Por Altamiro Borges
Na semana passada, o IBGE divulgou que a taxa de desemprego subiu de 11,8%, em dezembro, para 13,1% no trimestre encerrado em março. O percentual corresponde a 13,689 milhões de desempregados no país, 1,379 milhão a mais em três meses. A estatística fria, porém, nem sempre revela a real dimensão do drama humano vivido por milhões de trabalhadores. O desempregado é um ser à deriva na família, na vizinhança e no seu cotidiano. A busca diária por uma nova vaga é um inferno traumático.
A revista Época, que apoiou o golpe que depôs Dilma Rousseff e que vendeu a ilusão de que a economia iria se recuperar de forma “instantânea” com a chegada ao poder da quadrilha de Michel Temer, postou no domingo (29) uma matéria – intitulada “Procura por emprego demora quase um ano” – que apresenta algumas experiências concretas e tristes.
Há um ano e quatro meses, André Juvêncio, de 43 anos, espera o dia em que terá a carteira de trabalho assinada de novo. Ele tenta voltar para a indústria de cosméticos, onde atuou por seis anos como coordenador de desenvolvimento de embalagens, e, desde então, passou a engrossar a fila dos brasileiros que deixaram o mercado formal. “A gente sempre acha que não vai ficar desempregado por muito tempo. Aproveitei esse intervalo para fazer intercâmbio e estudar inglês e pensava que o mercado estaria melhor na volta também, mas nada. As vagas que abriram são muito mais disputadas e oferecem um salário menor. Estou fazendo 'bico' de motorista, mas não deixo de mandar currículo”.
Ainda de acordo com a reportagem, “no mês passado, um trabalhador da Grande São Paulo levava, em média, 47 semanas – pouco menos de um ano – procurando qualquer oportunidade de emprego, formal ou informal, segundo pesquisa da fundação Seade, em parceria com o Dieese. Esse é o dobro do tempo que se levava para voltar ao mercado quatro anos antes, em março de 2014, quando a crise ainda não tinha chegado. ‘A vida mudou muito rápido. Tudo parecia bem, a gente estava morando de aluguel, mas já pensando na casa própria. A geladeira, o carro, toda conquista era comemorada’, lembra o operador de empilhadeira William Rosa, 35 anos – há quatro meses procurando trabalho”.
A revista do Grupo Globo não dá o braço a torcer. Ela evita criticar o desastre econômico patrocinado pela quadrilha de Michel Temer-Henrique Meirelles. Mas não consegue esconder os números. “Pela série histórica da pesquisa Seade/Dieese, que começa em 1988, é possível perceber o quanto as idas e vindas do país podem prolongar, e muito, a busca por emprego. A procura registrou um pico, de 57 semanas, no início dos anos 2000” – período do triste reinado de FHC. “Com a economia se aquecendo [nos governos Lula], essa espera saiu de 39 semanas, no final de 2009, e teve quedas constantes até 2012. Pelos três anos seguintes, permaneceu na casa de 20 semanas. Até explodir ao longo de 2017” – no período do golpe dos corruptos apoiado pela famiglia Marinho.
O desempregado, no seu triste cotidiano, sente os efeitos nefastos do golpe no país. Isto ajuda a explicar a alta popularidade do ex-presidente, apesar do bombardeio diário que sofre do Grupo Globo com seus jornais, revista, emissoras de rádio e tevê. Para quem fica um ano a espera por um emprego, Lula gera saudades. Isto também explica o ódio contra o líder petista, que hoje é um preso político em uma solitária no Paraná.
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- Privatização da Petrobras afetará sua vida
Na semana passada, o IBGE divulgou que a taxa de desemprego subiu de 11,8%, em dezembro, para 13,1% no trimestre encerrado em março. O percentual corresponde a 13,689 milhões de desempregados no país, 1,379 milhão a mais em três meses. A estatística fria, porém, nem sempre revela a real dimensão do drama humano vivido por milhões de trabalhadores. O desempregado é um ser à deriva na família, na vizinhança e no seu cotidiano. A busca diária por uma nova vaga é um inferno traumático.
A revista Época, que apoiou o golpe que depôs Dilma Rousseff e que vendeu a ilusão de que a economia iria se recuperar de forma “instantânea” com a chegada ao poder da quadrilha de Michel Temer, postou no domingo (29) uma matéria – intitulada “Procura por emprego demora quase um ano” – que apresenta algumas experiências concretas e tristes.
Há um ano e quatro meses, André Juvêncio, de 43 anos, espera o dia em que terá a carteira de trabalho assinada de novo. Ele tenta voltar para a indústria de cosméticos, onde atuou por seis anos como coordenador de desenvolvimento de embalagens, e, desde então, passou a engrossar a fila dos brasileiros que deixaram o mercado formal. “A gente sempre acha que não vai ficar desempregado por muito tempo. Aproveitei esse intervalo para fazer intercâmbio e estudar inglês e pensava que o mercado estaria melhor na volta também, mas nada. As vagas que abriram são muito mais disputadas e oferecem um salário menor. Estou fazendo 'bico' de motorista, mas não deixo de mandar currículo”.
Ainda de acordo com a reportagem, “no mês passado, um trabalhador da Grande São Paulo levava, em média, 47 semanas – pouco menos de um ano – procurando qualquer oportunidade de emprego, formal ou informal, segundo pesquisa da fundação Seade, em parceria com o Dieese. Esse é o dobro do tempo que se levava para voltar ao mercado quatro anos antes, em março de 2014, quando a crise ainda não tinha chegado. ‘A vida mudou muito rápido. Tudo parecia bem, a gente estava morando de aluguel, mas já pensando na casa própria. A geladeira, o carro, toda conquista era comemorada’, lembra o operador de empilhadeira William Rosa, 35 anos – há quatro meses procurando trabalho”.
A revista do Grupo Globo não dá o braço a torcer. Ela evita criticar o desastre econômico patrocinado pela quadrilha de Michel Temer-Henrique Meirelles. Mas não consegue esconder os números. “Pela série histórica da pesquisa Seade/Dieese, que começa em 1988, é possível perceber o quanto as idas e vindas do país podem prolongar, e muito, a busca por emprego. A procura registrou um pico, de 57 semanas, no início dos anos 2000” – período do triste reinado de FHC. “Com a economia se aquecendo [nos governos Lula], essa espera saiu de 39 semanas, no final de 2009, e teve quedas constantes até 2012. Pelos três anos seguintes, permaneceu na casa de 20 semanas. Até explodir ao longo de 2017” – no período do golpe dos corruptos apoiado pela famiglia Marinho.
O desempregado, no seu triste cotidiano, sente os efeitos nefastos do golpe no país. Isto ajuda a explicar a alta popularidade do ex-presidente, apesar do bombardeio diário que sofre do Grupo Globo com seus jornais, revista, emissoras de rádio e tevê. Para quem fica um ano a espera por um emprego, Lula gera saudades. Isto também explica o ódio contra o líder petista, que hoje é um preso político em uma solitária no Paraná.
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