Por Pedro Breier, no blog Cafezinho:
O liberalismo é vendido como o modelo econômico que pode salvar os cidadãos das garras do Estado malvadão.
A marota estratégia dos defensores deste modelo é excluir da equação os grandes predadores do mundo, o 1%: multinacionais, bancos, especuladores, milionários e bilionários. Se o Estado for mínimo, como querem os liberais, são estes que se apropriam da renda enquanto a esmagadora maioria da população luta pela sobrevivência enquanto sofre com o desemprego e os baixos salários.
O Estado, na realidade, não é o problema, mas sim a grande força que pode conter o apetite insaciável dos donos do capital e, assim, melhorar as condições de vida da população.
A notícia de que Paulo Guedes, guru econômico de Bolsonaro, pretende instituir uma taxa única de 20% no imposto de renda desmascara as reais intenções por trás do discurso liberal.
O Brasil tem, atualmente, um sistema tributário altamente regressivo: pobres pagam muito imposto e ricos pagam pouco. Isso porque boa parte da carga tributária incide sobre o consumo. Uma pessoa com patrimônio de R$ 1 bilhão paga exatamente o mesmo imposto que uma pessoa que ganha 1 salário mínimo ao fazer as compras do mês no mercado, por exemplo.
A solução óbvia – se quisermos uma sociedade mais justa, é claro – é diminuir os impostos no consumo e criar mais faixas do IR para quem ganha muito mais, além de outras medidas como imposto sobre lucros e dividendos.
Reparem que a última faixa da tabela é para quem ganha acima de R$ 4.664,68. Ou seja, quem ganha menos de R$ 5 mil paga a mesma alíquota que quem recebe R$ 50 mil, R$ 50 milhões ou R$ 50 trilhões.
Ao invés de corrigir essa evidente distorção, a proposta de Paulo Guedes/Bolsonaro é tornar o sistema tributário brasileiro ainda mais injusto: cobrar mais IR dos que ganham muito pouco e cobrar menos dos que ganham mais.
Meus sinceros agradecimentos ao sr. Paulo Guedes, vulgo “Posto Ipiranga” (que coisa mais ridícula), por tirar a máscara de Bolsonaro e demonstrar que, por trás das bravatas e das besteiras como o “kit gay”, há mais do mesmo: defesa dos interesses do 1% e ataque à renda dos trabalhadores.
Creio valer a pena usar a tabela que ilustra este post [aqui] como argumento para tentar reverter alguns votos bolsonaristas.
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