segunda-feira, 30 de abril de 2018

Mídia acoberta terroristas do Paraná

Foto: Claudio Kbene
Por Altamiro Borges

Como afirmou ao blog Nocaute o embaixador Celso Amorim, ex-ministro de Relações Exteriores do governo Lula e ex-ministro da Defesa de Dilma Rousseff, o atentado ao acampamento Marisa Letícia, em Curitiba, na madrugada deste sábado (28), foi um ato terrorista. Ele quase resultou na morte do sindicalista Jefferson Menezes, que deixou a UTI somente nesta segunda-feira, e também feriu com estilhados dos tiros a advogada Marcia Koakoski. Em sua nota, o embaixador foi enfático:

“Expresso meu veemente repúdio ao ato terrorista praticado na madrugada deste sábado contra o acampamento, ao mesmo tempo que expresso minha irrestrita solidariedade aos bravos companheiros que continuam, com risco de sua integridade física, a defender a liberdade do Presidente Lula e seu direito de candidatar-se. O fascismo não passará. Vamos dar nome aos bois: disparos com armas de fogo contra populações civis, pacíficas e desarmadas, por motivação política é terrorismo. Não dá pra fingir que não viu”.

Infelizmente, a mídia nativa – que lançou o país no caos político e estimulou a onda de ódio fascista na sociedade – finge não ver a gravidade do episódio. O atentado não virou manchete nos jornalões e nem foi motivo de comentários indignados nas emissoras de tevê. Equipes de reportagem não foram acionadas para investigar os criminosos, que seguem impunes. A TV Globo, que nunca escondeu seu preconceito de classe contra o ex-presidente Lula, evita dar destaque ao assunto e ainda tenta descaracterizar a intenção política do ato terrorista. Trata como se fosse um crime comum.

Logo após o atentado, a advogada Marcia Koakoski relatou os momentos de tensão no acampamento. “Acordei à uma e meia da manhã, com uma frenada brusca de carro. Ouvi gritos de ‘Bolsonaro presidente’, e xingamentos aos vigilantes que estavam ali, nos guardando. Quando os vigilantes dispararam fogos de artifício para afugentar os agressores, um deles teria voltado e dito: ‘vou voltar aqui e vou te matar'. A gente achou que eles tinham ido embora mas, logo depois, começou uma gritaria, com barulhos de fogos e tiros. Eu estava num banheiro químico nessa hora e ouvi as pessoas gritando: ‘tem baleado, tem baleado’. E foi nesse momento que ouvi um estouro e um impacto em meu ombro. Por pouco, por centímetros mesmo, não fui atingida pela bala. Podia estar internada, ou até em uma situação pior”.

Como ela relembra, as provocações têm sido recorrentes no local. Em várias noites, grupos fascistas foram ao acampamento, esbanjando agressividade e gritando o nome do fascista Jair Bolsonaro. “O que me impressiona é que numa situação dessas, onde existe uma zona de conflito, deveria haver ao menos uma guarnição de polícia para que seja garantida a segurança e a ordem dos dois lados”. O governo tucano do Paraná, porém, parece estar torcendo por algo pior. Ele já havia se omitido na Caravana de Lula, que também foi alvo de ataques. Da mesma forma, a mídia venal, com seu silêncio cúmplice, dá proteção aos terroristas. No futuro, ela poderá se arrepender desta omissão. Os fascistas não perdoam nem seus aliados temporários. Como no passado, a próxima vítima poderá ser, inclusive, uma equipe de jornalistas.

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