Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:
O debate de anteontem na TV Bandeirantes, além de enfadonho e morno, serviu para mostrar o quanto esta eleição é esdrúxula.
Suas regras permitiram a caricata participação do cabo Daciolo, que fez até o Bolsonaro parecer menos obtuso.
Ou foi ele que, vendo-se no espelho, acionou o moderador verbal, em sinal de que, quando quer, sabe se conter.
Vendo o cabo Daciolo dizer tanta asneira em nome de Deus, eu me lembrava de Marronzinho, o candidato nanico e tosco que, na primeira eleição direta, em 1989, abalou nossa vaidade com o país que conseguira vencer a ditadura e estava construindo sua democracia.
Depois tivemos o Enéas, o João de Deus e o Eymael em várias eleições. Continuamos os mesmos.
O segundo lugar em parvoíce não ficou para Bolsonaro, que não disse nada de relevante mas também não foi chocante.
Ficou para Álvaro Dias, do Podemos, um senador da República que se pavoneou como “candidato da Lava Jato”.
Não me lembro quantas vezes disse que, se ganhar, Sergio Moro será seu ministro da Justiça.
Não creio que o lavajatismo traga votos. Esta hora já passou.
Performances
Geraldo Alckmin, do PSDB, frustrou o arraial paulista, principalmente no mercado financeiro, com seu desempenho nutritivo-sem-pimenta.
Falou mais que todos os concorrentes, com a ajuda deles mesmos, que o escolheram três vezes como destinatário de perguntas. E com isso, ele pode discursar oito vezes. Interagiu com Marina Silva quatro vezes, numa quase dobradinha que ela estragou questionando sua a aliança com o Centrão.
Ofereceu mais do mesmo que ele sempre foi: mostrou preparo e experiência, apresentou propostas mas tudo numa linguagem monotônica, técnica, cheia de siglas e conceitos que o eleitor médio não alcança. É difícil mudar a linguagem de alguém.
A meu ver, Ciro Gomes teve o desempenho mais adequado.
Mostrou conhecimento dos problemas nacionais – dos que parecem banais, mas são graves para os pobres, como a existência de 60 milhões de pessoas com o crédito interditado, ou o nome sujo, aos mais complexos, como o deficit público – e que tem um projeto para o país.
Não perdeu a estribeira, mas nem lhe deram motivos para isso. A dinâmica do debate o prejudicou.
Ele sumiu da tela por mais de uma hora, entre aquela primeira rodada e a próxima intervenção, para fazer pergunta.
A campanha de Ciro, como a de concorrentes, contratou grupos qualitativos para assistirem e comentarem o debate.
Dois terços dos indecisos, nestes grupos, teriam externado a tendência em votar nele a partir do debate.
Marina Silva foi a mesma de 2010 e 2014, coerentemente rigorosa com uma política que ela gostaria que fosse pura e limpa. Mas ela é como é, aqui e alhures.
Agora ela adquiriu um tom mais severo em relação aos concorrentes, denunciando mais suas falhas e incoerências.
Isso é bom, o eleitor precisa ter um grilo falante na campanha.
Resta saber isso dará a Marina os votos que lhe faltaram nas duas eleições que disputou, ou se continua lhe faltando algo que ela ainda não encontrou para ampliar seu eleitorado.
Henrique Meirelles fez seu primeiro treino mas não pegou ainda o jeito de candidato.
Tratou de vender-se como responsável pelos êxitos do governo Lula, sem dizer o nome do ex-presidente.
E faltou à promessa de que seria o candidato do governo, defenderia Temer e as iniciativas de seu governo.
O único antissistema autêntico ali era Guilherme Boulos, do PSOL.
Só ele protestou contra a ausência de Lula e sua prisão, só ele investiu contra as grandes iniquidades nacionais e nossa estrutura social perversa.
Ainda o veremos em futuras disputas.
Desta vez, sua questão não é ganhar votos, é ocupar o espaço para semear um discurso.
Ainda faltam nove debates. Os participantes serão os mesmos, por força da lei, mas os organizadores podem inovar nos formatos para torná-los mais úteis ao eleitor e menos chatos.
O debate de anteontem na TV Bandeirantes, além de enfadonho e morno, serviu para mostrar o quanto esta eleição é esdrúxula.
Suas regras permitiram a caricata participação do cabo Daciolo, que fez até o Bolsonaro parecer menos obtuso.
Ou foi ele que, vendo-se no espelho, acionou o moderador verbal, em sinal de que, quando quer, sabe se conter.
Vendo o cabo Daciolo dizer tanta asneira em nome de Deus, eu me lembrava de Marronzinho, o candidato nanico e tosco que, na primeira eleição direta, em 1989, abalou nossa vaidade com o país que conseguira vencer a ditadura e estava construindo sua democracia.
Depois tivemos o Enéas, o João de Deus e o Eymael em várias eleições. Continuamos os mesmos.
O segundo lugar em parvoíce não ficou para Bolsonaro, que não disse nada de relevante mas também não foi chocante.
Ficou para Álvaro Dias, do Podemos, um senador da República que se pavoneou como “candidato da Lava Jato”.
Não me lembro quantas vezes disse que, se ganhar, Sergio Moro será seu ministro da Justiça.
Não creio que o lavajatismo traga votos. Esta hora já passou.
Performances
Geraldo Alckmin, do PSDB, frustrou o arraial paulista, principalmente no mercado financeiro, com seu desempenho nutritivo-sem-pimenta.
Falou mais que todos os concorrentes, com a ajuda deles mesmos, que o escolheram três vezes como destinatário de perguntas. E com isso, ele pode discursar oito vezes. Interagiu com Marina Silva quatro vezes, numa quase dobradinha que ela estragou questionando sua a aliança com o Centrão.
Ofereceu mais do mesmo que ele sempre foi: mostrou preparo e experiência, apresentou propostas mas tudo numa linguagem monotônica, técnica, cheia de siglas e conceitos que o eleitor médio não alcança. É difícil mudar a linguagem de alguém.
A meu ver, Ciro Gomes teve o desempenho mais adequado.
Mostrou conhecimento dos problemas nacionais – dos que parecem banais, mas são graves para os pobres, como a existência de 60 milhões de pessoas com o crédito interditado, ou o nome sujo, aos mais complexos, como o deficit público – e que tem um projeto para o país.
Não perdeu a estribeira, mas nem lhe deram motivos para isso. A dinâmica do debate o prejudicou.
Ele sumiu da tela por mais de uma hora, entre aquela primeira rodada e a próxima intervenção, para fazer pergunta.
A campanha de Ciro, como a de concorrentes, contratou grupos qualitativos para assistirem e comentarem o debate.
Dois terços dos indecisos, nestes grupos, teriam externado a tendência em votar nele a partir do debate.
Marina Silva foi a mesma de 2010 e 2014, coerentemente rigorosa com uma política que ela gostaria que fosse pura e limpa. Mas ela é como é, aqui e alhures.
Agora ela adquiriu um tom mais severo em relação aos concorrentes, denunciando mais suas falhas e incoerências.
Isso é bom, o eleitor precisa ter um grilo falante na campanha.
Resta saber isso dará a Marina os votos que lhe faltaram nas duas eleições que disputou, ou se continua lhe faltando algo que ela ainda não encontrou para ampliar seu eleitorado.
Henrique Meirelles fez seu primeiro treino mas não pegou ainda o jeito de candidato.
Tratou de vender-se como responsável pelos êxitos do governo Lula, sem dizer o nome do ex-presidente.
E faltou à promessa de que seria o candidato do governo, defenderia Temer e as iniciativas de seu governo.
O único antissistema autêntico ali era Guilherme Boulos, do PSOL.
Só ele protestou contra a ausência de Lula e sua prisão, só ele investiu contra as grandes iniquidades nacionais e nossa estrutura social perversa.
Ainda o veremos em futuras disputas.
Desta vez, sua questão não é ganhar votos, é ocupar o espaço para semear um discurso.
Ainda faltam nove debates. Os participantes serão os mesmos, por força da lei, mas os organizadores podem inovar nos formatos para torná-los mais úteis ao eleitor e menos chatos.
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