sexta-feira, 20 de julho de 2018

O Brasil, a bola e o bode

Por Chicão dos Eletricitários

A copa do mundo de futebol já acabou, mas ainda há sinais da ressaca provocada por ela, vitoriosos comemoram, enquanto que os derrotados buscam justificativas nem sempre plausíveis; a semelhança com os malabarismos midiáticos deste governo oportunista, que busca, mais uma vez, embaralhar a visão política do povo, não é mera coincidência.

As quedas simuladas do nosso principal jogador (?) provocaram piadas ao redor do mundo; já aqui em “terras brasilis” a queda na geração de empregos com carteira assinada não tem nada de simulação, é real, preocupante e nefasta. Uma parcela de economistas, hipnotizados pelo canto do modelo neoliberal projetaram a criação de um milhão de vagas em 2018. Com sorte passaremos de 200 mil vagas, um resultado pífio para um governo que se instalou em promessas de colocar o Brasil nos trilhos.

A grande mídia brasileira, travestida de defensora da liberdade de expressão se comporta como irmã gêmea de uma Justiça seletiva e movida por interesses menores, sejam eles de cunho pessoal ou devotos aos prometidos milagres da economia de mercado livre. Porque não promover uma discussão séria, responsável e questionadora de práticas e políticas excludentes e entreguistas do patrimônio nacional? Porque não colocar a mesma energia gasta na cobertura da copa do mundo de futebol, na defesa de mudanças na governança do país, realmente comprometidas com o bem-estar da população?

Realmente o Brasil é o país da bola, infelizmente além da bola do futebol, temos a bola paga pelos corruptores e aceita pelos corruptos; o nosso país vem se especializando em bolas, de tempos em tempos temos a bola da vez. A bola da vez foi a reforma trabalhista que catapultaria a nossa economia para um patamar superior, na verdade somente os empregos e o poder aquisitivo e os direitos da classe trabalhadora é que foram para o espaço. Depois tivemos a bola da vez da reforma da Previdência que estancaria o significativo déficit e fortaleceria a musculatura da nossa economia; ledo engano, foi criada a figura do super-homem e da mulher maravilha, para aqueles que conseguirem se aposentar, um enorme retrocesso.

A Eletrobrás é a bola da vez do entreguismo praticado por este governo submisso ao capital especulativo, se não fosse o esforço e a resistência dos trabalhadores do setor, estaríamos amargando mais um gol contra, e essa bola já estaria rolando em outros campos que não interessam ao nosso povo.

Podemos citar outras bolas da vez, como o golpe final na combalida saúde pública via privatização do SUS e a MP 844/18 que visa preparar o terreno para a doação do saneamento básico do nosso país. O brasileiro que já assiste de mãos atadas a volta de doenças erradicadas, como o sarampo e a poliomielite, e o crescimento da mortalidade infantil, terá mais um direito aviltado por este governo submisso à economia de mercado, a água deixará de ser um direito, virará mercadoria. Quem lucra com misto? É sempre bom lembrar que água potável é vida, é saúde.

Finalizando, o Brasil está se especializando também na criação de bodes, e não é um tipo qualquer de bode; é o bode expiatório. Foi assim com o elefante branco da ineficiência do estado alardeado no governo Collor, foi e ainda é assim com o risco Lula e, pasmem leitores e leitoras, agora querem justificar o fracasso das medidas econômicas criando o bode expiatório da greve dos caminhoneiros. Isso é que é querer ganhar no grito, a greve que escancarou o descaso governamental foi amplamente apoiada pela população que quer mudanças para valer, não pode ser usada para tapar o sol com a peneira.

Como bons Eletricitários estamos ligados!

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