Por Marcos Coimbra, na revista CartaCapital:
A semana começou mal para os adversários de Lula e do PT. Foram dormir esperançosos no sábado, como as crianças que acham que vão ganhar presentes de Papai Noel na manhã do Natal. Que decepção! Receberam péssimas notícias no dia seguinte, com os números do último Datafolha.
Os antipetistas relacionam-se de maneira curiosa com o Datafolha, a empresa de pesquisas da Folha de S.Paulo. Talvez por saber que o jornal compartilha as suas preferências, sempre imaginam que os resultados de novos levantamentos do instituto serão “bons”, isto é, iguais ao que pensam. Às vezes, no entanto, se desapontam.
A nova pesquisa tem um só resultado relevante, que foi, no entanto, tão diluído pelo tratamento editorial a que foi submetido que quase passou despercebido. Tirando obviedades e insignificâncias, ela mostrou que Lula continua fortíssimo e que a eleição caminha para o desfecho indesejado pela coalização política, empresarial, judicial e midiática que derrubou Dilma Rousseff, perseguiu o ex-presidente e o levou para a cadeia.
Não foi a primeira pesquisa que os frustrou. A rigor, desde outubro de 2016, não houve uma única com resultados que pudessem festejar. Todas foram unânimes ao apontar a liderança do PT e de Lula, preservada mesmo com a caçada e a prisão. Todas a mostrar que os que mais sofreram foram os que quiseram destruí-los, no Judiciário, na imprensa e no empresariado, sem falar nos partidos e lideranças políticas que se apoderaram do governo. Enquanto a imagem de Lula e do PT se recuperou e cresceu, a confiança e a avaliação dessas instituições nunca esteve em nível tão baixo. Quase mais ninguém acredita nelas.
Assim como na divulgação de pesquisas anteriores, também agora a Folha fez o possível para não chamar atenção para o dado relevante. A manchete do domingo foi típica, destacando que a rejeição a Michel Temer “(...) salta para 82%”. Como se houvesse novidade ou interesse na (im)popularidade do personagem.
Tampouco foram surpreendentes os resultados relativos às chances de Lula na eleição. A pesquisa confirmou a larga vantagem que o ex-presidente tem diante de quaisquer candidatos, em primeiro e segundo turnos. Lula permanece como favorito a vencer a eleição, apesar de tudo o que contra ele é dito e feito. Para quem, como o jornal, raciocina com a hipótese de Lula não poder ser candidato, as respostas à pergunta que interessa só foram mostradas nas páginas internas, em texto tortuoso: “Apoio de Lula pode aumentar chances de candidato, segundo Datafolha”.
Por que um título com tanta condicionalidade e cautela? O próprio contratante e dono do instituto estaria colocando em dúvida a pesquisa? Em português claro e respeitando os números do levantamento, o que a pesquisa mostrou foi que 30% dos entrevistados “votariam com certeza” e 17% “poderiam votar” no candidato a presidente indicado por Lula, um total de 47% do eleitorado. Ou seja, que o apoio do ex-presidente quase certamente colocaria um nome no segundo turno da eleição (ou, quem sabe, a depender da performance na campanha, em condições de até vencer em um turno).
Igualmente importante é ver que essa proporção se mantém estável nos últimos meses, apesar da condenação por aqueles juízes de Porto Alegre e da prisão. Segundo o Datafolha, no fim de janeiro, a soma desses contingentes alcançava 44% do eleitorado, com 27% afirmando que “votaria com certeza” no candidato apontado por Lula. Em abril, o total foi a 46%, dos quais 30% dizendo “com certeza”. Agora em junho, chegamos aos 47% que levaram o articulista a dizer que o apoio de Lula “pode aumentar (as) chances...” Difícil falar de um número tão claro de modo tão dissimulado.
Qualquer especulação a respeito de como se sairiam nomes que Lula poderia apoiar é hoje impossível. Seus eleitores querem mesmo é votar nele e só não o farão se forem proibidos. Por enquanto, a única coisa que sabemos é que seu potencial de transferência é muito grande.
O PT, por tudo que se vê e de acordo com a pesquisa, deverá estar no segundo turno da eleição e seu adversário mais provável, como era previsível desde o ano passado, é Jair Bolsonaro. Quem não gostar desse cenário que vá se acostumando. Enquanto isso, pode continuar acendendo velas para que um futuro Datafolha lhe traga boas-novas.
Os antipetistas relacionam-se de maneira curiosa com o Datafolha, a empresa de pesquisas da Folha de S.Paulo. Talvez por saber que o jornal compartilha as suas preferências, sempre imaginam que os resultados de novos levantamentos do instituto serão “bons”, isto é, iguais ao que pensam. Às vezes, no entanto, se desapontam.
A nova pesquisa tem um só resultado relevante, que foi, no entanto, tão diluído pelo tratamento editorial a que foi submetido que quase passou despercebido. Tirando obviedades e insignificâncias, ela mostrou que Lula continua fortíssimo e que a eleição caminha para o desfecho indesejado pela coalização política, empresarial, judicial e midiática que derrubou Dilma Rousseff, perseguiu o ex-presidente e o levou para a cadeia.
Não foi a primeira pesquisa que os frustrou. A rigor, desde outubro de 2016, não houve uma única com resultados que pudessem festejar. Todas foram unânimes ao apontar a liderança do PT e de Lula, preservada mesmo com a caçada e a prisão. Todas a mostrar que os que mais sofreram foram os que quiseram destruí-los, no Judiciário, na imprensa e no empresariado, sem falar nos partidos e lideranças políticas que se apoderaram do governo. Enquanto a imagem de Lula e do PT se recuperou e cresceu, a confiança e a avaliação dessas instituições nunca esteve em nível tão baixo. Quase mais ninguém acredita nelas.
Assim como na divulgação de pesquisas anteriores, também agora a Folha fez o possível para não chamar atenção para o dado relevante. A manchete do domingo foi típica, destacando que a rejeição a Michel Temer “(...) salta para 82%”. Como se houvesse novidade ou interesse na (im)popularidade do personagem.
Tampouco foram surpreendentes os resultados relativos às chances de Lula na eleição. A pesquisa confirmou a larga vantagem que o ex-presidente tem diante de quaisquer candidatos, em primeiro e segundo turnos. Lula permanece como favorito a vencer a eleição, apesar de tudo o que contra ele é dito e feito. Para quem, como o jornal, raciocina com a hipótese de Lula não poder ser candidato, as respostas à pergunta que interessa só foram mostradas nas páginas internas, em texto tortuoso: “Apoio de Lula pode aumentar chances de candidato, segundo Datafolha”.
Por que um título com tanta condicionalidade e cautela? O próprio contratante e dono do instituto estaria colocando em dúvida a pesquisa? Em português claro e respeitando os números do levantamento, o que a pesquisa mostrou foi que 30% dos entrevistados “votariam com certeza” e 17% “poderiam votar” no candidato a presidente indicado por Lula, um total de 47% do eleitorado. Ou seja, que o apoio do ex-presidente quase certamente colocaria um nome no segundo turno da eleição (ou, quem sabe, a depender da performance na campanha, em condições de até vencer em um turno).
Igualmente importante é ver que essa proporção se mantém estável nos últimos meses, apesar da condenação por aqueles juízes de Porto Alegre e da prisão. Segundo o Datafolha, no fim de janeiro, a soma desses contingentes alcançava 44% do eleitorado, com 27% afirmando que “votaria com certeza” no candidato apontado por Lula. Em abril, o total foi a 46%, dos quais 30% dizendo “com certeza”. Agora em junho, chegamos aos 47% que levaram o articulista a dizer que o apoio de Lula “pode aumentar (as) chances...” Difícil falar de um número tão claro de modo tão dissimulado.
Qualquer especulação a respeito de como se sairiam nomes que Lula poderia apoiar é hoje impossível. Seus eleitores querem mesmo é votar nele e só não o farão se forem proibidos. Por enquanto, a única coisa que sabemos é que seu potencial de transferência é muito grande.
O PT, por tudo que se vê e de acordo com a pesquisa, deverá estar no segundo turno da eleição e seu adversário mais provável, como era previsível desde o ano passado, é Jair Bolsonaro. Quem não gostar desse cenário que vá se acostumando. Enquanto isso, pode continuar acendendo velas para que um futuro Datafolha lhe traga boas-novas.
Não vou negar que este artigo do Marcos Coimbra soa como sinfonia nos meus ouvidos. Menos ainda negaria quanto é esclarecedor este e, diria mesmo, todos os outros artigos do mesmo Marcos, são a minha estrela guia.
ResponderExcluirobrigado caríssimo.