O jornalista Glenn Greenwald, editor do Intercept Brasil, participou na noite dessa sexta-feira,12/7, da Flipei (Feira Literária Pirata das Editoras Independentes), casa parceira da Flip, em Parati (RJ).
Foi um dos debatedores da mesa ‘Os Desafios do Jornalismo em Tempos de Lava Jato’.
Um grupo de bolsonaristas se concentrou nos arredores, prometendo impedir Greenwald de falar sobre a VazaJato e o ex-juiz e agora ministro de Bolsonaro Sergio Moro.
“Paraty não será um antro comunista”, diziam.
‘O que ele faz não é jornalismo’, afirmou a advogada Adriana Balthazar, 50, líder do movimento Vem Pra Rua, que convocou os protestos.
Segundo o UOL, bolsonaristas reuniram cerca de 30 pessoas enquanto o debate do qual Greenwald participou tinha aproximadamente 1.000.
As intimidações antes e durante não funcionaram.
Greenwald não só chegou à Flipei como também falou, apesar da selvageria dos defensores do ex-juiz Sergio Moro.
Além eles terem tocado , em volume muito alto, uma versão em funk do Hino Nacional, lançaram rojões em direção ao público.
“Não temos medo, e vamos defender o Brasil”, disse o editor do Intercept. “Qualquer poderoso pode ser derrotado quando nós nos unimos para defender a verdade e nossos direitos. O material do @TheInterceptBr está só começando”.
Foi um dos debatedores da mesa ‘Os Desafios do Jornalismo em Tempos de Lava Jato’.
Um grupo de bolsonaristas se concentrou nos arredores, prometendo impedir Greenwald de falar sobre a VazaJato e o ex-juiz e agora ministro de Bolsonaro Sergio Moro.
“Paraty não será um antro comunista”, diziam.
‘O que ele faz não é jornalismo’, afirmou a advogada Adriana Balthazar, 50, líder do movimento Vem Pra Rua, que convocou os protestos.
Segundo o UOL, bolsonaristas reuniram cerca de 30 pessoas enquanto o debate do qual Greenwald participou tinha aproximadamente 1.000.
As intimidações antes e durante não funcionaram.
Greenwald não só chegou à Flipei como também falou, apesar da selvageria dos defensores do ex-juiz Sergio Moro.
Além eles terem tocado , em volume muito alto, uma versão em funk do Hino Nacional, lançaram rojões em direção ao público.
“Não temos medo, e vamos defender o Brasil”, disse o editor do Intercept. “Qualquer poderoso pode ser derrotado quando nós nos unimos para defender a verdade e nossos direitos. O material do @TheInterceptBr está só começando”.
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‘A máscara de Sergio Moro caiu para sempre’, diz Glenn Greenwald em debate na Flip
O editor participou de mesa ‘Os Desafios do Jornalismo em Tempos de Lava Jato’ da Flipei
Por Marcella Franco, PARATY (RJ)
O clima era de Fla Flu, com torcidas opostas, mas também podia ser comparado de certo modo com o Réveillon de Copacabana.
Aglomerados na beira do rio, vários visitantes da Flipei (Feira Literária Pirata das Editoras Independentes), casa parceira da Flip, assistiam aos fogos lançados do outro lado da margem por manifestantes contrários à presença do jornalista americano Glenn Greenwald. Só que, em vez de aplaudir, os espectadores vaiavam.
Greenwald foi saudado com ares de herói por uma multidão nesta sexta-feira (12), ao som de uma versão hardcore de “Bella Ciao”.
Greenwald chegou de lancha ao barco no qual participaria de um debate na programação da Flipei, casa parceira da Flip, por volta das 19h. Eram também convidados do evento o humorista Gregório Duvivier, o sociólogo Sergio Amadeu e o escritor Alceu Castilho.
“Não precisa ter medo do governo. A máscara de Sergio Moro caiu para sempre”, disse Glenn Greenwald, sob aplausos, logo no começo da mesa “Os Desafios do Jornalismo em Tempos de Lava Jato”, com a voz encoberta por uma versão remixada do hino nacional tocada pelos protestantes.
Mesmo diante da pressão, Greenwald avisou que não pretende sair do Brasil.
“Sou casado com um brasileiro que eu amo mais do que tudo. Nós temos dois filhos brasileiros que adotamos. Somos uma família completa, cheia de amor e felicidade, como todos podem ser, inclusive os jovens LGBT neste país. Posso sair do país a qualquer momento, só que eu não estou fazendo isso, nem vou fazer. Porque 15 anos atrás eu me apaixonei pelo Brasil”, disse.
O jornalista mencionou, também, uma frase que seu marido, o deputado David Miranda, teria dito antes de assumir o mandato. “Ele disse: ‘não vou me esconder, vou concorrer à casa onde os milicianos que mataram Marielle Franco trabalham’. Isso é coragem.”
“A próxima vítima do Moro vai ser o Glenn”, interrompeu um manifestante.
Além das provocações, o grupo contrário à presença de Greenwald também lançou fogos de artifício em direção ao barco da Flipei. “Se eles estão apontando rojão pra gente, a polícia do outro lado está deixando”, opinou a socióloga Sabrina Fernandes, que atuava como mediadora.
Greenwald aproveitou a ocasião para revelar em que pé estão os trabalhos de apuração do The Intercept Brasil a respeito das mensagens trocadas pelo ministro da Justiça Sergio Moro com integrantes da Lava Jato, enquanto ainda era juiz.
“Estamos muito mais perto do começo do que do final. Temos muito mais para revelar. Quando perceberam a importância do material, todos os jornalistas do Brasil nos procuraram querendo trabalhar com a gente como parceiros. Todos, menos um: a Globo. Para os jornalistas da Globo, é um crime fazer jornalismo”, avalia o americano.
“Jornalismo é oposição, o resto é armazém de secos e molhados, como já dizia Millôr Fernandes”, completou Alceu Castilho.
“As pessoas do outro lado do rio querem desinformar. Eles são quem usa o WhatsApp. A rede não distribui só democracia, ela distribui mentiras. Ela concentra o poder, mas pode permitir que a gente trave a nossa batalha. Não podemos mais ficar acomodados. Temos que fazer da informação a nossa principal aliada”, disse Sergio Amadeu.
Ao ser questiondo por Fernandes, a mediadora, sobre a indicação de Alexandre de Moraes para o STF, Gregório Duvivier definiu o ministro como “Voldemort do Supremo”, em referência ao vilão das histórias de Harry Potter.
“Ele é a pior herança que o Temer poderia ter deixado. E, gente, o povo do STF tem medo do povo ali de trás”, disse, apontando para os manifestantes na outra margem do rio.
“Quem tem medo de quem faz coreografia, gente? Se tem algo que não se pode dizer é que o PT aparelhou a justiça. Ele indicou ministros péssimos para o STF. A Dilma sofreu um golpe e saiu. Ela podia ter conclamado o povo às ruas. Ela foi à ONU quando estava rolando o golpe e falou de mudança climática”, opinou Duvivier.
Depois de um período sem manifestações do grupo oposto, Greenwald brincou: “É bom ver que eles ainda estão vivos e animados”.
Em seguida, falou mais sobre Sérgio Moro. “Todos nós sabemos que esse juiz tirou o candidato que a maioria dos brasileiros disse que queria como presidente. Eles o condenaram porque pensam que seus gestos são todos justificados, que estão acima da lei. E ele não só fez isso como também foi responsável, em 2016, pelo impeachment da Dilma Roussef. E ele só conseguiu fazer isso porque ninguém o estava investigando.”
O espaço da Flipei, que abriga um barco ancorado e um ônibus antigo, sobre o qual acontecem shows todas as noites, estava lotado. A estimativa dos organizadores do evento é que 3.000 pessoas compareceram ao debate.
Sob aplausos constantes, Greenwald se declarou novamente durante suas considerações finais. “Só com fascistas e racistas o Bolsonaro conseguiu ter 15% dos votos. O país pelo qual me apaixonei não é isso. Ele é feito de pessoas diferentes”, disse. “Só a democracia pode unir esse país.”
“A gente não é anti porra nenhuma, a gente é pró uma sociedade justa e democrática”, arrematou, ovacionado, Duvivier.
Colaborou Naief Haddad
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