Por Eric Nepomuceno
O Chile continua em chamas, o Equador continua sendo palco de tensas negociações, a Bolívia enfrenta um novo golpe de Estado e a ameaça palpável de uma tragédia de proporções incalculáveis.
O presidente Evo Morales e seu vice, Álvaro García Linera, saíram escorraçados pelas milícias racistas e brutais, e ainda tiveram que suportar a humilhação de serem forçados a ficar ao léu enquanto o avião do governo mexicano enviado para resgatá-los ouvia sucessivas recusas de entrar no espaço aéreo colombiano e peruano.
E o que fez o Brasil de Jair Bolsonaro e Ernesto Araújo, seu ministro de Aberrações Exteriores? Aplaudiu o golpe.
No dia da inauguração do encontro de cúpula dos BRICS, reunindo os mandatários de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, um grupo de tresloucados encabeçados por Tomas Silva invadiu a embaixada da Venezuela em Brasília.
Primeira reação do clã presidencial: o filho deputado Eduardo aplaude o ato que viola todas as regras básicas da diplomacia.
Quem é Tomas Silva? Um fulano que foi nomeado ‘conselheiro’.
E nomeado por quem? Por um poço ambulante de arrogância que atende pelo nome de María Tereza Belandria. E quem é a referida senhora? A ‘embaixadora no Brasil’ nomeada por uma farsa chamada Juan Guaidó, que por sua vez se autonomeou ‘presidente da Venezuela em exercício’.
Depois da reação inicial de um dos filhos hidrófobos do presidente brasileiro, houve uma veloz recuada.
O Gabinete de Segurança Institucional, o GSI do furibundo general Augusto Heleno, emitiu uma nota oficial criticando a invasão da embaixada promovida por seguidores de Guaidó. Logo depois, Bolsonaro entrou nas redes sociais para também criticar a invasão, mas aí o nome de Guaidó já não aparecia.
A razão desse sumiço tem explicação: afinal, tanto ele como sua ‘embaixadora’ foram oficialmente reconhecidos pelo governo de Bolsonaro.
Ou seja: indiretamente, ao admitir que aconteceu o que de verdade aconteceu – seguidores de Guaidó invadiram a representação diplomática –, o governo brasileiro endossou (e depois voltou atrás) uma violação de regras e normas internacionais, conforme a ONU se apressou a denunciar.
Muito mais do que comprovar pela enésima vez que não tem sequer vestígio de noção do ridículo e do grotesco, o governo de Bolsonaro não tem a mais mínima noção de até que ponto expõe o Brasil a vexames internacionais que podem ter severas consequências para o país.
Agora ficou mais do que claro que Bolsonaro tirou o Brasil do mapa da América Latina.
Agora mesmo, na mais que perigosa situação vivida por Evo Morales e García Linera, duas figuras se destacaram na busca de solução: o presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador e o presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández.
E o Brasil? Cadê a liderança natural tão duramente alcançada?
Vamos lá: é verdade que Dilma Rousseff, principalmente em seu segundo e malogrado mandato, não foi especialmente ativa nas relações externas brasileiras.
E também é verdade que com o governo do cleptômano Michel Temer o Brasil passou a ser no cenário internacional a remota sombra do que tinha sido em tempos de Fernando Henrique Cardoso e, acima de tudo, de Lula da Silva.
Foi Lula e o Itamaraty de seus dois mandatos que inseriam o país no contexto internacional em um grau nunca antes alcançado.
Mesmo com o rotundamente desprezado Temer, o Itamaraty continuou sendo um corpo diplomático de altíssimo nível, e tratou de manter o máximo possível do espaço que havia sido conquistado e consolidado.
Graças a esse esforço de profissionais de alto nível, o país não sumiu do mapa do mundo.
Apenas foi relegado.
Pois bem: esses são tempos mortos e incinerados, e as cinzas acabam de se espalhar de vez.
Nunca, desde a volta dos civis ao poder, o Brasil não havia tido peso algum nas crises que sacudiram países vizinhos.
Ou melhor, teve e sim, tem, peso: o peso da covardia e da vergonha.
As urnas brasileiras de 2018 pariram um Pinochet desmiolado. Os dez meses desse patético Pinochet de quinta categoria chamado Bolsonaro na presidência expeliram o Brasil do mapa.
Depois de décadas em que alianças regionais foram estimuladas ou encabeçadas pelos governos brasileiros, lideranças – López Obrador e Alberto Fernández – atuam sozinhos como interlocutores para unir esforços e evitar tragédias.
O quadro agora é o contrário: Bolsonaro e companhia não fazem mais que incentivar, direta ou indiretamente, tragédias.
O Chile continua em chamas, o Equador continua sendo palco de tensas negociações, a Bolívia enfrenta um novo golpe de Estado e a ameaça palpável de uma tragédia de proporções incalculáveis.
O presidente Evo Morales e seu vice, Álvaro García Linera, saíram escorraçados pelas milícias racistas e brutais, e ainda tiveram que suportar a humilhação de serem forçados a ficar ao léu enquanto o avião do governo mexicano enviado para resgatá-los ouvia sucessivas recusas de entrar no espaço aéreo colombiano e peruano.
E o que fez o Brasil de Jair Bolsonaro e Ernesto Araújo, seu ministro de Aberrações Exteriores? Aplaudiu o golpe.
No dia da inauguração do encontro de cúpula dos BRICS, reunindo os mandatários de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, um grupo de tresloucados encabeçados por Tomas Silva invadiu a embaixada da Venezuela em Brasília.
Primeira reação do clã presidencial: o filho deputado Eduardo aplaude o ato que viola todas as regras básicas da diplomacia.
Quem é Tomas Silva? Um fulano que foi nomeado ‘conselheiro’.
E nomeado por quem? Por um poço ambulante de arrogância que atende pelo nome de María Tereza Belandria. E quem é a referida senhora? A ‘embaixadora no Brasil’ nomeada por uma farsa chamada Juan Guaidó, que por sua vez se autonomeou ‘presidente da Venezuela em exercício’.
Depois da reação inicial de um dos filhos hidrófobos do presidente brasileiro, houve uma veloz recuada.
O Gabinete de Segurança Institucional, o GSI do furibundo general Augusto Heleno, emitiu uma nota oficial criticando a invasão da embaixada promovida por seguidores de Guaidó. Logo depois, Bolsonaro entrou nas redes sociais para também criticar a invasão, mas aí o nome de Guaidó já não aparecia.
A razão desse sumiço tem explicação: afinal, tanto ele como sua ‘embaixadora’ foram oficialmente reconhecidos pelo governo de Bolsonaro.
Ou seja: indiretamente, ao admitir que aconteceu o que de verdade aconteceu – seguidores de Guaidó invadiram a representação diplomática –, o governo brasileiro endossou (e depois voltou atrás) uma violação de regras e normas internacionais, conforme a ONU se apressou a denunciar.
Muito mais do que comprovar pela enésima vez que não tem sequer vestígio de noção do ridículo e do grotesco, o governo de Bolsonaro não tem a mais mínima noção de até que ponto expõe o Brasil a vexames internacionais que podem ter severas consequências para o país.
Agora ficou mais do que claro que Bolsonaro tirou o Brasil do mapa da América Latina.
Agora mesmo, na mais que perigosa situação vivida por Evo Morales e García Linera, duas figuras se destacaram na busca de solução: o presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador e o presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández.
E o Brasil? Cadê a liderança natural tão duramente alcançada?
Vamos lá: é verdade que Dilma Rousseff, principalmente em seu segundo e malogrado mandato, não foi especialmente ativa nas relações externas brasileiras.
E também é verdade que com o governo do cleptômano Michel Temer o Brasil passou a ser no cenário internacional a remota sombra do que tinha sido em tempos de Fernando Henrique Cardoso e, acima de tudo, de Lula da Silva.
Foi Lula e o Itamaraty de seus dois mandatos que inseriam o país no contexto internacional em um grau nunca antes alcançado.
Mesmo com o rotundamente desprezado Temer, o Itamaraty continuou sendo um corpo diplomático de altíssimo nível, e tratou de manter o máximo possível do espaço que havia sido conquistado e consolidado.
Graças a esse esforço de profissionais de alto nível, o país não sumiu do mapa do mundo.
Apenas foi relegado.
Pois bem: esses são tempos mortos e incinerados, e as cinzas acabam de se espalhar de vez.
Nunca, desde a volta dos civis ao poder, o Brasil não havia tido peso algum nas crises que sacudiram países vizinhos.
Ou melhor, teve e sim, tem, peso: o peso da covardia e da vergonha.
As urnas brasileiras de 2018 pariram um Pinochet desmiolado. Os dez meses desse patético Pinochet de quinta categoria chamado Bolsonaro na presidência expeliram o Brasil do mapa.
Depois de décadas em que alianças regionais foram estimuladas ou encabeçadas pelos governos brasileiros, lideranças – López Obrador e Alberto Fernández – atuam sozinhos como interlocutores para unir esforços e evitar tragédias.
O quadro agora é o contrário: Bolsonaro e companhia não fazem mais que incentivar, direta ou indiretamente, tragédias.
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