Por Vinicius Segalla, na revista CartaCapital:
Walderice Santos da Conceição, 49, compunha a equipe de 14 funcionários do gabinete parlamentar do então deputado federal Jair Bolsonaro até agosto do ano passado. Uma senhora humilde, esposa do caseiro da casa de praia de Jair Bolsonaro no município de Angra dos Reis, no estado do Rio de Janeiro. Nunca nem pisou em Brasília. No horário de expediente na Câmara, dava ponto atrás do balcão da “Wal do Açaí”, sua lojinha de venda do produto.
Primeiro, Bolsonaro disse que Wal era sua consultora na cidade de Angra dos Reis, enviava a seu gabinete as informações sobre as necessidades daquela cidade, para que Jair pudesse propor projetos de lei para ajudar o município.
Mas era mentira, como revelou o jornal Folha de S.Paulo. Descobriu-se que Bolsonaro jamais, em seus quase 30 anos como deputado, jamais criou um só projeto de lei minimamente ligado a Angra dos Reis. Depois, ainda se descobriu que a Wal fazia faxina na casa do Jair, também no horário em que estava empregada lá em Brasília, sendo paga com dinheiro público. Então, ela pediu demissão.
3 – Tercio Arnaud Tomaz – Gabinete de Carlos Bolsonaro
Ao longo de todo o ano de 2018, o vereador Carlos Bolsonaro (PSL-RJ) atestou a presença integral do ex-assessor Tercio Arnaud Tomaz em seu local de trabalho, o gabinete do parlamentar. Salário pago pelo povo carioca: 3.641 reais por mês.
Mas era mentira do Carlos. Conforme mostrou o jornal O Globo, Tomaz era, na realidade, membro da equipe de comunicação e mídias sociais da campanha do então candidato a presidente da República Jair Bolsonaro. E, logo após a eleição, enquanto ainda recebia seus vencimentos às custas do povo do Rio, já passou a se apresentar a jornalistas como assessor de comunicação do Jair. Não fez questão de esconder nada, pelo contrário, passou a divulgar as agendas do presidente eleito, a responder às demandas da imprensa.
Mas o assalto aos cofres públicos cariocas já acabou. Tomaz foi exonerado do cargo, já tem até um novo emprego, conforme publicado no Diário Oficial da União. É agora assessor especial da Presidência da República, nomeado por Jair Messias Bolsonaro, com salário de mais de 13 mil reais por mês.
4 – Wellington Sérvulo Romano da Silva – Gabinete de Flávio Bolsonaro
O Tenente-coronel da Polícia Militar do Rio de Janeiro Wellington Sérvulo Romano da Silva foi contratado pelo então deputado estadual Flávio Bolsonaro na Alerj por um ano e meio: de abril de 2015 a setembro de 2016. Durante todo este período, o contribuinte fluminense pagou fiel e integralmente seus vencimentos mensais, de 5.400 reais, fiando-se no que oficialmente atestava Flávio Bolsonaro, de que se tratava de um profissional assíduo no trabalho.
Ocorre, porém, que em 248 dias deste um ano e meio, o tenente-coronel não foi trabalhar, não estava nem no país, mas sim em Portugal, como informou exibindo provas e documentos o Jornal Nacional.
Se serve de consolo ao pagador de impostos do Rio de Janeiro, Romano da Silva não ficou com a totalidade do dinheiro público que não fez por merecer: ele é um dos funcionários que depositou parte de seus vencimentos na conta de Fabrício Queiroz, aquele outro ex-assessor, que teria contratado milicianos para o gabinete de Flávio, sem que o então deputado soubesse, como ele mesmo (Flávio) já explicou.
5 – Nathalia Queiroz – Gabinete de Jair Bolsonaro
Ao longo do ano de 2018, o gabinete do então deputado federal Jair Bolsonaro atestou oficialmente que a ex-assessora parlamentar Nathalia Queiroz cumpriu religiosamente sua carga horária de trabalho no gabinete do agora presidente da República. Pelos serviços prestados, recebeu o salário mensal de 10 mil reais, pagos pelo contribuinte brasileiro.
Jair Bolsonaro informou à Câmara dos Deputados, segundo mostram documentos exibidos pela CBN, que Nathalia não faltou sequer um dia ao trabalho.
Mas era mentira do agora presidente da República. Durante todo o tempo em que o pagador de impostos brasileiro honrou seu compromisso com a funcionária de Bolsonaro, ela estava, na realidade, trabalhando como personal trainer de celebridades no Rio de Janeiro.
A prova da fraude, quem forneceu, foi a própria Nathalia, em dezenas de fotos e postagens que publicou em suas redes sociais, trabalhando como personal, com seus clientes famosos da televisão.
Nathalia é filha de Fabrício Queiroz, aquele ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro, aquele que depositou 40 mil reais na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Tudo em família.
6 – Renato Antônio Bolsonaro – Gabinete de Antonio Prado
Renato Antônio Bolsonaro, irmão do presidente da República, foi exonerado no dia 7 de abril de 2016 do cargo de assessor especial do deputado estadual André do Prado (PR-SP), após se constatar que ele era funcionário fantasma na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), conforme noticiou o Portal R7.
Bolsonaro era remunerado com um salário de R$ 17 mil mensais, pagos pelo povo paulista, mas trabalhava vendendo móveis na cidade de Miracatu, no interior de São Paulo, enquanto deveria estar na Assembleia. Quando a fraude veio à tona, seu irmão mais famoso falou à imprensa sobre o episódio: “Se meu irmão praticou algum crime, problema dele. Ele que se exploda.”
Ele, não você. Tá ok?
É uma tradição familiar. Contratar funcionários – fazendo uso de verbas públicas – que não aparecem no gabinete parlamentar para cumprir suas funções. Trata-se de uma prática que a família Bolsonaro cultiva há muitos anos. A cada dia que passa, mais um profissional contratado por um Bolsonaro surge nos noticiários, em fantasmagóricas aparições, a assombrar o atual presidente da República.
Chegou-se ao ponto de ser difícil manter a conta de quantos funcionários fantasmas já foram revelados até agora, e em qual dos gabinetes da família cada um foi instalado. Segue, abaixo, uma lista do que se conhece até hoje, dia 25 de janeiro de 2019, data de publicação desta reportagem, sem detrimento dos que eventualmente venham a surgir nos próximos dias, semanas, meses e anos.
Chegou-se ao ponto de ser difícil manter a conta de quantos funcionários fantasmas já foram revelados até agora, e em qual dos gabinetes da família cada um foi instalado. Segue, abaixo, uma lista do que se conhece até hoje, dia 25 de janeiro de 2019, data de publicação desta reportagem, sem detrimento dos que eventualmente venham a surgir nos próximos dias, semanas, meses e anos.
Walderice Santos da Conceição, 49, compunha a equipe de 14 funcionários do gabinete parlamentar do então deputado federal Jair Bolsonaro até agosto do ano passado. Uma senhora humilde, esposa do caseiro da casa de praia de Jair Bolsonaro no município de Angra dos Reis, no estado do Rio de Janeiro. Nunca nem pisou em Brasília. No horário de expediente na Câmara, dava ponto atrás do balcão da “Wal do Açaí”, sua lojinha de venda do produto.
Primeiro, Bolsonaro disse que Wal era sua consultora na cidade de Angra dos Reis, enviava a seu gabinete as informações sobre as necessidades daquela cidade, para que Jair pudesse propor projetos de lei para ajudar o município.
Mas era mentira, como revelou o jornal Folha de S.Paulo. Descobriu-se que Bolsonaro jamais, em seus quase 30 anos como deputado, jamais criou um só projeto de lei minimamente ligado a Angra dos Reis. Depois, ainda se descobriu que a Wal fazia faxina na casa do Jair, também no horário em que estava empregada lá em Brasília, sendo paga com dinheiro público. Então, ela pediu demissão.
2 – Flávio Bolsonaro – Gabinete de Jair Bolsonaro
A BBC informou: “Entre 2000 e 2002, Flávio Bolsonaro, então com 19 anos, acumulou três ocupações em duas cidades diferentes: faculdade presencial diária de Direito e estágio voluntário duas vezes por semana no Rio de Janeiro, e um cargo de 40 horas semanais na Câmara dos Deputados, em Brasília.”
Partindo da hipótese de que o veículo de comunicação que divulgou a notícia, pertencente ao Governo da Grã-Bretanha, não faz parte da imprensa comunista que vive a atacar a família Bolsonaro, apenas uma conclusão é possível: Flávio Bolsonaro foi fantasma de Jair Bolsonaro.
Isso porque, até onde se sabe, Flávio não é onipresente, não poderia ter estado em duas cidades ao mesmo tempo. E, como mostra o órgão de imprensa britânico, são documentos oficiais (declarações do Imposto de Renda, Portal de Transparência da Câmara dos Deputados, Diário Oficial da União e histórico escolar de Flávio) que apontam a presença dupla e simultânea de Flávio Bolsonaro estudanto Direito no Rio e trabalhando com o pai em Brasília.
A BBC informou: “Entre 2000 e 2002, Flávio Bolsonaro, então com 19 anos, acumulou três ocupações em duas cidades diferentes: faculdade presencial diária de Direito e estágio voluntário duas vezes por semana no Rio de Janeiro, e um cargo de 40 horas semanais na Câmara dos Deputados, em Brasília.”
Partindo da hipótese de que o veículo de comunicação que divulgou a notícia, pertencente ao Governo da Grã-Bretanha, não faz parte da imprensa comunista que vive a atacar a família Bolsonaro, apenas uma conclusão é possível: Flávio Bolsonaro foi fantasma de Jair Bolsonaro.
Isso porque, até onde se sabe, Flávio não é onipresente, não poderia ter estado em duas cidades ao mesmo tempo. E, como mostra o órgão de imprensa britânico, são documentos oficiais (declarações do Imposto de Renda, Portal de Transparência da Câmara dos Deputados, Diário Oficial da União e histórico escolar de Flávio) que apontam a presença dupla e simultânea de Flávio Bolsonaro estudanto Direito no Rio e trabalhando com o pai em Brasília.
3 – Tercio Arnaud Tomaz – Gabinete de Carlos Bolsonaro
Ao longo de todo o ano de 2018, o vereador Carlos Bolsonaro (PSL-RJ) atestou a presença integral do ex-assessor Tercio Arnaud Tomaz em seu local de trabalho, o gabinete do parlamentar. Salário pago pelo povo carioca: 3.641 reais por mês.
Mas era mentira do Carlos. Conforme mostrou o jornal O Globo, Tomaz era, na realidade, membro da equipe de comunicação e mídias sociais da campanha do então candidato a presidente da República Jair Bolsonaro. E, logo após a eleição, enquanto ainda recebia seus vencimentos às custas do povo do Rio, já passou a se apresentar a jornalistas como assessor de comunicação do Jair. Não fez questão de esconder nada, pelo contrário, passou a divulgar as agendas do presidente eleito, a responder às demandas da imprensa.
Mas o assalto aos cofres públicos cariocas já acabou. Tomaz foi exonerado do cargo, já tem até um novo emprego, conforme publicado no Diário Oficial da União. É agora assessor especial da Presidência da República, nomeado por Jair Messias Bolsonaro, com salário de mais de 13 mil reais por mês.
4 – Wellington Sérvulo Romano da Silva – Gabinete de Flávio Bolsonaro
O Tenente-coronel da Polícia Militar do Rio de Janeiro Wellington Sérvulo Romano da Silva foi contratado pelo então deputado estadual Flávio Bolsonaro na Alerj por um ano e meio: de abril de 2015 a setembro de 2016. Durante todo este período, o contribuinte fluminense pagou fiel e integralmente seus vencimentos mensais, de 5.400 reais, fiando-se no que oficialmente atestava Flávio Bolsonaro, de que se tratava de um profissional assíduo no trabalho.
Ocorre, porém, que em 248 dias deste um ano e meio, o tenente-coronel não foi trabalhar, não estava nem no país, mas sim em Portugal, como informou exibindo provas e documentos o Jornal Nacional.
Se serve de consolo ao pagador de impostos do Rio de Janeiro, Romano da Silva não ficou com a totalidade do dinheiro público que não fez por merecer: ele é um dos funcionários que depositou parte de seus vencimentos na conta de Fabrício Queiroz, aquele outro ex-assessor, que teria contratado milicianos para o gabinete de Flávio, sem que o então deputado soubesse, como ele mesmo (Flávio) já explicou.
5 – Nathalia Queiroz – Gabinete de Jair Bolsonaro
Ao longo do ano de 2018, o gabinete do então deputado federal Jair Bolsonaro atestou oficialmente que a ex-assessora parlamentar Nathalia Queiroz cumpriu religiosamente sua carga horária de trabalho no gabinete do agora presidente da República. Pelos serviços prestados, recebeu o salário mensal de 10 mil reais, pagos pelo contribuinte brasileiro.
Jair Bolsonaro informou à Câmara dos Deputados, segundo mostram documentos exibidos pela CBN, que Nathalia não faltou sequer um dia ao trabalho.
Mas era mentira do agora presidente da República. Durante todo o tempo em que o pagador de impostos brasileiro honrou seu compromisso com a funcionária de Bolsonaro, ela estava, na realidade, trabalhando como personal trainer de celebridades no Rio de Janeiro.
A prova da fraude, quem forneceu, foi a própria Nathalia, em dezenas de fotos e postagens que publicou em suas redes sociais, trabalhando como personal, com seus clientes famosos da televisão.
Nathalia é filha de Fabrício Queiroz, aquele ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro, aquele que depositou 40 mil reais na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Tudo em família.
6 – Renato Antônio Bolsonaro – Gabinete de Antonio Prado
Renato Antônio Bolsonaro, irmão do presidente da República, foi exonerado no dia 7 de abril de 2016 do cargo de assessor especial do deputado estadual André do Prado (PR-SP), após se constatar que ele era funcionário fantasma na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), conforme noticiou o Portal R7.
Bolsonaro era remunerado com um salário de R$ 17 mil mensais, pagos pelo povo paulista, mas trabalhava vendendo móveis na cidade de Miracatu, no interior de São Paulo, enquanto deveria estar na Assembleia. Quando a fraude veio à tona, seu irmão mais famoso falou à imprensa sobre o episódio: “Se meu irmão praticou algum crime, problema dele. Ele que se exploda.”
Ele, não você. Tá ok?
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