Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:
O presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, o PPK, foi saudado com entusiasmo pelos articulistas de direita da mídia comercial ao ser eleito em 2016. “Um Armínio Fraga peruano”, saudou o autor de best-sellers reaça Leandro Narloch na Veja. “O Peru foi salvo”, comemorou o Nobel de Literatura peruano e ícone liberal Mario Vargas Llosa. O economista “libertário” norte-americano Tyler Cowen escreveu que Kuczynski tinha uma formação de “dar inveja” aos presidentes de seu país. Mas Kuczynski durou apenas um ano e meio no cargo: hoje renunciou à presidência após meses às voltas com denúncias de corrupção.
Em dezembro passado, PPK havia conseguido se safar de um processo de impeachment pelo envolvimento no escândalo da Odebrecht por uma margem apertada de votos no Congresso. Dias depois, concedeu indulto ao ex-presidente Alberto Fujimori, o que provocou a desconfiança de ter havido compra de votos. Foi exatamente o que se confirmou nos últimos dias: o filho de Fujimori, Kenji, aparece em vídeos divulgados pela própria irmã, Keiko, derrotada à presidência por Kuczynski, comprando votos para evitar o impeachment do presidente. Os vídeos passaram a ser chamados pela imprensa peruana de “keikovideos”.
Na época do indulto, Kenji tinha se declarado “eternamente agradecido” a Kuczynski por libertar seu pai, condenado em 2009 a 25 anos de prisão. O filho caçula de Fujimori chorou quando PPK foi absolvido. A explicação para a “emoção” viria com o indulto. Pouco antes de os vídeos virem à tona, Kenji havia manifestado a intenção de sair candidato a presidente por um partido próprio, em oposição à irmã. Agora, encarará um processo de cassação do mandato que o deixará inelegível.
No twitter, Keiko disse “lamentar” que seu irmão tivesse implicado na compra de votos e pediu a renúncia do presidente. “Sua saída nos fará renascer como nação”, escreveu. Kenji, por sua vez, disse lamentar muito “as atitudes delinquentes” da irmã e afirmou que o vídeo havia sido “editado”.
Hoje, PPK capitulou. “Diante desta difícil situação que se formou, e que me faz aparecer injustamente como culpado de atos nos quais não participei, penso que o melhor para o país é que eu renuncie à presidência da República”, disse PPK em sua última mensagem à nação. “Não quero que nem a pátria nem minha família continuem sofrendo com a incerteza dos últimos tempos.” O cargo será assumido pelo vice-presidente, Martín Vizcarra, que estava atuando como embaixador do Peru no Canadá e voltou às pressas ao país diante da crise, em dezembro passado.
Nos “keikovideos”, o filho mais novo de Fujimori, Kenji, aparece oferecendo obras ao também parlamentar Moisés Mamani. “O que você quer, obras para a sua região, desenvolvimento, progresso?”, pergunta Kenji, enquanto outro deputado, Guillermo Bocángel, oferece contratos administrativos através da Mesa Diretora do Congresso. O filho de Fujimori também diz que quem votou contra o presidente na primeira sessão de votação do impeachment teve “as portas fechadas”.
O advogado de Kuczynski, Alberto Borea, também ofereceu a Mamani o número do telefone do ministro dos Transportes, Bruno Giuffra, para que acertasse com ele como iria receber as obras. Outro congressista ligado a Kenji Fujimori, Bienvenido Ramírez, garantiu a Mamani que “todos ganharam obras” após apoiarem Kuczynski na primeira votação.
À parte as qualidades ou a falta de qualidades de Kuczynski, este tipo de barganha jamais resultaria em renúncia no Brasil. O toma-lá-dá-cá das emendas em troca de votos virou praxe em nosso país, algo corriqueiro ao ponto de os jornais dizerem abertamente que Michel Temer liberou 32 bilhões de reais em emendas para barrar as duas denúncias contra ele na Câmara dos Deputados. Se nem vídeos com malas de dinheiro foram suficientes, gravações mostrando a troca de votos por obras seriam apenas mais do mesmo.
O presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, o PPK, foi saudado com entusiasmo pelos articulistas de direita da mídia comercial ao ser eleito em 2016. “Um Armínio Fraga peruano”, saudou o autor de best-sellers reaça Leandro Narloch na Veja. “O Peru foi salvo”, comemorou o Nobel de Literatura peruano e ícone liberal Mario Vargas Llosa. O economista “libertário” norte-americano Tyler Cowen escreveu que Kuczynski tinha uma formação de “dar inveja” aos presidentes de seu país. Mas Kuczynski durou apenas um ano e meio no cargo: hoje renunciou à presidência após meses às voltas com denúncias de corrupção.
Em dezembro passado, PPK havia conseguido se safar de um processo de impeachment pelo envolvimento no escândalo da Odebrecht por uma margem apertada de votos no Congresso. Dias depois, concedeu indulto ao ex-presidente Alberto Fujimori, o que provocou a desconfiança de ter havido compra de votos. Foi exatamente o que se confirmou nos últimos dias: o filho de Fujimori, Kenji, aparece em vídeos divulgados pela própria irmã, Keiko, derrotada à presidência por Kuczynski, comprando votos para evitar o impeachment do presidente. Os vídeos passaram a ser chamados pela imprensa peruana de “keikovideos”.
Na época do indulto, Kenji tinha se declarado “eternamente agradecido” a Kuczynski por libertar seu pai, condenado em 2009 a 25 anos de prisão. O filho caçula de Fujimori chorou quando PPK foi absolvido. A explicação para a “emoção” viria com o indulto. Pouco antes de os vídeos virem à tona, Kenji havia manifestado a intenção de sair candidato a presidente por um partido próprio, em oposição à irmã. Agora, encarará um processo de cassação do mandato que o deixará inelegível.
No twitter, Keiko disse “lamentar” que seu irmão tivesse implicado na compra de votos e pediu a renúncia do presidente. “Sua saída nos fará renascer como nação”, escreveu. Kenji, por sua vez, disse lamentar muito “as atitudes delinquentes” da irmã e afirmou que o vídeo havia sido “editado”.
Hoje, PPK capitulou. “Diante desta difícil situação que se formou, e que me faz aparecer injustamente como culpado de atos nos quais não participei, penso que o melhor para o país é que eu renuncie à presidência da República”, disse PPK em sua última mensagem à nação. “Não quero que nem a pátria nem minha família continuem sofrendo com a incerteza dos últimos tempos.” O cargo será assumido pelo vice-presidente, Martín Vizcarra, que estava atuando como embaixador do Peru no Canadá e voltou às pressas ao país diante da crise, em dezembro passado.
Nos “keikovideos”, o filho mais novo de Fujimori, Kenji, aparece oferecendo obras ao também parlamentar Moisés Mamani. “O que você quer, obras para a sua região, desenvolvimento, progresso?”, pergunta Kenji, enquanto outro deputado, Guillermo Bocángel, oferece contratos administrativos através da Mesa Diretora do Congresso. O filho de Fujimori também diz que quem votou contra o presidente na primeira sessão de votação do impeachment teve “as portas fechadas”.
O advogado de Kuczynski, Alberto Borea, também ofereceu a Mamani o número do telefone do ministro dos Transportes, Bruno Giuffra, para que acertasse com ele como iria receber as obras. Outro congressista ligado a Kenji Fujimori, Bienvenido Ramírez, garantiu a Mamani que “todos ganharam obras” após apoiarem Kuczynski na primeira votação.
À parte as qualidades ou a falta de qualidades de Kuczynski, este tipo de barganha jamais resultaria em renúncia no Brasil. O toma-lá-dá-cá das emendas em troca de votos virou praxe em nosso país, algo corriqueiro ao ponto de os jornais dizerem abertamente que Michel Temer liberou 32 bilhões de reais em emendas para barrar as duas denúncias contra ele na Câmara dos Deputados. Se nem vídeos com malas de dinheiro foram suficientes, gravações mostrando a troca de votos por obras seriam apenas mais do mesmo.
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