Por René Ruschel, na revista CartaCapital:
Na manhã do último 11 de setembro, o tucano foi preso em sua residência pelo Grupo de Atuação Especial ao Crime Organizado (Gaeco). Arrastou consigo para as grades a mulher e ex-secretária de seu governo, Fernanda; o irmão e também ex-secretário, Pepe. No total, entre secretários de estado, assessores e empresários, a operação “Rádio Patrulha” cumpriu quinze mandados de prisão. O tucano e sua trupe foram salvos, quatro dias depois, pelo ministro Gilmar Mendes. Mas já era tarde demais.
A pesquisa de intenção de votos para o Senado, divulgada nesta quinta-feira 27, mostra o estrago que a corrupção provocou em sua trajetória política. Enquanto o senador Roberto Requião, MDB, se mantêm à frente com 39% das intenções de voto, Richa despencou de 28% para 17%. Ele agora está tecnicamente empatado com Flavio Arns, da Rede (16%), Oriovisto Guimarães, do Podemos (15%) e Alex Canziani, do PTB (14%).
Nestes números podem não estar incluídos os reflexos de outro desastre: na manhã da última quarta-feira 26, último dia que o Ibope saiu às ruas para consultar os eleitores, seu irmão Pepe Richa retornou à prisão. Desta vez, pela operação “Lava Jato”, acusado de corrupção na licitação que favorecia a construtora Odebrecht, em um negócio de R$ 7 bilhões.
Para o Ministério Público Federal, Beto Richa seria um dos beneficiários finais do esquema, embora não seja alvo desta investigação. A salvaguarda do ex-governador deu-se pelo habeas corpus preventivo que ganhou do ministro Gilmar Mendes e a legislação eleitoral que proíbe a prisão de candidatos quinze dias antes do pleito, salvo em caso de flagrante delito.
Envolvido até a medula em acusações de desvio de recursos públicos, Richa é investigado pela Justiça em 8 processos e condenado em Segunda Instância em um deles: as diárias de hotel em Paris, para ele e a esposa, pagas com recursos públicos. Aliás, quando foi preso, a dificuldade inicial era saber por qual das denúncias o tucano teria sido detido.
Dentre elas, a operação “Publicano”, onde fiscais da receita estadual achacavam empresários para abastecer o caixa 2 da campanha eleitoral. A operação “Quadro Negro”, quando mais de R$ 20 milhões foram desviados da construção de escolas para sua campanha à reeleição. Operação “Superagui”, onde a família Richa é acusada de favorecimento em negociações no porto de Paranaguá.
Não bastassem as denúncias, seu governo ficou marcado pelo ataque da Policia Militar aos servidores públicos que protestavam por medidas adotadas para cobrir o rombo nas finanças públicas. Uma batalha campal feriu mais de 200 pessoas. Richa manteve-se omisso e assistiu uma quase chacina sem tomar nenhuma decisão.
Só na Previdência Complementar dos servidores o rombo foi de 4,6 bilhões de reais, comprometendo o futuro de milhares de funcionários públicos. “Esse é o custo da aventura de um governador com uma visão estreita, que hipotecou o futuro para garantir sobra de dinheiro no curto prazo usando a poupança dos servidores”, afirmou Renato Follador, consultor em previdência complementar e ex-diretor da instituição.
Mas a Lei de Murphy pode agravar ainda mais a vida do tucano. O principal envolvido no escândalo da operação “Piloto”, seu ex-chefe de gabinete Deonilson Roldo, pego com a mão na botija, ou melhor, no telefone negociando a tramoia de viva voz, está preso na Policia Federal. O temor é que ele resolva negociar um acordo de delação premiada. Poucos sabem tanto sobre os segredos de gabinete acordados desde os tempos da prefeitura de Curitiba.
O MP estadual, responsável pela operação “Radio Patrulha”, já ofereceu denúncia à Justiça na terça-feira 25. O juiz Fernando Bardelli Silva Fischer, da 13ª Vara Criminal de Curitiba, deu prazo de 15 dias para que os denunciados apresentem suas defesas. Aproveitou para responder aos críticos da prisão do tucano. Para ele, é notória a repercussão social gerada pelo caso em decorrência da gravidade dos fatos imputados.
“Às supostas tentativas de desqualificar este Juízo por meio de declarações públicas, pontuo que na condição de Juiz Criminal, atuando há quatro anos nas Varas Criminais de Curitiba, convivo diariamente com as mazelas geradas pelo encarceramento. Em razão disso, não preciso me reportar a períodos históricos para compreender a responsabilidade da medida, pois observo a história sendo escrita diariamente, de maneira anônima e silenciosa. Que chegue o dia em que a decretação da prisão de ex-governadores não gere maior assombro do que a soma das milhares de prisões decretadas anualmente”, afirmou o magistrado.
Em menos de 10 dias, o destino daquele que já foi considerado uma das referências da renovação tucana, ao lado do colega mineiro Aécio Neves, terá seu destino político julgado pelos eleitores. Em caso de derrota, Richa deixa o poder para sucumbir ao anonimato. Ou troca as colunas sociais e páginas políticas e pelas manchetes policiais.
Em menos de uma semana, o ex-governador do Paraná, Beto Richa, viu sua carreira política se esvair em um mar de lama e corrupção. Acuado por uma série de denúncias, sua candidatura ao Senado derrete.
Na manhã do último 11 de setembro, o tucano foi preso em sua residência pelo Grupo de Atuação Especial ao Crime Organizado (Gaeco). Arrastou consigo para as grades a mulher e ex-secretária de seu governo, Fernanda; o irmão e também ex-secretário, Pepe. No total, entre secretários de estado, assessores e empresários, a operação “Rádio Patrulha” cumpriu quinze mandados de prisão. O tucano e sua trupe foram salvos, quatro dias depois, pelo ministro Gilmar Mendes. Mas já era tarde demais.
A pesquisa de intenção de votos para o Senado, divulgada nesta quinta-feira 27, mostra o estrago que a corrupção provocou em sua trajetória política. Enquanto o senador Roberto Requião, MDB, se mantêm à frente com 39% das intenções de voto, Richa despencou de 28% para 17%. Ele agora está tecnicamente empatado com Flavio Arns, da Rede (16%), Oriovisto Guimarães, do Podemos (15%) e Alex Canziani, do PTB (14%).
Nestes números podem não estar incluídos os reflexos de outro desastre: na manhã da última quarta-feira 26, último dia que o Ibope saiu às ruas para consultar os eleitores, seu irmão Pepe Richa retornou à prisão. Desta vez, pela operação “Lava Jato”, acusado de corrupção na licitação que favorecia a construtora Odebrecht, em um negócio de R$ 7 bilhões.
Para o Ministério Público Federal, Beto Richa seria um dos beneficiários finais do esquema, embora não seja alvo desta investigação. A salvaguarda do ex-governador deu-se pelo habeas corpus preventivo que ganhou do ministro Gilmar Mendes e a legislação eleitoral que proíbe a prisão de candidatos quinze dias antes do pleito, salvo em caso de flagrante delito.
Envolvido até a medula em acusações de desvio de recursos públicos, Richa é investigado pela Justiça em 8 processos e condenado em Segunda Instância em um deles: as diárias de hotel em Paris, para ele e a esposa, pagas com recursos públicos. Aliás, quando foi preso, a dificuldade inicial era saber por qual das denúncias o tucano teria sido detido.
Dentre elas, a operação “Publicano”, onde fiscais da receita estadual achacavam empresários para abastecer o caixa 2 da campanha eleitoral. A operação “Quadro Negro”, quando mais de R$ 20 milhões foram desviados da construção de escolas para sua campanha à reeleição. Operação “Superagui”, onde a família Richa é acusada de favorecimento em negociações no porto de Paranaguá.
Não bastassem as denúncias, seu governo ficou marcado pelo ataque da Policia Militar aos servidores públicos que protestavam por medidas adotadas para cobrir o rombo nas finanças públicas. Uma batalha campal feriu mais de 200 pessoas. Richa manteve-se omisso e assistiu uma quase chacina sem tomar nenhuma decisão.
Só na Previdência Complementar dos servidores o rombo foi de 4,6 bilhões de reais, comprometendo o futuro de milhares de funcionários públicos. “Esse é o custo da aventura de um governador com uma visão estreita, que hipotecou o futuro para garantir sobra de dinheiro no curto prazo usando a poupança dos servidores”, afirmou Renato Follador, consultor em previdência complementar e ex-diretor da instituição.
Mas a Lei de Murphy pode agravar ainda mais a vida do tucano. O principal envolvido no escândalo da operação “Piloto”, seu ex-chefe de gabinete Deonilson Roldo, pego com a mão na botija, ou melhor, no telefone negociando a tramoia de viva voz, está preso na Policia Federal. O temor é que ele resolva negociar um acordo de delação premiada. Poucos sabem tanto sobre os segredos de gabinete acordados desde os tempos da prefeitura de Curitiba.
O MP estadual, responsável pela operação “Radio Patrulha”, já ofereceu denúncia à Justiça na terça-feira 25. O juiz Fernando Bardelli Silva Fischer, da 13ª Vara Criminal de Curitiba, deu prazo de 15 dias para que os denunciados apresentem suas defesas. Aproveitou para responder aos críticos da prisão do tucano. Para ele, é notória a repercussão social gerada pelo caso em decorrência da gravidade dos fatos imputados.
“Às supostas tentativas de desqualificar este Juízo por meio de declarações públicas, pontuo que na condição de Juiz Criminal, atuando há quatro anos nas Varas Criminais de Curitiba, convivo diariamente com as mazelas geradas pelo encarceramento. Em razão disso, não preciso me reportar a períodos históricos para compreender a responsabilidade da medida, pois observo a história sendo escrita diariamente, de maneira anônima e silenciosa. Que chegue o dia em que a decretação da prisão de ex-governadores não gere maior assombro do que a soma das milhares de prisões decretadas anualmente”, afirmou o magistrado.
Em menos de 10 dias, o destino daquele que já foi considerado uma das referências da renovação tucana, ao lado do colega mineiro Aécio Neves, terá seu destino político julgado pelos eleitores. Em caso de derrota, Richa deixa o poder para sucumbir ao anonimato. Ou troca as colunas sociais e páginas políticas e pelas manchetes policiais.
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