sexta-feira, 19 de abril de 2019

Lula assombra instituições em guerra

Por Bepe Damasco, em seu blog:

Quer dizer, então, que o capitão nazista é a favor da liberdade de expressão? Desde quando?

E o general Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, hein? Subitamente fez um voo sem escala de paranoico anticomunista a democrata, inimigo número 1 da censura.

A doutora Raquel Dodge saiu-se melhor ainda. Descobriu a pólvora. Segundo a chefe do Ministério Público, os ministros Toffoli e Moraes afrontam o estado de direito quando desempenham ao mesmo tempo os papeis de acusadores e juízes. Como assim, vossa excelência? Por acaso Moro e a tal força-tarefa da Lava Jato não fazem há anos justamente isso colocando num balaio só juízes, procuradores e delegados? Essa aberração constitucional só é válida quando a finalidade for caçar Lula e o PT?

Já o ex-comandante do Exército, e atual assessor da GSI, general Villas-Boas, em cujo currículo consta a pressão descabida sobre os ministros do Supremo na véspera da votação do habeas corpus de Lula, resolveu dar azo à sua veia “democrática”, se dizendo escandalizado com o cumprimento de mandado de busca e apreensão na casa do general Paulo Chagas. Indignação seletiva de viés ideológico, pois quando reviraram a casa de Lula o general se calou. E no privado, com certeza, aplaudiu

As Organizações Globo através do noticiário, dos comentários de seus âncoras, e até de editorial do jornal da família Marinho, vêm expressando sua repulsa à censura ordenada pela dupla Toffoli-Moraes à revista Crusoé e ao site O Antagonista. Ora, ora. Nada como um dia após o outro. A Globo recentemente apoiou a censura imposta a Lula no cárcere, por meio da decisão arbitrária do ministro Fux de impedi-lo de conceder entrevistas, desrespeitando inclusive resolução da ONU. A proibição acaba de ser revogada por Toffoli, no fim da tarde desta quinta-feira, 18 de abril. Voltando à Globo e sua falta de autoridade para posar de paladino da liberdade de imprensa, não custa lembrar que seus veículos escondem e manipulam tudo que se choca com os interesses políticos e econômicos da casa.

O compromisso democrático desses personagens e instituições vale tanto quanto o respeito de Bolsonaro aos direitos humanos: nada. O golpe de estado que interrompeu o mandato conquistado nas urnas pela presidenta Dilma, seguido da perseguição e da prisão infame de Lula, têm as impressões digitais de todos eles.

Se é inquestionável que o STF se associou ao golpe fazendo vistas grossas para um processo fraudulento de impeachment sem crime e que os juízes supremos permitiram a prisão de Lula, é importante não perdermos de vista o que está em jogo no cerco ao STF, uma vez que não ha nada que esteja tão ruim que não possa piorar.

Na anarquia institucional a que assistimos, com setores do golpismo se engalfinhando em busca de mais espaço e do aniquilamento de seus adversários, ocupam a mesma trincheira os nazibolsonaristas, os militares, a Lava Jato e os grupos de mídia. Querem emparedar e aterrorizar o Supremo, e por tabela também o STJ, para que os tribunais superiores não se atrevam a votar uma sentença favorável a Lula.

A liberdade de Lula virou motivo de pesadelo para essa gente, um fantasma a assombrá-los dia e noite. Lula livre é uma ameaça real ao poder ilegítimo de que desfrutam. Eles sabem do estrago que o maior líder de massa do país pode provocar quando começar a falar e ter contato com o povo. Em poucos meses, a mudança da conjuntura certamente levará os golpistas à desmoralização.

Esse é o ponto central. Mas a vida dos lavajateiros foi incrivelmente facilitada pela censura absurda praticada por Toffoli e Moraes. Embora a censura tenha sido anulada por Moraes, o ato tresloucado e antidemocrático de vetar uma matéria deu régua e compasso para a ofensiva do que há de mais obscuro na política.

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