Por Ricardo Gebrim, no jornal Brasil de Fato:
O golpe legitimou-se nas urnas. A eleição de Bolsonaro e o resultado das eleições gerais não foram apenas uma derrota eleitoral. Sofremos uma profunda derrota política e o primeiro passo é compreender sua dimensão.
A unidade das classes e frações dominantes que já vinham se unificando em torno das medidas programáticas do golpe consolidou-se em torno de uma candidatura cuja melhor definição é denominá-la neofascista, uma vez que não se enquadra no conceito clássico de fascismo da primeira quadra do século passado.
E, o que é mais preocupante. Saímos de uma situação em que as classes trabalhadoras se encontravam apenas imobilizadas em razão dos violentos ataques sofridos, para uma situação em que parcelas majoritárias do proletariado urbano votaram em Bolsonaro, até mesmo nas grandes cidades do nordeste.
Estamos numa correlação de forças extremamente desfavorável para a luta popular.
Um fundado sentimento de temor e incerteza se espalha nos setores progressistas. Especialmente, quando mesmo após ter sido eleito, prossegue com suas falas de destruir os movimentos sociais, revelando que não se tratava de mera retórica de campanha.
Além das medidas repressivas institucionais que o controle do Poder Executivo e força expressiva no Legislativo possibilitam, existe o cenário de fortalecimento de inúmeros grupos de extrema direita que se multiplicam e se fortalecem, capazes de ações paramilitares repressivas isoladas.
Por ora, não temos elementos que nos permitam prever a duração e viabilidade do governo eleito. É certo que enfrentará intensas contradições sociais e também intencionais. Temos o referencial histórico de como o fascismo clássico as enfrentou, mas isso não responde a complexidade do atual momento histórico.
Governos como o de Erdogan na Turquia, Rodrigo Duterte nas Filipinas e guardadas as proporções, o de Donald Trump nos EUA, mostram que não são meros episódios passageiros.
Evidente que não podemos deixar de lutar e precisamos construir a mais ampla resistência dos setores democráticos para enfrentar um processo cuja duração é imprevisível.
No entanto é fundamental a autopreservação. Não façamos o que o inimigo espera. Não é o momento de voluntarismos que podem colocar em risco uma militância popular que levou anos para se formada. Não devemos nos envolver em campanhas e batalhas que ademais de gerar a possibilidade de destruição, alimentam o discurso repressivo, que acaba de ser legitimado nas urnas, com o voto de parcela significativas das classes trabalhadoras.
O momento atual nos coloca como tarefa central retomar nossa base social no proletariado, o que exigirá um paciente trabalho de revisita às experiências de trabalho de base, simultaneamente travando a constante luta de propaganda.
Saber recuar não é demonstração de medo, nem covardia. É a inteligência dos lutadores populares que sabem preservar suas forças e se preparam para a perspectiva de períodos longos de resistência.
A unidade das classes e frações dominantes que já vinham se unificando em torno das medidas programáticas do golpe consolidou-se em torno de uma candidatura cuja melhor definição é denominá-la neofascista, uma vez que não se enquadra no conceito clássico de fascismo da primeira quadra do século passado.
E, o que é mais preocupante. Saímos de uma situação em que as classes trabalhadoras se encontravam apenas imobilizadas em razão dos violentos ataques sofridos, para uma situação em que parcelas majoritárias do proletariado urbano votaram em Bolsonaro, até mesmo nas grandes cidades do nordeste.
Estamos numa correlação de forças extremamente desfavorável para a luta popular.
Um fundado sentimento de temor e incerteza se espalha nos setores progressistas. Especialmente, quando mesmo após ter sido eleito, prossegue com suas falas de destruir os movimentos sociais, revelando que não se tratava de mera retórica de campanha.
Além das medidas repressivas institucionais que o controle do Poder Executivo e força expressiva no Legislativo possibilitam, existe o cenário de fortalecimento de inúmeros grupos de extrema direita que se multiplicam e se fortalecem, capazes de ações paramilitares repressivas isoladas.
Por ora, não temos elementos que nos permitam prever a duração e viabilidade do governo eleito. É certo que enfrentará intensas contradições sociais e também intencionais. Temos o referencial histórico de como o fascismo clássico as enfrentou, mas isso não responde a complexidade do atual momento histórico.
Governos como o de Erdogan na Turquia, Rodrigo Duterte nas Filipinas e guardadas as proporções, o de Donald Trump nos EUA, mostram que não são meros episódios passageiros.
Evidente que não podemos deixar de lutar e precisamos construir a mais ampla resistência dos setores democráticos para enfrentar um processo cuja duração é imprevisível.
No entanto é fundamental a autopreservação. Não façamos o que o inimigo espera. Não é o momento de voluntarismos que podem colocar em risco uma militância popular que levou anos para se formada. Não devemos nos envolver em campanhas e batalhas que ademais de gerar a possibilidade de destruição, alimentam o discurso repressivo, que acaba de ser legitimado nas urnas, com o voto de parcela significativas das classes trabalhadoras.
O momento atual nos coloca como tarefa central retomar nossa base social no proletariado, o que exigirá um paciente trabalho de revisita às experiências de trabalho de base, simultaneamente travando a constante luta de propaganda.
Saber recuar não é demonstração de medo, nem covardia. É a inteligência dos lutadores populares que sabem preservar suas forças e se preparam para a perspectiva de períodos longos de resistência.
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