domingo, 18 de novembro de 2018

Merval Pereira culpa os médicos cubanos

Foto: Araquém Alcântara
Por Rafael Duarte, no blog Saiba Mais:

O jornalista Merval Pereira não surpreende. Na coluna deste sábado (17), publicada no jornal O Globo, o funcionário nº 1 da família Marinho culpou o governo cubano pela pane no programa Mais Médicos provocada pela saída de mais de 8 mil cubanos que devem deixar aproximadamente 24 milhões de brasileiros pobres sem atendimento médico em todo o país.

- A crise que pode afetar milhões de brasileiros com a saída imediata dos médicos cubanos deve ser atribuída, em primeiro lugar, ao governo de Cuba, que decidiu usar os carentes brasileiros para retaliar um governo de direita que venceu a eleição presidencial com críticas ao programa e a Cuba”, diz.

Em nenhum momento do texto, porém, Pereira cita as ameaças ou as agressões de Jair Bolsonaro aos médicos cubanos, como as insinuações de que os cubanos que vieram pelo programa não seriam sequer médicos.

A agência Lupa, que checa declarações de personalidades brasileiras na imprensa, já havia detectado que Bolsonaro mentiu quando usou como um dos argumentos para atacar o programa o de que Cuba não permite a vinda de familiares dos médicos para o Brasil. Organização Pan-Americana da Saúde negou essa informação. Ainda assim, Merval Pereira repetiu o mesmo discurso.

Para o colunista de O Globo, a saída para a crise política e social criada por Bolsonaro é mais fácil do que se imagina: basta convocar os brasileiros que ficaram na lista de espera.

- “A solução, porém, é mais fácil do que parece. No lugar dos cerca de 8 mil médicos cubanos que deixarão o país, basta convocar imediatamente os cerca de 8 mil médicos que se candidataram na mais recente seleção para o programa, para apenas 983 vagas oferecidas aos brasileiros”, afirmou.

Quando o programa foi criado no governo Dilma, é importante lembrar, a preferência era dos médicos brasileiros. Os estrangeiros só foram chamados porque os colegas brasileiros não aceitaram o salário nem os destinos, boa parte em cidades pequenas sem estrutura, onde trabalha boa parte dos cubanos que vieram.

Matéria da agência Saiba Mais publicada quinta-feira (15) revelou que, no Rio Grande do Norte, um médico cubano chega a custar menos da metade do que um médico brasileiro para algumas prefeituras do interior do Estado. Leia aqui

Com uma ideia genial como essa, o jornal O Globo corre o risco de perder seu principal colunista.

E Bolsonaro, se continuar esperto, pode ganhar um ministro para a Saúde.

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