Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:
No primeiro momento haverá choro e ranger de dentes, gente chateada no PT e no PSB.
A militância, hoje, reprova os acordos pragmáticos, mas os dois partidos fizeram o que os outros gostariam de fazer: uma aliança informal, baseada na troca de apoios estaduais, com ganhos bilaterais.
Depois desse acordo, depois da aliança do Centrão com Geraldo Alckmin e do consequente isolamento de Marina, Bolsonaro, Ciro Gomes e demais, crescem as chances do irônico retorno da polarização PT-PSDB no segundo turno.
Aparentemente, o lucro eleitoral do PSB é maior, mas o PT sai da solidão no campo da esquerda e agora tem grande chance de fechar uma coligação formal com o PCdoB, na qual Manuela D’Ávila se tornaria candidata a vice de Lula ou de seu substituto.
No domingo, o PSB decidirá pela neutralidade na disputa presidencial, pois racharia se tivesse que escolher entre o PT e Ciro. Mas as coligações PT-PSB em 11 estados, afora os ganhos regionais, fortalecerão a candidatura presidencial petista, especialmente no Nordeste, onde o lulismo reina.
Ciro Gomes sofre, com esse acordo, uma segunda derrota em sua busca de alianças. Não há mais aliados a disputar nem tempo para repescagem. Seguirá só com o PDT e terá menos de um minuto de tempo de televisão.
Bolsonaro ficou isolado em seu micropartido, e Marina conseguiu apenas a aliança com o PV, que lhe dará o vice.
Preço a pagar
O PT pagará um preço pela decisão de sacrificar a candidatura da pernambucana Marília Arraes para apoiar a reeleição do governador do PSB Paulo Câmara. A militância em Pernambuco está indócil, e o mesmo acontece com a do PSB em Minas. Muito vai se falar e escrever sobre o autoritarismo da direção petista com sua decisão vertical.
Mas, convenhamos, isso sempre foi assim, e não apenas no PT.
No Maranhão, o PT precisou enquadrar a seção estadual para garantir o apoio à família Sarney nas últimas eleições.
No Rio, fez intervenções para garantir alianças com Brizola e com Garotinho. Não é suave, não é doce, mas é o jogo.
Marília Arraes falava, ontem, que sua candidatura promissora foi entregue “a preço de banana”.
A contrapartida de fato não tem o mesmo peso: o ex-prefeito Marcio Lacerda, como candidato a governador de Minas, não pesa na disputa o mesmo que ela pesava na eleição pernambucana, onde ameaçava a reeleição de Câmara.
Mas a política não se faz assim, com balança de precisão. O PT carece de melhorar sua posição em Minas, e não apenas para sobreviver, aumentando as chances de reeleição do governador Fernando Pimentel.
Com Lacerda fora do páreo, concorrendo ou não ao Senado, a disputa ficará, agora, entre o governador e o tucano Antonio Anastasia.
Depois, dificilmente alguém se elege presidente do Brasil sem ganhar no segundo maior colégio eleitoral.
As bases petistas já criticam o acordo com um “partido golpista”, que apoiou o impeachment de Dilma e integrou inicialmente o governo Temer.
Há discurso contra isso: aliado histórico do PT, o PSB seguiu rumo próprio em 2014 ao lançar a candidatura de Eduardo Campos. Naquela fase, recebeu muitas adesões de políticos à sua direita, que depois empurraram o partido para a coalizão do impeachment. Eles deixaram o partido recentemente e o PSB retomou seu lugar no campo da esquerda.
Não se poderá dizer, desta vez, que os petistas trataram mais de receber do que de dar apoio.
O PT apoiará candidatos do PSB em Pernambuco, Amazonas, Sergipe, Amapá, Roraima e Paraíba.
O PSB apoiará candidatos petistas em Minas, Bahia, Ceará e Acre.
Juntos, apoiarão Flávio Dino, do PCdoB, no Maranhão. Se o PSB ganha mais nos estados, com o acordo o PT se reposiciona na disputa, adquirindo novo sentido de agregação. Acredito, inclusive, que se tornou mais provável uma aliança com o PCdoB, que pode ser firmada até o dia 15, embora Manuela D’Ávila tenha sido crismada candidata ontem.
No primeiro momento haverá choro e ranger de dentes, gente chateada no PT e no PSB.
A militância, hoje, reprova os acordos pragmáticos, mas os dois partidos fizeram o que os outros gostariam de fazer: uma aliança informal, baseada na troca de apoios estaduais, com ganhos bilaterais.
Depois desse acordo, depois da aliança do Centrão com Geraldo Alckmin e do consequente isolamento de Marina, Bolsonaro, Ciro Gomes e demais, crescem as chances do irônico retorno da polarização PT-PSDB no segundo turno.
Aparentemente, o lucro eleitoral do PSB é maior, mas o PT sai da solidão no campo da esquerda e agora tem grande chance de fechar uma coligação formal com o PCdoB, na qual Manuela D’Ávila se tornaria candidata a vice de Lula ou de seu substituto.
No domingo, o PSB decidirá pela neutralidade na disputa presidencial, pois racharia se tivesse que escolher entre o PT e Ciro. Mas as coligações PT-PSB em 11 estados, afora os ganhos regionais, fortalecerão a candidatura presidencial petista, especialmente no Nordeste, onde o lulismo reina.
Ciro Gomes sofre, com esse acordo, uma segunda derrota em sua busca de alianças. Não há mais aliados a disputar nem tempo para repescagem. Seguirá só com o PDT e terá menos de um minuto de tempo de televisão.
Bolsonaro ficou isolado em seu micropartido, e Marina conseguiu apenas a aliança com o PV, que lhe dará o vice.
Preço a pagar
O PT pagará um preço pela decisão de sacrificar a candidatura da pernambucana Marília Arraes para apoiar a reeleição do governador do PSB Paulo Câmara. A militância em Pernambuco está indócil, e o mesmo acontece com a do PSB em Minas. Muito vai se falar e escrever sobre o autoritarismo da direção petista com sua decisão vertical.
Mas, convenhamos, isso sempre foi assim, e não apenas no PT.
No Maranhão, o PT precisou enquadrar a seção estadual para garantir o apoio à família Sarney nas últimas eleições.
No Rio, fez intervenções para garantir alianças com Brizola e com Garotinho. Não é suave, não é doce, mas é o jogo.
Marília Arraes falava, ontem, que sua candidatura promissora foi entregue “a preço de banana”.
A contrapartida de fato não tem o mesmo peso: o ex-prefeito Marcio Lacerda, como candidato a governador de Minas, não pesa na disputa o mesmo que ela pesava na eleição pernambucana, onde ameaçava a reeleição de Câmara.
Mas a política não se faz assim, com balança de precisão. O PT carece de melhorar sua posição em Minas, e não apenas para sobreviver, aumentando as chances de reeleição do governador Fernando Pimentel.
Com Lacerda fora do páreo, concorrendo ou não ao Senado, a disputa ficará, agora, entre o governador e o tucano Antonio Anastasia.
Depois, dificilmente alguém se elege presidente do Brasil sem ganhar no segundo maior colégio eleitoral.
As bases petistas já criticam o acordo com um “partido golpista”, que apoiou o impeachment de Dilma e integrou inicialmente o governo Temer.
Há discurso contra isso: aliado histórico do PT, o PSB seguiu rumo próprio em 2014 ao lançar a candidatura de Eduardo Campos. Naquela fase, recebeu muitas adesões de políticos à sua direita, que depois empurraram o partido para a coalizão do impeachment. Eles deixaram o partido recentemente e o PSB retomou seu lugar no campo da esquerda.
Não se poderá dizer, desta vez, que os petistas trataram mais de receber do que de dar apoio.
O PT apoiará candidatos do PSB em Pernambuco, Amazonas, Sergipe, Amapá, Roraima e Paraíba.
O PSB apoiará candidatos petistas em Minas, Bahia, Ceará e Acre.
Juntos, apoiarão Flávio Dino, do PCdoB, no Maranhão. Se o PSB ganha mais nos estados, com o acordo o PT se reposiciona na disputa, adquirindo novo sentido de agregação. Acredito, inclusive, que se tornou mais provável uma aliança com o PCdoB, que pode ser firmada até o dia 15, embora Manuela D’Ávila tenha sido crismada candidata ontem.
Embora a minha opinião não tenha importância e,como indivíduo, nada devo aos governos do PT, posto que minha vida pessoal piorou 1000% de 2003 para cá (o que jamais interferiu na minha dedicação em apoiar as eleições de Lula e Dilma, porque meus parâmetros sempre foram, e são, o que é melhor para o meu povo, não fosse assim não se justificariam as ameaças de morte que conheci aqui em Itajubá, identificado que sou com os governos petistas,em uma cidade com impressionante número de fascistas, bolsonaristas), não tenho mais fôlego para seguir olhando o traseiro dos oportunistas do PT. Para Teresa Cruvinel, o jogo sem princípios dos que hegemonizam a direção do PT é coisa bastante natural, visto que suas regras as conhecemos há muito tempo.Para mim, não dá mais para acatar as regras desse jogo, pois foram essas regras de trapaceiros que, em última análise, pavimentaram o caminho que nos levaram ao Golpe. Se a esquerda, os democratas e os patriotas forem derrotados por causa deste desapego para com os princípios, paciência: a disposição para lutar nas ruas contra os protofascistas representados por Alckimin, ou contra os neofascistas, representados por Bolsonaro, não nos faltará.Os venceremos! Para mim, que costumo ter uma boa intuição política (coisa que nem mesmo eu compreendo, pois prefiro as convicções fundamentadas teoricamente às dos insites do espírito), o Golpe de 2016 representou simultaneamente a volta dos neoliberais e o início histórico de sua derrocada, algo que guarda, não por acaso, relação com a ascensão de Trump, que também sinaliza o desmoronar irreversível de um Império.A direita nunca mais dará outro golpe aqui no Brasil. Mas a derrocada dos neoliberais não se confunde com um regresso triunfal(e eleitoral) do PT ao governo. O regresso virtuoso teria que ser o que representasse uma Frente Ampla, algo que Breno Altman confessa não entender, e um partido eleitoreiro, exclusivista e pequeno burguês, como o PT, não tem condições políticas e ideológicas para nuclear. O PT, os métodos petistas, tiveram as suas chances de verificarem consonância com as demandas da História, e fracassaram do ponto de vista desta senhora. Prova disso foi a emergência do lulismo, sobrepujando-se ao papel de seu partido, retomando o velho e inconsequente caudilhismo latinoamericano, porque sempre se derrotou. Lula se tornou o Peron brasileiro, e isso é profundamente contra-revolucionário, ao fulanizar o protagonismo que somente pode ser exercido por uma classe social em seu conjunto. Desde de 2003, sem uma vida partidária que, como marxista-leninista, sempre tive como essencial, acho que chegou a hora de considerar novas veredas, que persigam o objetivo final a que somente se chegará através da Revolução. Que os petistas se afundem sozinhos no pântano para o qual querem conduzir toda esquerda!Lógico que, se houver um 2°turno entre um candidato da direita e o poste do PT, me esforçarei para eleger o poste.A Frente Ampla, devemos continuar a construí-la, a despeito dos oportunistas. O centro de gravidade da luta pela transformação do Brasil passou da luta institucional para a não institucional, independente dos resultados eleitorais.Creio que esse é o significado do momento histórico que estamos presenciando.
ResponderExcluirTODOS os partidos fazem exatamente o que o PT faz mas só os petistas são maus e inescrupulosos. Bizarro.
ResponderExcluirValeu, Altamiro, pelo espaço que me permitiu tentar opinar, embora fazê-lo em um smartphone tela de 4 me remonta quase que às dificuldades que conheceram os sumérios para fazer registros em placas de barro em sua escrita cuneiforme. Um smartphone comprado com sacrifício de quem se sentia obrigado a pelejar nas redes sociais e reside em uma cidade que se revela, até o momento, bastante hostil em relação à esquerda,e mesmo entre os meus vizinhos, trabalhadores de baixa renda, que moram no conjunto de modestas kitnets onde vivo, a hostilidade contra o PT é manifesta. Coisas de Itajubá, cidade com grande presença de militares do exército (aqui existe uma fábrica de armamento e um batalhão de engenharia), maçonaria atuante e explícita, e ricos ruralistas. Geralmente,constato muitos erros em textos que resultam mal escritos,postados por mim nesse espaço (praticamente o único em que comento). Isso se explica porque é praticamente impossível reler o que digitei três linhas acima. Em outro suporte, daria para parecer pouco mais claro. Por isso, tenho o hábito de excluir no dia seguinte o comentário: uma vez superado o assunto, para que manter escritura tão desajeitada? Porém,chegou-se hoje ao fim da jornada. Aos oportunistas do PT, parabenizo-os: conseguiram o que desejavam. Os métodos que se condenaram operaram a todo vapor.Está correto o "anônimo" que afirma acima que "todos os partidos fazem o mesmo" , ou seja, orientam-se pela ciência política burguesa, pela caricatura do maquiavelismo,pois nada tem a ver com o que recomendou aos príncipes, que consagrou a forma "os fins justificam os meios", e naturalizou comentários como os do "anônimo".De qualquer maneira, não se pode fazer mais nada a partir do dia de hoje. O que poderia ter representado uma grande renovação crítica das forças de esquerda resultou na velha politicagem eleitoreira motivada pelos interesses menores do cretinismo parlamentar, substrato nauseabundo da ideologia política pequeno-burguesa. Será capaz a Frente Estreita, que o PT colocou em lugar de uma ampla, de superar poderosas forças sustentadas pelo capital financeiro, apoiadas pelos mass media, orientadas pela CIA e pelos intelectuais orgânicos de Wall Street, reunindo milhões de votos que recusam o PT, segundo as pesquisas,somados aos milhões de votos fidelizados pelas seitas dos vigaristas pentecostais, e prometidos a Alckmin, aos tradicionais votos da classe média que quase elegeram Aécio em 2014? Mistério!Agora uma lembrança do dia em que lhe conheci: se lembra, Altamiro, do Conclat em Brasilia, no ano de 1984, em que eu era aquele, que,com mais dois outros, saímos em disparada, correndo, na kombi a diesel do Jaime, para datilografar e rodar num mimeógrafo a álcool as orientações do Freitas aos delegados da Corrente Sindical Classista,? Bons tempos aqueles! Mas não voltam mais. Um abraço e até um dia! Pois,para ser sem ciro, alckmin diz respeito, não há mais haddad a fazer, manu. Acho que foi uma tremenda bolssonarisse. Daria cem marinas silvas para saber quem boulos essa estratégia equívoca. Não há a menor possibilidade de acertar o álvaro.
ResponderExcluirO PT perdeu momentos históricos de reformular a sua posição de esquerda, mas principalmente de preparar um programa ou melhor dizendo um projeto político social para o Brasil!
ResponderExcluirOutros paises, principalmente a China, têm claro um projeto de curto e médio prazo buscando as direções e que medidas deveriam ser tomadas neste momento para chegarem onde querem.Temos que fazer o mesmo.
SEM PROJETO DE GOVERNO E DE PAÍS, NÃO HÁ DIREÇÃO A SEGUIR!