Por Tainá de Paula, no site Mídia Ninja:
Há um projeto de genocídio em curso e não há forma de se minimizar isso. Em plena luz do dia, o governador eleito Wilson Witzel promove uma cena cinematográfica, pousando de helicóptero para presenciar e festejar a execução sumária de um sequestrador desarmado e rendido, em plena luz do dia.
Em países onde a vida das pessoas não é considerada como coisa de menor importância, uma polícia antissequestro estaria sem dúvida na dianteira da discussão sobre executar ou não um sequestrador à luz do dia, na frente de 31 trabalhadores que foram feitos reféns. Não há como mensurar o trauma vivido por essas pessoas.
Não bastasse o show de arbitrariedade no festejo da morte em plena ponte Rio Niterói e na condução do que se concretizou no assassinato a sangue frio, Witzel permite uma série de operações durante essa madrugada em inúmeras favelas do Rio. Turano, Macacos, Providência, Manguinhos, dentre outras e de forma violenta e digna de mais uma denúncia nas cortes internacionais, Witzel permite que granadas sejam jogadas de helicóptero na Cidade de Deus.
De forma arbitrária, o governador carrega em sua gestão 881 assassinatos cometidos contra suspeitos, em incursões policiais questionáveis do ponto de vista da estratégia, método e funcionalidade. Dessas 881 mortes nem contam as mortes de “balas perdidas”, como a que matou o jovem Gabriel Alves de 18 anos, estudante, numa incursão da polícia no Morro do Borel dias atrás.
O fato é que todos esses assassinatos não aconteceram em territórios de milícia. Mas por que eu falo isso? Por que fazer essa distinção? Bem, além do assassinato de suspeitos ser um crime grave que rompe tratados internacionais, é importante dizer que cerca de 70% das notificações do Disque Denúncia do Estado se referem às milícias. Que mais de 60% do território da Região Metropolitana, incluindo a capital do Rio de Janeiro são tomadas por milícia e nesses territórios também se vendem armas, drogas e se pratica toda sorte de negociação ilegal (contrabando, gás, fornecimento de luz, etc).
Nesse sentido, resta indagar algumas questões: por que não enfrentarmos hoje o maior problema do Rio de Janeiro que se chama milícia? Por que insistir em uma estratégia que apenas amplia território para esses grupos, que já dominam concretamente a cidade?
O governo do Rio de Janeiro está assumindo um “brilhante papel”: diminuindo os territórios do comando vermelho e de outras facções, pulverizando o tráfico para os arredores, diminuindo roubos e furtos da capital e deslocando roubos e furtos pra Região Metropolitana, aumentando a letalidade por armas institucionais, implementando a barbárie.
Até termos todas as armas do Estado rastreadas e localizadas, não vamos ter uma política de combate ao tráfico séria. Até termos batalhões sem controle de munição (porque hoje o que opera é a lógica do “uma caixa pro batalhão e outra pro crime”), teremos uma segurança de fachada.
Por que até o presente momento não observarmos intervenção de inteligência de todas as polícias nos presídios de segurança máxima do Estado? Por que não tivemos quebra de sigilo nos celulares, com ampla publicidade dos nomes dos parlamentares envolvidos no tráfico e logística de droga no Estado? Por que o governador em exercício reintegrou os irmãos sabidamente milicianos Christiano Gaspar Fernandes e Giovanni Gaspar Fernandes, então exonerados pelo ex-chefe se Segurança Pública Luiz Beltrame? Afinal, quem se mostra amigo de bandidos? Nós, os defensores da prática legal, letra da lei e direitos fundamentais ou o exibicionista governador reintegrador de bandido miliciano?
O governador distribui corpos para acalmar a sanha genocida do fluminense e garantir votos em cima do desespero da população.
Para nós, formuladores de uma sociedade democrática e equilibrada, nos resta denunciar arbitrariedades como as de hoje e trazer à luz nossos pactos civilizatórios profundos.
É preciso entender que a crise civilizatória brasileira com a recente ode ao mal, assassinatos e barbárie deve ser vista como passageira, para que possamos construir, em tempo oportuno, um novo caminho para esta nação dominada por práticas não apenas fascistas e eurocêntricas, mas cheia de memórias dos porões dos navios negreiros, dos porões das senzalas e das celas das ditaduras.
Até quando o brasileiro vai banalizar o chicote para alguns e aplaudir o chicoteador Senhor do Novo Engenho? Ou respondemos essa pergunta ou é a barbárie.
Em países onde a vida das pessoas não é considerada como coisa de menor importância, uma polícia antissequestro estaria sem dúvida na dianteira da discussão sobre executar ou não um sequestrador à luz do dia, na frente de 31 trabalhadores que foram feitos reféns. Não há como mensurar o trauma vivido por essas pessoas.
Não bastasse o show de arbitrariedade no festejo da morte em plena ponte Rio Niterói e na condução do que se concretizou no assassinato a sangue frio, Witzel permite uma série de operações durante essa madrugada em inúmeras favelas do Rio. Turano, Macacos, Providência, Manguinhos, dentre outras e de forma violenta e digna de mais uma denúncia nas cortes internacionais, Witzel permite que granadas sejam jogadas de helicóptero na Cidade de Deus.
De forma arbitrária, o governador carrega em sua gestão 881 assassinatos cometidos contra suspeitos, em incursões policiais questionáveis do ponto de vista da estratégia, método e funcionalidade. Dessas 881 mortes nem contam as mortes de “balas perdidas”, como a que matou o jovem Gabriel Alves de 18 anos, estudante, numa incursão da polícia no Morro do Borel dias atrás.
O fato é que todos esses assassinatos não aconteceram em territórios de milícia. Mas por que eu falo isso? Por que fazer essa distinção? Bem, além do assassinato de suspeitos ser um crime grave que rompe tratados internacionais, é importante dizer que cerca de 70% das notificações do Disque Denúncia do Estado se referem às milícias. Que mais de 60% do território da Região Metropolitana, incluindo a capital do Rio de Janeiro são tomadas por milícia e nesses territórios também se vendem armas, drogas e se pratica toda sorte de negociação ilegal (contrabando, gás, fornecimento de luz, etc).
Nesse sentido, resta indagar algumas questões: por que não enfrentarmos hoje o maior problema do Rio de Janeiro que se chama milícia? Por que insistir em uma estratégia que apenas amplia território para esses grupos, que já dominam concretamente a cidade?
O governo do Rio de Janeiro está assumindo um “brilhante papel”: diminuindo os territórios do comando vermelho e de outras facções, pulverizando o tráfico para os arredores, diminuindo roubos e furtos da capital e deslocando roubos e furtos pra Região Metropolitana, aumentando a letalidade por armas institucionais, implementando a barbárie.
Até termos todas as armas do Estado rastreadas e localizadas, não vamos ter uma política de combate ao tráfico séria. Até termos batalhões sem controle de munição (porque hoje o que opera é a lógica do “uma caixa pro batalhão e outra pro crime”), teremos uma segurança de fachada.
Por que até o presente momento não observarmos intervenção de inteligência de todas as polícias nos presídios de segurança máxima do Estado? Por que não tivemos quebra de sigilo nos celulares, com ampla publicidade dos nomes dos parlamentares envolvidos no tráfico e logística de droga no Estado? Por que o governador em exercício reintegrou os irmãos sabidamente milicianos Christiano Gaspar Fernandes e Giovanni Gaspar Fernandes, então exonerados pelo ex-chefe se Segurança Pública Luiz Beltrame? Afinal, quem se mostra amigo de bandidos? Nós, os defensores da prática legal, letra da lei e direitos fundamentais ou o exibicionista governador reintegrador de bandido miliciano?
O governador distribui corpos para acalmar a sanha genocida do fluminense e garantir votos em cima do desespero da população.
Para nós, formuladores de uma sociedade democrática e equilibrada, nos resta denunciar arbitrariedades como as de hoje e trazer à luz nossos pactos civilizatórios profundos.
É preciso entender que a crise civilizatória brasileira com a recente ode ao mal, assassinatos e barbárie deve ser vista como passageira, para que possamos construir, em tempo oportuno, um novo caminho para esta nação dominada por práticas não apenas fascistas e eurocêntricas, mas cheia de memórias dos porões dos navios negreiros, dos porões das senzalas e das celas das ditaduras.
Até quando o brasileiro vai banalizar o chicote para alguns e aplaudir o chicoteador Senhor do Novo Engenho? Ou respondemos essa pergunta ou é a barbárie.
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