está variando?”
Deixemos, entretanto, de lado o ridículo e examinemos a lógica do que diz.
“Arejar” a política é, simplesmente, trazer para ela quem se destaca em outros ramos da atividade pública? Neste caso, não vejo diferença entre candidatar Huck, Neymar, Jojo Toddinho ou Pablo Vittar. Os três últimos, com todo o respeito, arejariam mais: um garoto pobre que venceu com seu talento no futebol e sua irreverência, uma mulher negra, da favela, que triunfou sobre os padrões estéticos ou um gay que superou os preconceitos com sua sexualidade e se projetou nacionalmente.
Huck, filhinho de papai, projetou-se com as curvas e o chicote da “Tiazinha” e com o perfil calipígio da “Feiticeira”.
Quanto a “botar em perigo a política convencional” seria de lembrar ao ilustre sociólogo que, antes do fantasma Temer ocupar o Governo, tivemos três presidentes que não vinham “da política tradicional”: ele próprio, Lula e Dilma Rousseff.
Nenhum dos três fez a carreira convencional, de eleger-se governador, acumular experiência e chegar à presidência. Ele próprio só se elegeu uma vez: o primeiro mandato de senador foi como suplente de Franco Montoro, sem voto, para agradar a ala esquerda do PMDB. Lula teve um mandato de deputado e nenhum outro antes de ser Presidente e Dilma, certamente a que mais se recusava à “política tradicional (o que lhe valeu um impeachment), nem mesmo uma eleição de vereadora.
O espetáculo da decadência de Fernando Henrique é o que dá alguém, que já não tendo, mesmo depois de dois mandatos (tanto quanto Lula, que só não se elegem porque o cassam), o veículo dos votos próprios, quer arranjar uma “carona” para voltar ao poder.
E, com Huck, acredita ele, “vai de táxi” ao governo.
Como este ano eu deixo – vá lá, tenham boa vontade – a meia idade e entro na implacável estrada da velhice, não posso deixar de sentir certa piedade de Fernando Henrique Cardoso, a quem o escurecer da vida não ensinou a discrição.
Porque, afinal, tudo o que tem feito na política é vestir camisetas destas que chamam “mamãe, sou forte” e exibir sua flacidez moral e intelectual em praça pública ao promover a candidatura Luciano Huck e dizer que ela “seria boa para o Brasil”, para “arejar” e “botar em perigo a política tradicional”.
Se Fernando Henrique dissesse isso numa reunião de acadêmicos como ele, o resultado seriam risinhos mofinos e, nos mais generosos, cochichos nos cantos: “O que deu no Fernando, está variando?”
Deixemos, entretanto, de lado o ridículo e examinemos a lógica do que diz.
“Arejar” a política é, simplesmente, trazer para ela quem se destaca em outros ramos da atividade pública? Neste caso, não vejo diferença entre candidatar Huck, Neymar, Jojo Toddinho ou Pablo Vittar. Os três últimos, com todo o respeito, arejariam mais: um garoto pobre que venceu com seu talento no futebol e sua irreverência, uma mulher negra, da favela, que triunfou sobre os padrões estéticos ou um gay que superou os preconceitos com sua sexualidade e se projetou nacionalmente.
Huck, filhinho de papai, projetou-se com as curvas e o chicote da “Tiazinha” e com o perfil calipígio da “Feiticeira”.
Quanto a “botar em perigo a política convencional” seria de lembrar ao ilustre sociólogo que, antes do fantasma Temer ocupar o Governo, tivemos três presidentes que não vinham “da política tradicional”: ele próprio, Lula e Dilma Rousseff.
Nenhum dos três fez a carreira convencional, de eleger-se governador, acumular experiência e chegar à presidência. Ele próprio só se elegeu uma vez: o primeiro mandato de senador foi como suplente de Franco Montoro, sem voto, para agradar a ala esquerda do PMDB. Lula teve um mandato de deputado e nenhum outro antes de ser Presidente e Dilma, certamente a que mais se recusava à “política tradicional (o que lhe valeu um impeachment), nem mesmo uma eleição de vereadora.
O espetáculo da decadência de Fernando Henrique é o que dá alguém, que já não tendo, mesmo depois de dois mandatos (tanto quanto Lula, que só não se elegem porque o cassam), o veículo dos votos próprios, quer arranjar uma “carona” para voltar ao poder.
E, com Huck, acredita ele, “vai de táxi” ao governo.
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