Por Felipe Bianchi, no site do Centro de Estudos Barão de Itararé:
Após expressar repúdio às agressões contra Glenn Greenwald, do Intercept Brasil, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) manifestou-se, em nota publicada nesta quarta-feira (17), sobre a crescente onda de intimidação e hostilidade contra jornalistas e comunicadores. Os casos que motivam a nota são os da jornalista Miriam Leitão e do sociólogo Sérgio Abranches, excluídos da programação da Feira do Livro de Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, após enxurrada de ofensas e ameaças nas redes. "A radicalização de grupos político-ideológicos, que se caracterizam, basicamente, pelo desprezo ao conhecimento e pela rejeição à diversidade, representa um retrocesso civilizatório inaceitável para a democracia brasileira", alerta o documento assinado pela ABI.
De acordo com Laurindo Leal Filho, o Lalo, integrante do Conselho Deliberativo da ABI, o Brasil vive um momento delicado de sua história: "Os sinais clássicos do fascismo já eram frequentes nas manifestações públicas de grupos de extrema-direita há algum tempo. Agora, nos últimos dias, eles avançaram para a ação intimidativa. Tentaram, com violência, impedir a fala do jornalista Glenn Greenwald em Paraty (RJ). Não conseguiram mas estimularam, sem dúvida, as ameaças que impediram as participações da jornalista Miriam Leitão e do sociólogo Sergio Abranches numa feira literária em Santa Catarina".
O professor recorda que Santa Catarina e Rio Grande do Sul foram palco, há cerca de dois anos, de ataques à caravana do ex-presidente Lula, "alvejada por pistoleiros fascistas". "O descaso das autoridades naquela ocasião é responsável pelos atos mais recentes. Tragicamente repetiu-se em Paraty o mesmo descaso, estimulando mais violência. Se não for dado um basta imediato nessa escalada, o futuro do país será tenebroso", opina. "Os exemplos da ascensão do nazi-fascismo no século 20 na Europa não podem ser vistos apenas como relatos históricos. Eles são sinais de alerta sobre o que pode estar por vir”
Recuperar o protagonismo na luta pela democracia
As notas publicadas recentemente pela ABI refletem a busca, por parte da centenária entidade, por retomar a sua tradição na luta pela democracia no Brasil. No dia 15 de julho, com a posse de uma nova diretoria presidida por Paulo Jeronimo de Sousa e que conta com nomes como os de Juca Kfouri e Marcelo Auler, a ABI finalmente chegou ao fim de um longo processo eleitoral que, judicializado, precisou de três votações para culminar em uma expressiva vitória da oposição. "Um grupo de jornalistas preocupados com a inércia que a entidade vivia formou chapa para concorrer à eleição e combater a omissão das últimas gestões", conta Lalo. Membro do grupo vencedor e diretor do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, ele explica que o triunfo foi fruto de muita luta para romper com o continuísmo que vinha transformando a ABI em uma entidade quase que "assistencial".
"A bandeira da ABI volta a ser a luta em defesa do jornalismo e do jornalista, mas também da democracia, que corre sério riscos no Brasil", assinala Lalo. "Estamos falando de uma entidade que já esteve no mesmo patamar, em termos de respeitabilidade, que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)". As manifestações recentes da ABI, segundo o professor, apontam para o caminho desse resgate histórico. "Com essas ações, a ABI volta a ser protagonista no debate político, no debate nacional, dos quais esteve alijada nos últimos anos, opina.
Para além dos importantes documentos, as ações da entidade não devem parar por aí. Em agosto, a ABI deve promover um grande ato político no Rio de Janeiro para anunciar a filiação de Glenn Greenwald. Também para o segundo semestre de 2019, a entidade planeja um evento de grande relevância, a ser realizado em São Paulo: um ato público de refiliação de jornalistas históricos que haviam se afastado da entidade e a filiação de diversos jornalistas interessados em participar do processo de retomada da ABI.
Após expressar repúdio às agressões contra Glenn Greenwald, do Intercept Brasil, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) manifestou-se, em nota publicada nesta quarta-feira (17), sobre a crescente onda de intimidação e hostilidade contra jornalistas e comunicadores. Os casos que motivam a nota são os da jornalista Miriam Leitão e do sociólogo Sérgio Abranches, excluídos da programação da Feira do Livro de Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, após enxurrada de ofensas e ameaças nas redes. "A radicalização de grupos político-ideológicos, que se caracterizam, basicamente, pelo desprezo ao conhecimento e pela rejeição à diversidade, representa um retrocesso civilizatório inaceitável para a democracia brasileira", alerta o documento assinado pela ABI.
De acordo com Laurindo Leal Filho, o Lalo, integrante do Conselho Deliberativo da ABI, o Brasil vive um momento delicado de sua história: "Os sinais clássicos do fascismo já eram frequentes nas manifestações públicas de grupos de extrema-direita há algum tempo. Agora, nos últimos dias, eles avançaram para a ação intimidativa. Tentaram, com violência, impedir a fala do jornalista Glenn Greenwald em Paraty (RJ). Não conseguiram mas estimularam, sem dúvida, as ameaças que impediram as participações da jornalista Miriam Leitão e do sociólogo Sergio Abranches numa feira literária em Santa Catarina".
O professor recorda que Santa Catarina e Rio Grande do Sul foram palco, há cerca de dois anos, de ataques à caravana do ex-presidente Lula, "alvejada por pistoleiros fascistas". "O descaso das autoridades naquela ocasião é responsável pelos atos mais recentes. Tragicamente repetiu-se em Paraty o mesmo descaso, estimulando mais violência. Se não for dado um basta imediato nessa escalada, o futuro do país será tenebroso", opina. "Os exemplos da ascensão do nazi-fascismo no século 20 na Europa não podem ser vistos apenas como relatos históricos. Eles são sinais de alerta sobre o que pode estar por vir”
Recuperar o protagonismo na luta pela democracia
As notas publicadas recentemente pela ABI refletem a busca, por parte da centenária entidade, por retomar a sua tradição na luta pela democracia no Brasil. No dia 15 de julho, com a posse de uma nova diretoria presidida por Paulo Jeronimo de Sousa e que conta com nomes como os de Juca Kfouri e Marcelo Auler, a ABI finalmente chegou ao fim de um longo processo eleitoral que, judicializado, precisou de três votações para culminar em uma expressiva vitória da oposição. "Um grupo de jornalistas preocupados com a inércia que a entidade vivia formou chapa para concorrer à eleição e combater a omissão das últimas gestões", conta Lalo. Membro do grupo vencedor e diretor do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, ele explica que o triunfo foi fruto de muita luta para romper com o continuísmo que vinha transformando a ABI em uma entidade quase que "assistencial".
"A bandeira da ABI volta a ser a luta em defesa do jornalismo e do jornalista, mas também da democracia, que corre sério riscos no Brasil", assinala Lalo. "Estamos falando de uma entidade que já esteve no mesmo patamar, em termos de respeitabilidade, que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)". As manifestações recentes da ABI, segundo o professor, apontam para o caminho desse resgate histórico. "Com essas ações, a ABI volta a ser protagonista no debate político, no debate nacional, dos quais esteve alijada nos últimos anos, opina.
Para além dos importantes documentos, as ações da entidade não devem parar por aí. Em agosto, a ABI deve promover um grande ato político no Rio de Janeiro para anunciar a filiação de Glenn Greenwald. Também para o segundo semestre de 2019, a entidade planeja um evento de grande relevância, a ser realizado em São Paulo: um ato público de refiliação de jornalistas históricos que haviam se afastado da entidade e a filiação de diversos jornalistas interessados em participar do processo de retomada da ABI.
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