Por Carlos Pompe
O presidente Jair Bolsonaro admitiu, nesta terça-feira, 7, que a Educação brasileira não está dando certo. Ele confessou, também, que as pessoas rejeitam o convite ao ver a situação do Ministério da Educação (MEC). “Muitas pessoas querem ser ministros para colaborar com o futuro do Brasil, mas quando vê o tamanho do problema, a gente em comum acordo diz que fica difícil trabalhar dessa maneira. Ninguém quer chegar lá dando murro em ponta de faca, mas a realidade que nós devemos ter em nossas cabeças sobre a questão da educação é que não está dando certo”, disse.
Gestões inglórias
Desde o início do atual governo, o MEC já teve três ministros. O primeiro foi por Ricardo Vélez Rodriguez, que ficou dois meses e meio no cargo. Anunciou que mudaria os livros didáticos para revisar a maneira como tratam a ditadura militar e o golpe de 1964; demitiu o secretário-executivo da Pasta e o presidente do Inep, dentre outras exonerações. Pediu a escolas que filmassem alunos cantando Hino Nacional e enviassem o vídeo ao MEC. Colombiano naturalizado brasileiro, disse que os nascidos neste país parecem um "canibal" quando viajam ao exterior. Defendia que a universidade não era para todos. Ficou sabendo de sua dispensa quando Bolsonaro a anunciou numa rede social.
Seu substituto, Abraham Weintraub, ficou pouco mais de 14 meses à frente do MEC. Atacou as universidades, a China, os ministros do Supremo Tribunal Federal e sofreu derrotas no Congresso. Seus projetos acabaram não sendo implementados. Ao estilo do presidente, usou as redes sociais para alvejar a imprensa, o PT, a esquerda e até o presidente da França, Emmanuel Macron. Suas postagens lhe valeram apurações no Conselho de Ética da Presidência, processos judiciais e idas ao Congresso para se explicar. Congressistas chegaram a ingressar com pedido de impeachment contra ele. Fora do cargo, valeu-se do apoio presidencial e do esquema governamental para refugiar-se nos Estados Unidos, fugindo dos processos judiciais que enfrenta no Brasil.
O mais recente nomeado, o professor e militar reformado Carlos Alberto Decotelli, ficou menos de uma semana no cargo, após ser revelado que seu currículo estudantil era mentiroso.
Marcha tresloucada
Apesar dessa trajetória administrativa do MEC em sua gestão, Bolsonaro responsabilizou o educador Paulo Freire, falecido em 1997, pela situação. Único autor brasileiro entre os 100 mais citados no Google Scholar, ferramenta de pesquisa para literatura acadêmica em inglês, Freire é referência mundial em educação. No início dos anos 1960, desenvolveu um método de alfabetização de adultos em Angicos, interior do Rio Grande do Norte. Em 1964, pouco depois do golpe militar, após ser preso, decidiu exilar-se na Bolívia. Viveu no Chile, Estados Unidos, Genebra. Retornou ao Brasil em 1980. De 1989 a 1991 foi secretário municipal de Educação de São Paulo, na gestão de Luiza Erundina (então, PT). Recebeu o título de Doutor Honoris Causa em quase 40 universidades de vários países, como Inglaterra, Bélgica e Estados Unidos. Em 2012 o Congresso Nacional o declarou patrono da educação brasileira.
Jair Bolsonaro considera de esquerda a obra de Paulo Freire e pretende que seu legado seja "expurgado" da educação brasileira, daí a acusação ao educador. Fiel ao chefe, quando era ministro, Weintraub ameaçou retirar um mural de Paulo Freire que fica em frente a sede do MEC, em Brasília, vituperando em rede social que o patrono da educação brasileira "representa o fracasso da educação esquerdista (FHC+PT)”.
No dia 16 de dezembro de 2019, Bolsonaro, falando aos seus apoiadores às portas do Palácio da Alvorada, mencionou Paulo Freire o designando de “energúmeno”. Antes de ser eleito presidente, ele já detratava o educador. Dirigindo-se a empresários que apoiavam sua candidatura, disse que era preciso “entrar com um lança-chamas no MEC e tirar o Paulo Freire de lá”.
Enquanto Bolsonaro persiste em sua cruzada contra o educador, o Brasil beira os 20 dias sem ministro da Educação. E, na mais grave crise sanitária em um século, há mais de 50 dias sem ministro da Saúde.
Cabe ao Ministério da Educação ser o indutor de uma política pública que prestigie a missão de ensinar. Mas, como já apontou a Contee em várias publicações e resoluções, para que o país trilhe o caminho do desenvolvimento econômico, com inclusão social, e democrático é necessário o fim deste governo. Daí a adoção da palavra de ordem – Fora, Bolsonaro!
O presidente Jair Bolsonaro admitiu, nesta terça-feira, 7, que a Educação brasileira não está dando certo. Ele confessou, também, que as pessoas rejeitam o convite ao ver a situação do Ministério da Educação (MEC). “Muitas pessoas querem ser ministros para colaborar com o futuro do Brasil, mas quando vê o tamanho do problema, a gente em comum acordo diz que fica difícil trabalhar dessa maneira. Ninguém quer chegar lá dando murro em ponta de faca, mas a realidade que nós devemos ter em nossas cabeças sobre a questão da educação é que não está dando certo”, disse.
Gestões inglórias
Desde o início do atual governo, o MEC já teve três ministros. O primeiro foi por Ricardo Vélez Rodriguez, que ficou dois meses e meio no cargo. Anunciou que mudaria os livros didáticos para revisar a maneira como tratam a ditadura militar e o golpe de 1964; demitiu o secretário-executivo da Pasta e o presidente do Inep, dentre outras exonerações. Pediu a escolas que filmassem alunos cantando Hino Nacional e enviassem o vídeo ao MEC. Colombiano naturalizado brasileiro, disse que os nascidos neste país parecem um "canibal" quando viajam ao exterior. Defendia que a universidade não era para todos. Ficou sabendo de sua dispensa quando Bolsonaro a anunciou numa rede social.
Seu substituto, Abraham Weintraub, ficou pouco mais de 14 meses à frente do MEC. Atacou as universidades, a China, os ministros do Supremo Tribunal Federal e sofreu derrotas no Congresso. Seus projetos acabaram não sendo implementados. Ao estilo do presidente, usou as redes sociais para alvejar a imprensa, o PT, a esquerda e até o presidente da França, Emmanuel Macron. Suas postagens lhe valeram apurações no Conselho de Ética da Presidência, processos judiciais e idas ao Congresso para se explicar. Congressistas chegaram a ingressar com pedido de impeachment contra ele. Fora do cargo, valeu-se do apoio presidencial e do esquema governamental para refugiar-se nos Estados Unidos, fugindo dos processos judiciais que enfrenta no Brasil.
O mais recente nomeado, o professor e militar reformado Carlos Alberto Decotelli, ficou menos de uma semana no cargo, após ser revelado que seu currículo estudantil era mentiroso.
Marcha tresloucada
Apesar dessa trajetória administrativa do MEC em sua gestão, Bolsonaro responsabilizou o educador Paulo Freire, falecido em 1997, pela situação. Único autor brasileiro entre os 100 mais citados no Google Scholar, ferramenta de pesquisa para literatura acadêmica em inglês, Freire é referência mundial em educação. No início dos anos 1960, desenvolveu um método de alfabetização de adultos em Angicos, interior do Rio Grande do Norte. Em 1964, pouco depois do golpe militar, após ser preso, decidiu exilar-se na Bolívia. Viveu no Chile, Estados Unidos, Genebra. Retornou ao Brasil em 1980. De 1989 a 1991 foi secretário municipal de Educação de São Paulo, na gestão de Luiza Erundina (então, PT). Recebeu o título de Doutor Honoris Causa em quase 40 universidades de vários países, como Inglaterra, Bélgica e Estados Unidos. Em 2012 o Congresso Nacional o declarou patrono da educação brasileira.
Jair Bolsonaro considera de esquerda a obra de Paulo Freire e pretende que seu legado seja "expurgado" da educação brasileira, daí a acusação ao educador. Fiel ao chefe, quando era ministro, Weintraub ameaçou retirar um mural de Paulo Freire que fica em frente a sede do MEC, em Brasília, vituperando em rede social que o patrono da educação brasileira "representa o fracasso da educação esquerdista (FHC+PT)”.
No dia 16 de dezembro de 2019, Bolsonaro, falando aos seus apoiadores às portas do Palácio da Alvorada, mencionou Paulo Freire o designando de “energúmeno”. Antes de ser eleito presidente, ele já detratava o educador. Dirigindo-se a empresários que apoiavam sua candidatura, disse que era preciso “entrar com um lança-chamas no MEC e tirar o Paulo Freire de lá”.
Enquanto Bolsonaro persiste em sua cruzada contra o educador, o Brasil beira os 20 dias sem ministro da Educação. E, na mais grave crise sanitária em um século, há mais de 50 dias sem ministro da Saúde.
Cabe ao Ministério da Educação ser o indutor de uma política pública que prestigie a missão de ensinar. Mas, como já apontou a Contee em várias publicações e resoluções, para que o país trilhe o caminho do desenvolvimento econômico, com inclusão social, e democrático é necessário o fim deste governo. Daí a adoção da palavra de ordem – Fora, Bolsonaro!
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