Por Eleonora de Lucena e Rodolfo Lucena, no site Tutaméia:
Em abril de 1964 e em abril de 2016, os democratas e as esquerdas subestimaram a força, a inteligência e capacidade de articulação da direita no Brasil e no mundo. É o que analisa o jornalista Emiliano José, que está lançando uma biografia de Waldir Pires, em entrevista ao Tutaméia.
Waldir Pires (1926-2018) foi, com Darcy Ribeiro, o último a deixar o Palácio do Planalto quando do golpe militar de 1964. Ele era consultor geral da República no governo João Goulart e tinha trabalhado na elaboração de leis como a da reforma agrária e a da regulação das remessas de lucros –pontos importantes do histórico discurso de Jango na Central do Brasil (Rio) em 13 de março de 1964.
Depois daquele comício, Waldir, Jango e outros integrantes do governo acharam que tinham matado o golpe, conta Emiliano. Segundo relatos que colheu, não havia a percepção do que estava por vir e era corrente a ideia de que seria possível conter uma ação golpistas por parte de militares.
É com a tensão daqueles dias que Emiliano começa a narrar a história de Waldir Pires, um nacionalista, democrata e de esquerda. Nascido na Bahia, Waldir foi vereador, deputado estadual, deputado federal, governador, ministro – da Defesa, com Lula, e da Previdência, com José Sarney. Transitou por muitos partidos, MDB, PDT, PSDB, PT.
Para ele, nos momentos que antecederam o golpe de 64, “nem o presidente Goulart nem o Waldir sentiram que as forças de direita já estavam prontas para dar o bote com determinação lá dos Estados Unidos. O golpe foi decidido em meados de 1962, na Casa Branca, numa reunião com Kennedy”.
Na conversa, discutimos os paralelos entre os golpes de 64 e 16:
“Waldir é homem de esquerda. Se forma na tradição de Ruy Barbosa, que celebrou a revolução russa. Waldir era um homem do socialismo, mas ele nunca admitiu isso fora da democracia. É um democrata, mas nunca desvinculou a democracia da luta pela igualdade. Não é de uma esquerda marxista clássica, mas namorou com o marxismo o tempo inteiro”, define o jornalista.
Emiliano José, autor de “Lamarca, o Capitão da Guerrilha” (Global, 1980), foi professor de jornalismo e deputado federal pelo PT. Ao Tutaméia, ele fala da perseguição a Lula, da estratégia do PT nessas eleições e declara: “Vivemos num Estado de exceção” [assista aqui].
Em abril de 1964 e em abril de 2016, os democratas e as esquerdas subestimaram a força, a inteligência e capacidade de articulação da direita no Brasil e no mundo. É o que analisa o jornalista Emiliano José, que está lançando uma biografia de Waldir Pires, em entrevista ao Tutaméia.
Waldir Pires (1926-2018) foi, com Darcy Ribeiro, o último a deixar o Palácio do Planalto quando do golpe militar de 1964. Ele era consultor geral da República no governo João Goulart e tinha trabalhado na elaboração de leis como a da reforma agrária e a da regulação das remessas de lucros –pontos importantes do histórico discurso de Jango na Central do Brasil (Rio) em 13 de março de 1964.
Depois daquele comício, Waldir, Jango e outros integrantes do governo acharam que tinham matado o golpe, conta Emiliano. Segundo relatos que colheu, não havia a percepção do que estava por vir e era corrente a ideia de que seria possível conter uma ação golpistas por parte de militares.
É com a tensão daqueles dias que Emiliano começa a narrar a história de Waldir Pires, um nacionalista, democrata e de esquerda. Nascido na Bahia, Waldir foi vereador, deputado estadual, deputado federal, governador, ministro – da Defesa, com Lula, e da Previdência, com José Sarney. Transitou por muitos partidos, MDB, PDT, PSDB, PT.
Foi o sétimo da lista dos cassados no golpe de 1964. Encabeçam a relação, antes dele, Luís Carlos Prestes, João Goulart, Jânio Quadros, Miguel Arraes, Darcy Ribeiro, Raul Ryff. “Waldir era dos ‘perigosos’, dos marcados”, fala Emiliano.
Para ele, nos momentos que antecederam o golpe de 64, “nem o presidente Goulart nem o Waldir sentiram que as forças de direita já estavam prontas para dar o bote com determinação lá dos Estados Unidos. O golpe foi decidido em meados de 1962, na Casa Branca, numa reunião com Kennedy”.
Na conversa, discutimos os paralelos entre os golpes de 64 e 16:
“Subestimamos a direita. Lá como cá surpreendeu. Este golpe é mais atentatório à soberania nacional do que o de 64. É por terra, mar e ar. Estão acabando com todas as empresas, com a Base de Alcântara, estão entregando tudo. O programa nuclear foi para o ralo. É um absoluto desprezo pela soberania. São pelo fim do protagonismo do Brasil na cena mundial”.
A biografia de Waldir Pires, editada pela Versal, tem dois volumes. O primeiro, em lançamento, vai até 1979. Na entrevista ao Tutaméia, Emiliano José trata também de temas do segundo volume: os embates de Waldir com Antônio Carlos Magalhães, a polêmica decisão de deixar o governo da Bahia para ser vice na chapa de Ulysses Guimarães, em 1989, e sua passagem pelo ministério da Defesa no governo Lula.
A biografia de Waldir Pires, editada pela Versal, tem dois volumes. O primeiro, em lançamento, vai até 1979. Na entrevista ao Tutaméia, Emiliano José trata também de temas do segundo volume: os embates de Waldir com Antônio Carlos Magalhães, a polêmica decisão de deixar o governo da Bahia para ser vice na chapa de Ulysses Guimarães, em 1989, e sua passagem pelo ministério da Defesa no governo Lula.
“Waldir é homem de esquerda. Se forma na tradição de Ruy Barbosa, que celebrou a revolução russa. Waldir era um homem do socialismo, mas ele nunca admitiu isso fora da democracia. É um democrata, mas nunca desvinculou a democracia da luta pela igualdade. Não é de uma esquerda marxista clássica, mas namorou com o marxismo o tempo inteiro”, define o jornalista.
Emiliano José, autor de “Lamarca, o Capitão da Guerrilha” (Global, 1980), foi professor de jornalismo e deputado federal pelo PT. Ao Tutaméia, ele fala da perseguição a Lula, da estratégia do PT nessas eleições e declara: “Vivemos num Estado de exceção” [assista aqui].
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