Por Daniel Zen, no site Mídia Ninja:
Infelizmente, o povo ainda não sentiu o mal cheiro, que se disfarça com perfumes e vistosas vestes talares.
Já havia escrito, em outros artigos, publicados aqui mesmo neste portal, a respeito de parte daquilo que o jornalista Luis Nassif esquadrinhou em uma série de reportagens publicadas no site “Jornal GGN”, essa semana.
Com uma riqueza de detalhes da qual eu não dispunha, Nassif descreveu a relação existente entre o ex-Juiz e agora Ministro da Justiça, Sérgio Moro e de sua esposa, Rosângela Wolff de Quadros Moro, com a Família Arns e de como a atuação dos lavajateiros contribuiu para o surgimento de dois “mercados” milionários e exclusivos, a beneficiá-los: o de delações premiadas e o de palestras, ambos decorrentes da Operação Lava Jato.
Sigamos o fio da meada: Rosângela Moro havia trabalhado como Diretora Jurídica na APAE/PR, por indicação do ex-Senador, ex-Vice-Governador e ex-secretário de Educação do Paraná, Flávio Arns, que já havia saído do PT para filiar-se ao PSDB de Beto Richa, muito antes que alguém tivesse notícia do que viria a ser a Lava Jato.
Flávio Arns sempre se envolveu com a causa das pessoas com deficiência. Foi um dos duros combatentes da política de educação inclusiva, que defende a inclusão de alunos com deficiência nas escolas regulares. Em contraposição a tal política, ele defendia o modelo de educação exclusiva em centros especializados, tais como as APAE’s e Pestalozzis. Quando fui secretário de Educação do Acre, cheguei a debater com ele o tema, em uma reunião do Conselho Nacional de Secretários de Estado de Educação, o CONSED. Sempre defendi o modelo misto.
Como prova do vigor de sua defesa da educação de pessoas com deficiência em centros exclusivos, na gestão de Flávio Arns como secretário de Educação do Paraná, segundo Nassif, as APAE’s lá sediadas chegaram a receber R$ 450 milhões em repasses do Governo do Estado. Em princípio, não há nada de errado em o Estado subsidiar, por intermédio de termos de subvenção social ou de convênio, instituições filantrópicas de reconhecida utilidade pública e que desempenham importante função social. Mas, para se ter uma ideia, aqui no Acre, nossa cooperação técnica com as APAE’s se dava na sessão de profissionais da Educação e Saúde, para proceder com o atendimento e demais atividades da instituição. Uma enorme diferença…
Pois bem. Não se sabe exatamente se antes, depois ou concomitantemente ao seu trabalho na APAE, o fato é que Rosângela se tornou sócia de Marlus Arns, sobrinho de Flávio Arns.Também segundo Nassif, ainda na condição de Diretora Jurídica da APAE/PR, Rosângela encaminhava as demandas judiciais de lá decorrentes para o escritório de Marlus.
Esse mesmo escritório de Marlus e Rosângela teria ingressado, recentemente, no milionário filão das delações premiadas, no âmbito da Lava Jato. Foi justamente o escritório de ambos o patrono da defesa de Cláudia Cruz, esposa de Eduardo Cunha.
O resultado do julgamento? Cláudia Cruz foi absolvida por Sérgio Moro.
Apesar da atuação de outros advogados nessa seara, Marlus tem sido o preferido por investigados da Lava Jato, justamente, por manter relações pessoais tanto com aqueles que firmam, quanto com os que homologam os acordos de delação. E é nessa questão onde surge a participação de outra figura chamada Carlos Zucolloto.
O também advogado, sócio de Rosângela, amigo pessoal e padrinho de casamento do casal Moro foi acusado por outro advogado, Rodrigo Tacla Duran, de ter oferecido a este último uma redução de multa de R$ 15 para R$ 5 milhões, em troca de gorda propina.
Zucolloto, a época, seria o homem que negociaria tal “acordo” com Sérgio Moro, seu dileto afilhado, para que Tacla Duran não só tivesse a multa reduzida, como também seu tempo de prisão em uma suposta futura condenação. Vindo a público tais fatos, com robustas provas (prints de conversas por aplicativos de celular), Zucolloto teve de sair de cena, compulsoriamente: no seu lugar, entrou Marlus Arns.
O que há de novidade no artigo de Nassif é que ele revisita tais fatos à luz de dois outros, recém descobertos: a de que executivos da OAS teriam recebido R$ 6 milhões para ajustar delações premiadas no âmbito da Lava Jato, sob orientação de Procuradores da República e do próprio Juiz Sérgio Moro; e a notícia mais bombástica de todas nesses últimos meses: a de que a Força-tarefa da Operação Lava Jato fora agraciada com uma doação de R$ 2,5 bilhões, oriundos da Petrobras, que deverão ser geridos por uma fundação de direito privado, a ser constituída para, supostamente, executar projetos de combate a corrupção e de avaliações periódicas de “compliance” de empresas.
Dentre as ações concretas desses projetos estariam palestras e cursos nababescamente pagos e ministrados, sabem por quem? Justamente, por membros da Força-tarefa da Lava Jato.
Antes que alguém venha de lá e fale que Lula e FHC enriqueceram ministrando palestras após suas saídas da Presidência da República, vejam que há uma diferença abissal: ambos eram contratados e pagos por empresas privadas e já não estavam no exercício de seus cargos eletivos. A “Fundação Lava Jato” vai contratar e pagar, com dinheiro público, membros do Ministério Público Federal e da Justiça Federal em pleno exercício de suas funções para fazer um trabalho pelo qual eles já são remunerados pelo erário.
Afora que uma fundação privada só é constituída a partir de um patrimônio privado. As fundações públicas são constituídas a partir de iniciativa do Poder Executivo, com aprovação de lei complementar pelo Poder Legislativo.
De forma polida, diria que a “Fundação Lava Jato” seria uma excrescência jurídica. Uma aberração. Deixando a educação de lado, trata-se de uma putaria deslavada. Uma sem vergonhice sem limites. Corrupção e lavagem de dinheiro institucionalizadas, livres de qualquer investigação ou controle externo. Ladronagem às escâncaras, nas barbas da PGR, do STF, de todo mundo. É a bandidagem de toga. Como disse o próprio Nassif, tem cheiro de campanha eleitoral para Sérgio Moro.
Já havia escrito, em outros artigos, publicados aqui mesmo neste portal, a respeito de parte daquilo que o jornalista Luis Nassif esquadrinhou em uma série de reportagens publicadas no site “Jornal GGN”, essa semana.
Com uma riqueza de detalhes da qual eu não dispunha, Nassif descreveu a relação existente entre o ex-Juiz e agora Ministro da Justiça, Sérgio Moro e de sua esposa, Rosângela Wolff de Quadros Moro, com a Família Arns e de como a atuação dos lavajateiros contribuiu para o surgimento de dois “mercados” milionários e exclusivos, a beneficiá-los: o de delações premiadas e o de palestras, ambos decorrentes da Operação Lava Jato.
Sigamos o fio da meada: Rosângela Moro havia trabalhado como Diretora Jurídica na APAE/PR, por indicação do ex-Senador, ex-Vice-Governador e ex-secretário de Educação do Paraná, Flávio Arns, que já havia saído do PT para filiar-se ao PSDB de Beto Richa, muito antes que alguém tivesse notícia do que viria a ser a Lava Jato.
Flávio Arns sempre se envolveu com a causa das pessoas com deficiência. Foi um dos duros combatentes da política de educação inclusiva, que defende a inclusão de alunos com deficiência nas escolas regulares. Em contraposição a tal política, ele defendia o modelo de educação exclusiva em centros especializados, tais como as APAE’s e Pestalozzis. Quando fui secretário de Educação do Acre, cheguei a debater com ele o tema, em uma reunião do Conselho Nacional de Secretários de Estado de Educação, o CONSED. Sempre defendi o modelo misto.
Como prova do vigor de sua defesa da educação de pessoas com deficiência em centros exclusivos, na gestão de Flávio Arns como secretário de Educação do Paraná, segundo Nassif, as APAE’s lá sediadas chegaram a receber R$ 450 milhões em repasses do Governo do Estado. Em princípio, não há nada de errado em o Estado subsidiar, por intermédio de termos de subvenção social ou de convênio, instituições filantrópicas de reconhecida utilidade pública e que desempenham importante função social. Mas, para se ter uma ideia, aqui no Acre, nossa cooperação técnica com as APAE’s se dava na sessão de profissionais da Educação e Saúde, para proceder com o atendimento e demais atividades da instituição. Uma enorme diferença…
Pois bem. Não se sabe exatamente se antes, depois ou concomitantemente ao seu trabalho na APAE, o fato é que Rosângela se tornou sócia de Marlus Arns, sobrinho de Flávio Arns.Também segundo Nassif, ainda na condição de Diretora Jurídica da APAE/PR, Rosângela encaminhava as demandas judiciais de lá decorrentes para o escritório de Marlus.
Esse mesmo escritório de Marlus e Rosângela teria ingressado, recentemente, no milionário filão das delações premiadas, no âmbito da Lava Jato. Foi justamente o escritório de ambos o patrono da defesa de Cláudia Cruz, esposa de Eduardo Cunha.
O resultado do julgamento? Cláudia Cruz foi absolvida por Sérgio Moro.
Apesar da atuação de outros advogados nessa seara, Marlus tem sido o preferido por investigados da Lava Jato, justamente, por manter relações pessoais tanto com aqueles que firmam, quanto com os que homologam os acordos de delação. E é nessa questão onde surge a participação de outra figura chamada Carlos Zucolloto.
O também advogado, sócio de Rosângela, amigo pessoal e padrinho de casamento do casal Moro foi acusado por outro advogado, Rodrigo Tacla Duran, de ter oferecido a este último uma redução de multa de R$ 15 para R$ 5 milhões, em troca de gorda propina.
Zucolloto, a época, seria o homem que negociaria tal “acordo” com Sérgio Moro, seu dileto afilhado, para que Tacla Duran não só tivesse a multa reduzida, como também seu tempo de prisão em uma suposta futura condenação. Vindo a público tais fatos, com robustas provas (prints de conversas por aplicativos de celular), Zucolloto teve de sair de cena, compulsoriamente: no seu lugar, entrou Marlus Arns.
O que há de novidade no artigo de Nassif é que ele revisita tais fatos à luz de dois outros, recém descobertos: a de que executivos da OAS teriam recebido R$ 6 milhões para ajustar delações premiadas no âmbito da Lava Jato, sob orientação de Procuradores da República e do próprio Juiz Sérgio Moro; e a notícia mais bombástica de todas nesses últimos meses: a de que a Força-tarefa da Operação Lava Jato fora agraciada com uma doação de R$ 2,5 bilhões, oriundos da Petrobras, que deverão ser geridos por uma fundação de direito privado, a ser constituída para, supostamente, executar projetos de combate a corrupção e de avaliações periódicas de “compliance” de empresas.
Dentre as ações concretas desses projetos estariam palestras e cursos nababescamente pagos e ministrados, sabem por quem? Justamente, por membros da Força-tarefa da Lava Jato.
Antes que alguém venha de lá e fale que Lula e FHC enriqueceram ministrando palestras após suas saídas da Presidência da República, vejam que há uma diferença abissal: ambos eram contratados e pagos por empresas privadas e já não estavam no exercício de seus cargos eletivos. A “Fundação Lava Jato” vai contratar e pagar, com dinheiro público, membros do Ministério Público Federal e da Justiça Federal em pleno exercício de suas funções para fazer um trabalho pelo qual eles já são remunerados pelo erário.
Afora que uma fundação privada só é constituída a partir de um patrimônio privado. As fundações públicas são constituídas a partir de iniciativa do Poder Executivo, com aprovação de lei complementar pelo Poder Legislativo.
De forma polida, diria que a “Fundação Lava Jato” seria uma excrescência jurídica. Uma aberração. Deixando a educação de lado, trata-se de uma putaria deslavada. Uma sem vergonhice sem limites. Corrupção e lavagem de dinheiro institucionalizadas, livres de qualquer investigação ou controle externo. Ladronagem às escâncaras, nas barbas da PGR, do STF, de todo mundo. É a bandidagem de toga. Como disse o próprio Nassif, tem cheiro de campanha eleitoral para Sérgio Moro.
Mau cheiro, contrário de bom, e não mal cheiro, contrário de bem
ResponderExcluirCorreçao
ResponderExcluir