sexta-feira, 15 de maio de 2020

A segunda onda de terror patronal

Reprodução Youtube
Por João Guilherme Vargas Netto

O movimento sindical encontra-se apertado entre duas tenazes: a batalha pelo isolamento social e até pelo lockdown e a luta para garantir empregos, salários e direitos dos trabalhadores em uma situação de grave depressão econômica.

Nos principais setores de atividades produtivas houve com o agravamento da pandemia uma primeira onda de pressão empresarial amparada pelas MPs 927 e 936, a última de 1º de abril.

Esta foi uma onda pesada contra o emprego e contra o salário e produziu, segundo informações do ministério da Economia (já que não existe ministério do Trabalho) mais de 7 milhões de acordos individuais de redução de jornada e de salário exigidos pelo patronato, bem como férias, licenciamento e suspensões temporárias de trabalho.

Já o Dieese contabilizou 700 mil trabalhadores abrangidos por acordos coletivos negociados com os sindicatos em termos melhores dos que os da massa individualizada.

Ambos os números são aproximativos, para mais ou para menos, devido à precariedade tumultuada das informações, apesar da excelência provada do trabalho do Dieese.

Durante todo este período houve uma forte pressão do empresariado lumpen (atiçado pelo presidente da República) pela abertura das empresas e retomada do trabalho contrariando o isolamento social e as normas sanitárias. A choradeira dos patrões virou vingança contra os trabalhadores com a desculpa de que “a economia não pode parar”, enquanto engoliam em seco a falta de crédito e a dificuldade em obterem os auxílios emergenciais arrancados ao governo.

Com a retomada parcial ou total do funcionamento das empresas em vários Estados está em curso uma segunda onda de pressão empresarial que se exerce ao mesmo tempo em que o Congresso Nacional deve votar as MPs 927 e 936 e em que os sindicatos lutam para garantir protocolos sanitários convenientes à retomada.

Esta pressão se agravará porque se constatou que os acordos de redução anteriores não deram conta da magnitude da crise produtiva e da derrubada da economia.

O movimento sindical baseado na experiência adquirida quando enfrentou a primeira onda, em especial o antológico 1º de Maio virtual, deve se preparar para tempos duros nesta segunda onda, com tentativa de revisão para pior dos acordos anteriores e de transformação do emergencial em permanente, com maior desorganização das relações de trabalho e um renovado empenho de enfraquecer os sindicatos e negar o seu papel. Haja problema!

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